Nada de havaianas

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RIO DE JANEIRO – O horrendo halo, que foi testado neste ano como uma alternativa para melhorar a segurança dos carros de Fórmula 1 e que mais parecia uma tira de sandália havaiana (igual às que eu uso ou que vocês, leitores, também usam para descansar seus pés) felizmente foi descartado para 2017. E, honestamente, melhor notícia não poderia haver para a próxima temporada além da mudança de regulamento que traz pneus e carros mais largos.

Não sou favorável inclusive ao uso de artefatos de cobertura dos cockpits. Manifesto-me refratário porque aí monoposto vira protótipo e, muito embora as rodas continuem descobertas, o cockpit não seria. E ficaria muito esquisito, embora a questão da segurança esteja sempre em primeiro lugar.

Espero que o Grupo Estratégico da Fórmula 1, que andava mais perdido que cego em tiroteio – mesmo dando alguns tirinhos certeiros – sugira alternativas mais viáveis e bem menos estranhas em termos estéticos. Até o Aeroscreen que a Red Bull testou era, na minha opinião, mais simpático. Mas a maioria foi absolutamente refratária e a solução foi igualmente descartada.

E por falar em decisões do Grupo Estratégico, além da rejeição à tira de havaianas, outras duas deram o que falar e eu gostei: o fim dessa lengalenga de limite de pista delimitado pela FIA (Afinal, é corrida de carros ou de ratos? Não querem ultrapassagens? Dentro da premissa atual da entidade comandada por Jean Todt, René Arnoux e Gilles Villeneuve sairiam presos depois do que fizeram em Dijon-Prénois em 1979…) foi mais uma decisão acertada.

E a outra, acabar com a censura de comunicações via rádio.

É aquela coisa: ou se escancara o negócio de vez ou não tem mais porra nenhuma de rádio pro Google Translator (ou Michaelis, como queiram) traduzir, já que as transmissões da categoria estão lotadas de sobe sons de comunicações de rádio que por vezes a gente sequer entende. A polêmica chegou ao ponto de mudar o resultado de uma corrida e, quem sabe, o próprio campeonato.

Depois não podem reclamar porque o público telespectador prefere assistir outras categorias. A Fórmula 1 ainda é um grande campeonato e continuará sendo. Mas precisa se reinventar, como sempre digo, de dentro pra fora. E não o contrário.

 

Comentários

  • Acho que preservar o desenho dos fórmulas em detrimento à segurança não faz sentido. Não consigo entender porque não se pode colocar uma proteção do cockpit só porque descaracteriza um monoposto. A Fórmula 1 já deixou de ser agradável de assistir a muito tempo. Vi alguns desenhos de carros de fórmula 1 todo fechado e digo que ficou muito bonito. Assisto algumas vezes sempre que posso a indy e vejo as proteções que existem nas rodas traseiras e acho muito interessante esta forma, porque não existe uma evolução nas outras categorias ainda não entendo. Preconiza-se uma tradição em detrimento da melhora da proteção e até mesmo do que nos chama atenção, a competitividade dos pilotos, como existe na nascar, stock car e na própria indy.

    Alessandro.

  • Será que , de repente , tomando essas decisões , não seja um indício de que o WEC começa à incomodar? Seria bom se fosse isso , tipo , o Porsche no vácuo da Mercedes e fazendo uma ultrapassagem sem o auxílio da asa-móvel.

    Um abraço!!!

  • Se a F-1 me adota aquelas “havaianas”, mata o design dos carros!!! Há outras maneiras de dar mais segurança ao piloto… Para as corridas de fórmulas (F-1, Indy) o cockpit tem que ser aberto. Deixa o cockpit fechado para as corridas de endurance, que caem melhor nos carros que disputam esse tipo de corrida.
    E finalmente, esse povo da FIA larga mão dessas bobagens de regular conversa de rádio entre piloto e equipe… Mas ainda capengam em botar a F-1 como um espetáculo bom de ser ver e curtir, seja pela TV ou in loco. Essa turma precisa fazer um estágio lá com a turma da Nascar, por exemplo. Mas se não quiserem cruzar o Atlântico, então mirem o que fazem a WEC e a F-E pra valorizarem a competição deles e a interação com os fãs… A F-1 tem espaço cativo pra quem gosta de automobilismo, mas quem a dirige hoje a está matando.

  • A FIA deveria usar a Formula E como laboratório para implementar esta proteção aos cockpits. Acho que não seria tão chocante aos olhos do publico. E como o amigo acima falou, tem vários conceitos por ai na internet de carros com cockpit fechado. Ou melhor ainda, coloca nas mãos do Newey , ele que projetou aquele protótipo para o Gran Turismo da Sony.

  • Halo é péssimo. Aeroscreen da Red Bull ( aperfeiçoado ) seria uma opção menos agressiva e acertada… mas, que adiem para 2030.

    Limitações de pista? A FIA colheu o que plantou. Cadê os repelentes naturais grama, areia e brita para pilotos espertinhos? Ahhh! A FIA achou interessante asfaltar tudo em nome da “segurança” e “emoção”.