Não foi por falta de aviso…

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RIO DE JANEIRO – Quantas vezes este blog alertou que o Autódromo de Jacarepaguá, ao ser destruído à guisa de Parque Olímpico, atenderia aos interesses da especulação imobiliária? Tava na cara: foram as empreiteiras as principais financiadoras da máquina que reelegeu o infeliz do Eduardo Paes à prefeitura do Rio de Janeiro. Com tanto conchavo, na terra do “toma lá, dá cá” não seria diferente, certo?

Muito bem: uma matéria – possivelmente, paga, embora assinada por um jornalista – d’O Globo deste domingo, fala que 600 mil metros quadrados de área do Parque Olímpico vão ganhar prédios e mais prédios, entregues à chamada iniciativa privada. Isso deve proporcionar o seguinte: a Barra vai mais uma vez inchar com mais moradores, não haverá infra-estrutura suficiente para todo mundo e a Lagoa de Jacarepaguá, que já exala um cheiro terrível, vai ficar ainda pior com tanto esgoto in natura despejado dentro dela.

Fico aqui me perguntando: o que será que pensam empresas como Nissan, Bradesco, Claro e Samsung, que se envolveram com a Olimpíada – algumas delas patrocinando não só o evento, como também algumas confederações – vendo um empreendimento que a priori serviria para o crescimento do desporto no país (o COB não enche tanto a boca pra dizer que o Brasil será uma ‘potência olímpica’?) – e que poderia também ser usado como circuito semi-permanente para revitalizar o automobilismo no Rio – bastava querer, mas com essa corja do PMDB no poder, melhor buscar outra saída – ganhando uma montoeira de prédios em volta?

Tem mais: dos apartamentos da Vila Olímpica, que vão se transformar no condomínio Ilha Pura, só 220 foram negociados até agora e os imóveis (cujo metro quadrado custa R$ 10 mil) ainda precisarão de reformas. Quer dizer: nem isso foi feito da forma como deveria.

Na boa: esse país não tem mais solução.

Comentários

  • É Rodrigo, cumpre-se, assim, a esmerdalhação e confirma a cambada de fdp da classe política do Rio, aliás a do País é igual.
    É bom lembrar que o que está construído, Vila dos Atletas, foi financiado/subsidiado pelo BNDES com juros baixos, não há muita pressa e vender. A grana não saiu de quem construiu e o prazo de pagamento do “financiamento” é longo, muito longo.
    Mais uma vez “nusfu”.
    Abraço,
    Barba.

  • Nissan, Bradesco, Claro e Samsung estão cag4ndo e and4ndo. O povo não vai mudar de carro, banco, operadora e aparelho celular por que eles patrocinaram um evento que matou o Rio de Janeiro!

  • Concordo plenamente. Esse país não tem mais solução. No mês de julho eu tive o prazer de viajar à Europa pela primeira vez. Nada luxuoso, viagem simples, com deslocamentos entre os países por trem ou ônibus. E não tenho receio em dizer que me sinto envergonhado de ter nascido no Brasil

    • As emissoras de T V ,que calaram o bico ,nenhum de seus repórteres deram qualquer nota sobre os desvios e desmandos que todos nós tínhamos mais que certezas que haveriam . Os jornalistas destas três emissoras “oficiais”,para mim não passam de “prostitutos(as) da informação” ,envergonhando aqueles antigos e verdadeiros jornalistas que faziam um jornalismo de informação correta , formavam opinião e tinham o poder de mover uma nação pela força de sua profissão brilhantemente executada .

  • Aqui a cegueira impera, como não tem um brasileiro disputando título na F1 o político não enxerga automobilismo como gancho de votos. E a visão dessa corja vai só até aí mesmo.

    Eu já visitei cidades pequenas na Inglaterra e Alemanha e vi o que um automobilismo bem desenvolvido pode fazer em termos econômicos e tecnológicos.

    Pequenos institutos de tecnologia desenvolvendo pesquisa de ponta na área de motores e aerodinâmica, que acaba envolvendo outras área como engenharia de materias, engenharia mecânica e aeroespacial.

    Mas aqui o negócio é empilhar gente em cima de gente pra gerar votos e dinheiro de impostos que não retorna.

    Tu estás coberto de razão, o Brasil não tem solução. Os que mandam são os que menos enxergam, por isso defendo que façam o menos possível para, pelo menos, não atrapalhar quem quer fazer acontecer.

  • Desculpem o sarcasmo, mas nem esperaram o defunto esfriar?!?!
    Profecia do Rodrigo infelizmente confirmada!
    Mesmo não sendo carioca ou morando no Rio, sinto vergonha de ser brasileiro, simples assim!
    E os responsáveis, vão continuar “diboando”, como se nada houvesse acontecido!
    Brasil: já desisti faz tempo, “temjeitonão!”.

    • Luis Carlos,

      Discordo, nem o Rio, nem o Brasil merecem este destino. Veja o que fez a West Point Band para homenagear os atletas americanos militares que participaram das Olimpíadas, absolutamente e absurdamente fantástico. Vale a pena ver.

      Abraço,

      Barba

  • Como eu tinha previsto no texto grande que escrevi no importante post (abaixo) sobre cobrar das autoridades um novo autodromo, não iria demorar muito para esses predios “aparecerem”.
    Primeiro anunciaram a desmontagem de alguns aparelhos, que serão “transferidos para outros locais (porque não foram feitos lá ????).
    Agora começam a surgir os predios….
    Isso tem nome: sacanagem !!!
    Quero ver o que o Flavio vai dizer agora, …depois que ele concluiu que a construção da Vila Olímpica teria “justifcado” a destruição do autódromo. Respeito muito o Flavio como jornalista, e como amante do automobilismo. Mas acho que ali, naquele post, ele concluiu depressa demais que teria sido uma troca aceitável, ou justa.

    O Brasil não tem jeito mesmo não. E não é uma coisa de partido politico, é a educação (a falta de) do nosso povo, a falta de uma cultura social. É a famosa cultura do “levar vantagem em tudo, e a qualquer preço”., que permeia a nossa sociedade.. Aliás, o que se poderia esperar de um pais onde até os comunistas e os socialistas roubam ????
    Eu, que por questões profissionais, vivo mais proximo do que gostaria da politica, posso falar de cadeira: não se salva ninguém, de Partido nenhum. A politica brasileira enoja.

    Lamentavel.

    Antonio

    • Antonio,

      Concordo com tudo que escreveste, realmente não tem mais jeito.

      Informação adicional para mostrar mais uma sacanagem, para o Pan foi construído um velódromo, que alegadamente estava fora de especificação e não poderia ser homologado para as Olimpíadas, daí demoliram e construíram outro. Só que a verdade é que o velódromo da Pan estava local que não satisfazia as construtoras, então inventaram esta história e fizeram outro velódromo, naturalmente, super faturado.

      Abraço,

      Barba.

  • Outra vergonha é o terreno que foi preparado para o JMJ mas que até hoje foi especulado para várias coisas que vão desde um estádio para o Flamengo, condomínio habitacional e até um autodrómo pois esqueçam Deodoro.
    Legado da Rio 2016 só a Linha 4 e a Transolímpica, que mal foi aberta e a concessionária já chia por cobrar “apenas” R$5,90 de pedágio….O resto é encheção de linguiça

  • Tudo o que acontecer depois, se o Parque Olímpico (muito bem-vindo, por sinal) não for bem aproveitado, não sobrar um legado etc. é resultado da conivência dos próprios cariocas, que em 2009 não hesitaram em fazer festa em Copacabana tão logo o Rio foi confirmado como sede dos Jogos de 2016. Como cereja do bolo, ainda reelegeram o atual prefeito. Agora, não podem reclamar de nada.

    Nada contra as Olimpíadas, muito pelo contrário, pois adoro esse evento e sempre fui favorável à construção do Parque Olimpíco onde antes era um autódromo mal aproveitado (adoro automobilismo também, mas sei reconhecer quando algo vai mal). E isso graças a um automobilismo mal desenvolvido e em completa decadência, e que só alguns cegos não conseguiam enxergar e seguem dando murro em ponta de faca, o que chega a ser patético, a essa altura do campeonato.

    A real é que, assim que surgiu a história de que dariam um fim ao autódromo, muita gente ficou naquela conversa mole de “precisamos fazer alguma coisa”, “não podemos deixar isso acontecer” etc., mas tudo não passava de “mimimi”. Na prática ninguém fez nada de relevante, até porque não tinha poder algum para impedir que isso acontece, assim como continua não tendo poder algum para exigir a construção de outra pista, seja em Deodoro, seja em qualquer outro lugar.

    Fazer protesto não resolveria nada, assim como espernear em blogs e nadas redes sociais também não. E com uma classe desunida como essa do esporte a motor (incluindo pilotos e chefes de equipe, que na maioria das vezes olham apenas para o seu próprio umbigo), aí é que a coisa desanda mesmo, como de fato desandou.

    • Caro Alexandre,

      A festa, como todos sabem, foi contrastada pela prefeitura, ou seja não foram os cariocas ás ruas para festejar. Festa artificial, contratada.

      Havia e há outros locais para a construção do dito parque, não era preciso destruir o autódromo. O interesse das construtoras no local vem desde antes do Pan, que para sua realização Cezar Maia mutilou o autódromo, alterou zoneamento da área, etc.

      Barba.

      • Nem todo muito foi contratado para comemorar a escolha do Rio como sede dos Jogos. Basta pesquisar nas redes sociais e ver o quanto as pessoas gostaram do resultado. Eu mesmo vi diversos colegas de trabalho comemorando, mesmo com todas as evidências de que a cidade não estava (na época) preparada para tal.

        Havia outros locais para a construção do Parque Olímpico? Me aponte quais. Era necessário destruir o autódromo? Talvez não. Mas havia motivos para manter um autódromo que ficava a maior parte do ano fora de uso? Também não. Portanto, não vejo como grande prejuízo para a cidade a inexistência hoje de uma pista de corrida, visto que o automobilismo no Rio morreu faz tempo.

        E como eu disse antes: há anos essa lenga-lenga sobre “destruição de autódromo / construção de novo autódromo” é tema de várias conversas, sem que ninguém tivesse feito para para as coisas mudarem. O máximo que vi foi gente choramingando, levando um pedaço do asfalto para casa e tratando a destruição da pista como se fosse a tragédia do século.

        O que mais vi, desde 2006 ou 2007, foi o discurso raso do “precisamos fazer alguma coisa para impedir esse absurdo” rolando em blogs ou redes sociais. E mais nada.

  • Prezado Rodrigo Mattar, prezados Srs. que responderam ao blog. Penso que ao menos a grande reta e suas arquibancadas poderiam ter sido mantidas.
    O esporte a motor no Rio de Janeiro morreu com o destino do saudoso Autodromo Nelson Piquet. Hoje nao podemos fazer sequer um track day, ter uma pista de arrancadas, um local de encontros automotivos.
    O Riocentro deixou de receber Saloes de Automoveis, mesmo os pequenos que haviam ate entao. Em termos de automobilismo o Rio de Janeiro morreu!
    Em termos empresariais houve grandes perdas tambem e a recessao matou os grandes empreendimentos imobiliarios que motivaram a demolicao. Todos perderam.