Fora da F1

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RIO DE JANEIRO – Fim da linha. Acabou a Fórmula 1 para Felipe Massa.

Numa entrevista coletiva convocada hoje em Monza, na companhia de Claire Williams, filha de Sir Frank, o piloto brasileiro de 35 anos anunciou a saída dele da categoria máxima do automobilismo.

“Durante a carreira de um piloto de F1, há momentos muito especiais e o que vou contar agora faz com que eu me emocione um pouco. Nos últimos meses, pensei muito sobre meu futuro e tomei a decisão de que ao fim desta temporada vou deixar a F1. A vida nos apresenta uma série de decisões, e acho que chegou o momento em que tenho de seguir e fazer algo diferente. Talvez eu volte a estar ao volante de um carro de corridas, mas a única coisa é que agora vou ter muito tempo para decidir o que vou fazer no futuro”, escreveu Massa ao site ‘Motorsport.com’, revelando sua decisão.

Em 242 GPs disputados até antes da corrida do fim de semana, Felipe tem no currículo um total de 14 temporadas – o que não é pouco – com 11 vitórias (a última delas no fatídico GP do Brasil de 2008), 16 pole positions, 15 voltas mais rápidas em prova e 41 pódios, com 1.110 pontos somados. Massa teve o seu auge na Ferrari e ficou no ‘quase’ ao levar o vice mundial há oito anos.

Embora o piloto brasileiro tenha adotado o discurso de que foi prejudicado pela rumorosa história da batida de Nelsinho Piquet em Cingapura, é bom lembrar que vários erros contribuíram para que ele perdesse o título para Lewis Hamilton. Preciso enumerar?

Pois sim: uma rodada na Malásia, sozinho, quando era 2º colocado; uma prova desastrosa sob chuva na Inglaterra, num show de rodadas e o reabastecimento na mesma Cingapura da controvérsia de seu compatriota, quando a Ferrari fez cagada em seu pit stop. Some-se a isso, a quebra de motor no GP da Hungria no finalzinho, quando o piloto liderava.

Além desse dissabor, Massa viveu outros: a mola na cabeça, o acidente no GP da Hungria no ano seguinte e o “Fernando is faster than you” no GP da Alemanha de 2010.

A verdade é que, nesse novo regulamento, o estilo de pilotagem de Massa não casou com os carros construídos desde 2009 com largura mais estreita e pneus menores. Tanto que a melhor classificação do piloto ao fim do Mundial – por três vezes – foi um 6º lugar. Nem a mudança para a Williams após deixar a Ferrari trouxe atenuantes. No período a partir de 2009, Felipe foi ao pódio 14 vezes, nenhuma neste ano a bordo do FW38 da equipe britânica.

A saída de Massa deixa o Brasil no desvio dentro da Fórmula 1. Felipe Nasr é vítima da falta de competitividade da Sauber e terá que buscar não só um lugar melhor para 2017, como também carregar nos ombros a responsabilidade de ser – até prova em contrário – o único piloto do país para a próxima temporada. Desde 2009, não vemos ninguém subir no topo do pódio. Continuamos com as mesmas 101 vitórias de então e graças a Sebastian Vettel e Lewis Hamilton, Alemanha e Grã-Bretanha sumiram à frente do Brasil nas estatísticas.

Temo pelo que pode acontecer daqui pra frente.

E Massa, que diz que vai ter ‘muito tempo pra decidir’, vê se descortinar no horizonte uma categoria em que, tenho certeza, poderá ser muito feliz: o World Endurance Championship.

Comentários

  • “No período a partir de 2009, Felipe foi ao pódio 14 vezes, nenhuma neste ano a bordo do FW38 da equipe britânica.”

    Massa não foi 3º ´pela Williams no GP da Itália do ano passado?

  • Concordo com você Mattar, o WEC seria uma bela opção ao Massa. Campeonato bem disputado, carros lindos, tecnologia de ponta, várias opções de categorias. Inclusive, acho que seria uma ótima opção para o Barrichello também, o estilo de pilotagem dele “casa” com a categoria. Mas creio que o Massa irá dar um tempo e pensar na vida.

  • Eu acho mais fácil o Pipo Derani pegar uma equipe oficial, mas seria interessante ver se ele aguenta uma refrega de troca de tinta ………… rsrsrsrs

  • Tambem acho o WEC uma grande sacada pro Massa; mas olhando as equipes da P1, não vejo nenhuma com uma “boquinha” aberta pra ele… e será que ele aceitaria andar em um primeiro ano em uma equipe da P2?

  • Uma hora o tempo de sair chega para todo mundo. O desempenho de Massa caiu depois da molada e com o avanço da idade. Espero que vá para o WEC e tenha sucesso lá, conseguindo quem sabe a sonhada vitoria brasileira em Le Mans.

  • Isso! Massa no WEC!
    #MassaGOWEC!!!!

    É piloto de ponta! Lembro de uma entrevista do Montoya, quando questionado sobre os novatos, falou de Massa. “O mais legal de guiar atras dele é saber se ele conseguirá fazer a curva do jeito que entrou…”
    Sem mais.

  • acredito que o anuncio de aposentadoria foi armado com a willians,é obvio que a willians disse que n renovaria,com certeza tbm ele bateu na porta de outras equipes e como o mercado fechou, o anuncio da aposentadoria partindo dele, se tornou digno, bonito e sensato,ele sai pela porta da frente assim como entrou, uma carreira longa e boa mas longe de brilhante,.talvez aquele acidente tenha afetado seu desempenho ,, lembro que no segundo ano de ferrari ele guiava como gente grande,apos o acidente,, tinha dificuldade em ultrapassar e se defender,errava com frequência e um problema serio com desgaste de pneu,sua vasta experiencia,feeling e acerto de carro o ajudou a permacer na formula 01,valeu felipe, vc n foi o que a gente esperava,mas pra ficar 14 anos ali dentro tem que ser bom..

    • Eu concordo com uns 85 % do que você escreveu ,principalmente quanto seu desempenho antes e depois do acidente com a mola do mala . Mas quanto a sair pela porta da frente ,eu modestamente questiono ; acho que ele saiu pela porta lateral ,depois de ver suas esperanças esvaírem , e não sobrar nenhuma equipe decente para sentar e ajudar seu companheiro a fazer o nome . No W E C ,pode ser uma boa ,desde que não esteja com problemas de visão ou reflexos ,pois os carros não são um espetáculo no quesito “visão de pista” . Mas que viver verá no que vai dar .

  • Felipe Massa antes da mola era um piloto rápido e agressivo. Felipe Massa depois da mola era um piloto que buscava culpar alguma coisa pelo seu baixo rendimento.

    O cara foi bom sim! É uma pena que todo piloto de F1 brasileiro tenha que carregar a cruz que a Globo implantou no cérebro dos “fãs”.

  • Não tinha pensado nisso, mas talvez a mudança do regulamento de 2008 para 2009 tenha mesmo influenciado no seu desempenho.
    Até 2008, os carros eram mais largos e tinham aerodinâmica extremamente refinada, o visual dos carros era até poluído com tantos apêndices aerodinâmicos.
    A partir de 2009, a aderência mecânica passou a influir mais no desempenho dos carros, e o fato é que Felipe nunca mais conseguiu ter a mesma velocidade, e pior, sempre sofrendo com o desgaste excessivo dos pneus.
    Depois desses anos todos, a motivação também se foi, e acredito que tenha sido a melhor decisão para ele.
    As carreiras de Felipe e Rubens são muito parecidas em números, mas, tecnicamente, acho que Barrichello é mais completo e terminou sua carreira na F1 (mesmo contra sua vontade) ainda pilotando no seu auge, sempre tirando o possível de um carro fraco.
    Ainda me pergunto o que Rubens poderia ter feito em 2012 com o FW34, que era bem nascido.
    De qualquer forma, sentiremos saudades dos dois, pois acho que um ciclo se termina e o que se inicia parece ser muito mais sombrio.

  • Dificilmente o Massa irá para o WEC, anos atrás ele deu uma entrevista dizendo não gostar de categorias com classes diferentes de carros (ele se referia diretamente ao WEC e a Le Mans). Ele pode ir para o WEC? Sim pode, mas é improvável!

      • Também não acredito que a Stock seja uma boa escolha, ao menos esportivamente, financeiramente já é outra história. Acredito que ele ainda tem competitividade para dar um caldo em certames mais interessantes, só depende da vontade dele.

    • Não me inclua nos que se sentem envergonhados. O cara é profissional, faz o trabalho dele, e pra gente é esporte. Quem gosta do esporte não assiste para se orgulhar de um brasileiro, coitado, que se esforçou a vida toda para chegar ao topo do pódio e ganhar um especial que vai passar em rede nacional na rede glóbulo.

      • “Alonso is faster than you” não lhe envergonha?
        Acidente proposital de Nelsinho em Cingapura não lhe envergonha?
        Preciso lembrar os “n” lances do Rubinho?

        Não estou questionando as carreiras, ou o “profissionalismo”, estou falando que os últimos que passaram aí envergonharam não só a mim, mas uma legião de brasileiros… Fato…

      • O grande mal do brasileiro em relação a Fórmula-1 é o saudosismo em relação ao nosso passado vitorioso.. Não se pode exigir o que não se pode dar nessa época pós-Senna.
        O que posso dizer é que estamos vivendo uma entressafra na categoria e isso não representa nenhuma vergonha.
        Vide o caso da Alemanha. Foram precisos cerca de 45 anos para que surgisse um campeão nativo. E ainda assim, com fama de vigarista (com todo o respeito aos seus feitos e ao seu estado atual).
        Quanto aos pilotos brasileiros que cometeram ou participaram de alguma burrada, pergunto: quem de nós nunca cometeu um ou mais deslizes?

      • Está enganado Alfredinho…

        Não reclamamos da qualidade individual das gerações pós-Senna, reclamamos da atitude… Aprendemos a torcer F1 com uma geração de pilotos que saia no soco caso alguém lhe prejudicasse nas pistas… Agora temos uma geração de pilotos que se rebaixa já nos contratos!!! Hoje o que importa é o dinheiro…

        Mas tem uma coisa pior do que a atitude desses falsos pilotos, Alfredinho… A sua… Você acha que a culpa é nossa!!! Você se conforma com essas atitudes… Lamentável…

  • Gostaria sinceramente de analisar o currículo de 10% desses “especialistas em F1” que aqui no Brasil vivem de menosprezar e fazer brincadeiras idiotas com pilotos tão bem sucedidos como Barrichello e, principalmente, Massa.

    Adoraria ver se o desempenho deles em suas respectivas profissões é ao menos comparável com o dos dois, que tiveram carreiras longas na maior categoria do mundo, em equipes de ponta, ganharam corridas e gozam de enorme respeito por parte de todos envolvidos no esporte.

    No caso de Felipe, o desrespeito é ainda maior, visto a coragem de voltar a correr depois do pavoroso acidante a o protagonismo assumido no último biênio que valeu a pena na F1, 2007 e 2008.

    Aos que enchem a internet com comentários idiotas e desrespeito a profissionais muitíssimo bem sucedidos só digo uma coisa: Façam melhor, boçais!

  • Vai tarde roda dura.. vce nem nos tempos que corria com motores ALTERADOS tinha jeito pra isso..Vce foi longe..devido a grana e a espertesa do Barriga.. agora.. vai ser o cara que nunca foi que queria ser.. roda dura do Pinheirinho.1992.. vaza oleo.

  • Um raro jornalista que lembrou que o campeonato de 2008 também foi perdido devido a erros do próprio piloto e não menciona exclusivamente os erros da Ferrari no reabastecimento, o crashgate e o Timo Glock como únicas causas da derrota tão lembrada pelas “pachecada” de plantão que comportam-se como se a temporada do brasileiro fora perfeita.
    Parabéns pela imparcialidade e equilíbrio da análise.