Direto do túnel do tempo (345)

1996 Japanese Grand Prix
Momento histórico e – até hoje – inédito: o sobrenome Hill consagrou dois campeões (pai e filho) em toda a história da Fórmula 1

RIO DE JANEIRO – A imagem acima marcou um momento histórico na Fórmula 1.

Em 13 de outubro de 1996, pela primeira (e até hoje única) vez em todos os tempos, pai e filho se tornavam campeões mundiais da principal categoria do automobilismo mundial.

Naquela data, no Grande Prêmio do Japão, Damon Hill, então com 36 anos de idade, ratificou o favoritismo com que iniciara aquela temporada.

Era seu quarto ano como piloto da Williams. No primeiro, era uma sombra no brilho de Alain Prost, tetracampeão e que se retirou das pistas ao fim de 1993.

No segundo, era coadjuvante de Ayrton Senna até o brasileiro morrer em 1º de maio de 1994. De repente, tudo se transformou: Hill virou primeiro piloto da noite pro dia e quase foi campeão, não fosse uma manobra suja de Michael Schumacher sobre o britânico na decisão em Adelaide, na Austrália.

Hill não teve chance alguma contra o mesmo Schumacher em 1995. Mas para a temporada seguinte, Schumi assinou com a Ferrari – sem garantias de que seria competitivo ou se repetiria os títulos conquistados nos dois anos anteriores.

E o britânico, com um carro claramente melhor, largou no início do ano como favorito. Em termos: muita gente não punha fé nele e até havia quem acreditasse que Jacques Villeneuve repetiria Nigel Mansell para ganhar, num espaço inferior a um ano, os títulos da F-1 e da F-Indy.

Das cinco primeiras provas, ganhou quatro. Teve pequenos percalços como a quebra no GP de Mônaco, quando liderava absoluto e no temporal digno de Noé no GP da Espanha, bem como desistências em pleno GP da Inglaterra e também em Monza, na Itália. Venceria ainda mais três vezes antes de chegar a Suzuka com nove pontos de vantagem para Jacques Villeneuve, dependendo única e exclusivamente dele mesmo para ser campeão. Um mero 6º lugar bastava para Hill, mas na 37ª volta do GP do Japão, soltou-se uma roda da Williams do canadense. Sem pressão, Hill conquistou sua sétima vitória no ano e um título merecido.

Foi um momento de grande emoção para a família Hill: o pai Graham, bicampeão mundial em 1962 e 1968, morrera em 1975 num acidente aéreo voltando de um teste com sua equipe – a Embassy-Hill – no circuito francês de Paul Ricard. Sem seguro (estava descoberto), deixou a viúva Betty e os três filhos sem um único tostão. Os Hill deram a volta por cima, representada com o título de Damon, que conservou uma tradição familiar: o capacete escuro com listras brancas, representando as raias do London Rowing Club.

Há 20 anos, direto do túnel do tempo.

Comentários

  • Essa história da família Hill é digna de filme , por falar nisso Rodrigo , quando vai rolar aqueles belos textos sobre pilotos do passado? Por exemplo , um Grahan Hill , um Dale Earnhardt.

    Um abraço!!!

  • Não sou daqueles que gostam de uma “teoria da conspiração”, mas creio que a Williams, escaldada pelos “causos” entre Mansell e Piquet, evitou que Villeneuve e Hill disputassem de verdade esse campeonato de 96,,, desde a primeira corrida na Austrália, onde Villeneuve liderou quase toda a corrida, mas teve que diminuir o ritmo por um “problema” no carro, dentre outros percalços, quase não houve embate direto nas corridas, como vemos hoje por exemplo com HamiltonxRosberg… Enfim, eram os áureos tempos da Williams com seus carros imbatíveis!!

    • Não concordo com essa linha de pensamento, até porque, se seguirmos ela, diversos campeões e ótimos pilotos serão tachados como você descreve no seu comentário. Hill teve muito valor nesse título é provou ser um bom piloto ironicamente após sair da Williams, com a quase vitória no GP da Hungria de 97(de Arrows!), e a primeira vitória da Jordan em 98

    • O problema do Damon Hill era a falta de carisma. O carisma dele residia no sobrenome HILL, se ele usasse o sobrenome de solteiro da mãe provavelmente nunca teria passado da F-3.
      Agora chamar um campeão do mundo de “sem talento” é coisa de quem nunca foi a um Autódromo.
      Com todo respeito, mas quem já viu IN LOCO uma prova de Motorsport não sai por ai tachando os outros de sem talento.

      • Sem querer defender o Migão, mas já defendendo: ele foi sim a autódromo. Até porque eu estava com ele.

        O que ele expôs foi a opinião dele e eu respeito, apesar de não concordar.

        Mas cada um é que sabe de si, certo?

        Quanto ao Hill, disse e repito: ele não é um “sem talento” e sim um cara de zero carisma, totalente sem sal.