12h de Bathurst: vitória da Maranello Motorsport em corrida “selvagem”

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Uma série de erros de Shane Van Gisbergen a bordo do #22 da Scott Taylor Motorsport também ajudou a equipe Maranello Motorsport, em performance dominante, a vencer as 12h de Bathurst em Mount Panorama

RIO DE JANEIRO – Um público estimado em mais de 40 mil pessoas – recorde na história da prova – assistiu em completo êxtase a 16ª edição das 12h de Bathurst, válidas também para o IGTC (Intercontinental Grand Touring Challenge). O circuito de Mount Panorama foi o palco de mais uma prova histórica, repleta de grandes batalhas que entram para o rol do automobilismo internacional.

Após 290 voltas numa disputa tida como “selvagem” pela vitória de uma das corridas mais importantes do Endurance mundial, venceu a Ferrari 488 GT3 que partiu da pole position e dominou grande parte da disputa. O carro #88 guiado por Toni Vilander, Craig Lowndes e Jamie Whincup triunfou com uma volta de vantagem para o Porsche #12 da Competition Motorsports, que fez ótima corrida nas mãos de David Calvert-Jones, Marc Lieb, Patrick Long e Matt Campbell – este último, considerado a grande revelação do evento. Essa equipe levou também a vitória na divisão Pro-Am da classe A.

Mas poderia ser bem diferente: o Mercedes-AMG GT3 #22 da Scott Taylor Motorsport, da trinca Shane Van Gisbergen/Maro Engel/Craig Baird veio de um modesto 17º lugar no grid para a luta pela vitória nas últimas voltas, após grande corrida de recuperação. Eventualmente, o carro alemão aparecia na frente, mas a Ferrari era ligeiramente superior e conseguia a ultrapassagem – numa delas, Whincup precisou pôr duas rodas na grama na veloz reta Conroy para superar Van Gisbergen.

Até que, faltando 19 minutos apenas para um final eletrizante, SVG errou e destruiu o carro ao bater de frente num muro de proteção – não sem antes ter cometido vários erros, inclusive jogando um Porsche para fora da pista. Quem não gostou nada, nem um pouco, foi Maro Engel: o alemão criticou aberta e duramente o companheiro de equipe numa entrevista à TV australiana. É só conferir o vídeo abaixo.

O acidente não foi evidentemente o único numa prova que teve 32 carros na quadriculada, dentre 50 carros que largaram – havia 55 inscritos e nada menos que cinco bólidos, por diferentes problemas e motivos, acabaram não alinhando. A primeira “panca” foi na 7ª volta, com o Audi R8 LMS #74 guiado por Frank Stippler e alinhado pela Jamec-Pem Racing. Seria a primeira de um total de 16 intervenções do Safety Car – recorde na história das 12h de Bathurst.

Pole position da classe B, o Porsche #4 da Grove Motorsport também se acidentou logo de cara e deu adeus à disputa. E outros carros ficariam de fora: o Porsche #911 do trio de fábrica Kévin Estre/Laurens Vanthoor/Earl Bamber se despediu com menos de 50 giros após colidir com um carro mais lento, da classe C – dos GT4; o Aston Martin V12 Vantage da Miedecke Stone Motorsport também saiu da disputa logo no início e duas BMW, a #7 da Steve Richards Motorsport e a #90 da MARC Cars Australia, bateram e foram obrigadas a desistir.

Diante desse verdadeiro carmaggedon, até que foi surpresa ver o Bentley Continental GT3 da trinca Guy Smith/Steven Kane/Oliver Jarvis emergir de uma posição bastante desfavorável no grid para conquistar um ótimo 3º lugar na geral. Outra gratíssima surpresa – com direito à vitória na divisão Am da classe A, foi o quarto posto do Porsche 911 GT3 de Liam Talbot/John Martin/Duvaschen Padaychee.

Campeã da prova ano passado, a Tekno Autosports ainda abiscoitou o 5º lugar, numa bela prova de Côme Ledogar/Álvaro Parente/Rob Bell – já que o trio foi obrigado a largar dos boxes em virtude de uma troca de motor. O #59 que teria a bordo a trinca formada por Ben Barnicoat/Will Davison/Jonny Kane acabou não largando.

O Lamborghini Gallardo R-EX de Roger Lago/David Russell/Steve Owen completou o grupo dos seis primeiros colocados, seguido do melhor Audi R8 LMS, alinhado para Ash Samadi/Daniel Gaunt/Matt Hallyday. A Nismo pescou o oitavo posto com Florian Strauss/Todd Kelly/Jann Mardenborough – uma boa recompensa para uma equipe cujo carro foi danificado por um tremendo acidente num dos treinos livres e precisou ser reconstruído.

A nona posição foi do Audi #9 da Hallmarc guiado por Marc Cini/Dean Fiore/Lee Holdsworth, enquanto o Lamborghini #29 da Trofeo Motorsport fechou o top 10 tendo a bordo o ex-piloto italiano de Fórmula 1 Ivan Capelli.

Nas demais classes, com o abandono do #4 da Grove Motorsport a vitória da divisão B ficou com o Porsche #21 que terminou a disputa em 15º lugar na geral com Xavier West/David Wall/Dylan O’Keefe/Dean Grant. O Porsche Cayman PRO 4 #19 tripulado por Max Braams/Harrison Jones/Nicolaj Møller-Madsen/Jörg Viebahn ainda chegou na frente da concorrência, mesmo após a desclassificação sofrida no treino oficial por uma infração do regulamento.

E na divisão Invitational, a MARC Cars Australia ganhou a prova com o #91 de Keith Kassulke/Will Brown/Rod Salmon fechando a disputa em 17º lugar.

Perdeu a disputa ao vivo? Assista AQUI na íntegra!

Comentários

  • A corrida foi ótima, assisti até as 02:00h e qdo acordei assisti o restante, mas vamos combinar o totó do Van Gisbergen, foi proposital para provocar uma amarela e tentar um bote no final, tanto é que levou drive-through.

    Abs

  • Por acaso essa Maranello Motorsport tem alguma coisa a ver com a Maranello Concessionaires que disputava o Mundial de Construtores nos anos 60 com carros da Ferrari?

    • Fabio, acho que a coincidência é apenas com o nome. Mas se alguém souber se existe uma ligação entre as duas equipes, por favor diga!

  • Vi uma parte da prova onde já se apontava uma grande batalha, principalmente entre a Ferrari da Maranello e a Mercedes #22…certamente vou conferir o VT.
    Pelas duas corridas que tivemos de endurance até agora (essa e as 24h de Daytona) o ano promete.

  • Xará, foi uma corridaça! Acompanhei ao vivo pelo YouTube (em HD, cortesia da Nismo TV) a maior parte das seis horas finais. Teve de tudo, realmente.

    O pega entre Ferrari x Mercedes foi sensacional! Como você mesmo costuma dizer, quem acha que Endurance é um tipo de corrida sem emoção está completamente enganado.

    E sim, o Shane foi SHAME… Shameless. Deu um totó no coitado do Porsche pra deliberadamente arrumar um Safety Car. O que eu não entendi foi porque a equipe não trocou os pneus na última troca, estava claro com pneus gastos eles não teriam ritmo para acompanhar a 488 GT3. Medida desesperada, talvez?

    No fim, deu o Dream Team da prova: Vilander, Whincup e Lowndes no topo do pódio. Lamentei mesmo pelos azares da McLaren do Parente… era a minha torcida para vencer.

    Abraço!!!

  • Sei que já está tarde para comentar isso, mas Rodrigo, você reparou que tinha uma Lamborghini (se não me engano #53) com um patrocínio (grande) da JBS? O símbolo é o mesmo da famigerada empresa.

  • Sei que eles têm negócios no mundo todo, mas quando ocorre algum patrocínio, acredito que a matriz tem que ficar sabendo. Dito isso, porque não se investe em automobilismo por aqui, sabendo que essa empresa nasceu aqui?

    • É a propria… so que lá é uma especie de filial da matriz brasileira que tem a disponibilidade de publicidade onde quiser sem ter o “ok” da matriz, pois suas gestões sao independentes. Quanto ao patrocinio por cá, quando tiver uma categoria isenta das canalhices dos bastidores dessas Confederações brasileiras, com certeza choverão milhlares de patrocinadores..

  • Eu vi a corrida faltando 10h até faltarem 1h30min.

    Eu não esperava o Shane Van Gisbergen fazer essas cagadas logo em Bathurst. Tem talento, tem técnica e coragem mas, aparentemente, faltou paciência com o Porsche da Pro/Am e descendo o Dipper, rodar reacelerando depois de uma curva fechada como aquela é realmente um erro amador. Maro Engel tem muita razão em estar furioso com o SVG.

    Parabéns mesmo assim para Maranello e para o Villander, Whincup e Lowndes.

  • A corrida foi boa, pena que muita gente boa foi alijada da disputa e da prova em razão da batidas que não foram poucas na prova… um dos R8 LMS candidatos a vitória teve o mesmo destino…