Direto do túnel do tempo (362)
RIO DE JANEIRO – A Fórmula 1 acaba de apresentar o primeiro carro cor de rosa de sua história – o Force India VMJ10. Mas a coloração pink está longe de ser novidade no automobilismo mundial e inclusive no Brasil, onde Danuza Palhares, que guiava aqui no Rio de Janeiro, tinha um Voyage cor de rosa – que inclusive vi em ação ao vivo numa prova da Copa Shell, o Brasileiro de Marcas e Pilotos, em 1989. Salvo engano, Suzane Carvalho também usou discretamente o matiz em alguns de seus carros.
Mas o bólido da foto acima era demais!
Trata-se do Porsche 917/20 “Pink Pig” que foi inscrito nas 24h de Le Mans em 1971 sob os auspícios da Martini International Racing Team, com a assistência do Team Auto-Usdau, da Alemanha.
O carro causou sensação com a pintura idealizada pelo artista Anatole Lapine, reproduzindo quase que fielmente o estilo do corte das carnes de porco tal como faziam os açougueiros. E com a carroceria redesenhada na França pelos engenheiros da SERA, o 917/20 “Pink Pig” era infernalmente rápido. Há quem diga que chegou a 400 km/h, mas oficialmente a velocidade atingida pelo protótipo guiado por Willi Kauhsen e por Reinhold Joest (ele mesmo!) foi de 386 km/h.
Nos treinos, o “Pink Pig” foi um dos melhores na pré-qualificação e no grid ficou com o 7º tempo – 3’21”, a quase oito segundos da pole position. Na corrida, o protótipo vinha bem e ganhando posições após fechar a primeira hora em nono: na altura da 11ª hora, estavam em quinto, quando o #23 saiu da pista em Arnage e no acidente o carro não pôde mais continuar.
Uma pena.
Há 46 anos, direto do túnel do tempo.
E foi realmente uma pena a mudança de regulamento para os protótipos no ano seguinte(72) banindo os motores de 5 litros e o 917. O 917 era um carro fantástico, belíssimo, meu esporte protótipo favorito e a Ferrari tinha desenvolvido um concorrente excelente para 71, a bela e potente 512M, mas entregou à equipes privadas, preferindo se concentrar no desenvolvimento do 312 PB de 3 litros. Não fosse isto poderíamos esperar uma luta feroz de 71 em diante. Mas como é de praxe a FIA tinha que estragar tudo, como fez com o grupo C no principio dos anos 90.
E o Emerson Fittipaldi estreou na Indy, em 1984, com um carro rosa, da WIT Racing, equipe do Pepe Romero.
Muito bem lembrado!
Boa !!!!
Eu vi esse carro, ao vivo, no Museu da Porsche no fim do ano passado.
Como eu digo sempre : Engana-se que acha que a Formula 1 é a vanguarda do Automobilismo em todos os aspectos . dos técnicos aos visuais . Graças aquele narrador ignóbil da R G T , muita gente pensa isto,pois não pesquisam e não sabem nada da história do automobilismo.
Ainda bem que blogueiros como você , procura trazer o conhecimento verdadeiro a seus leitores.
Se for possível e da sua vontade , gostaria que apresentasse um histórico( como o tunel do tempo) de todos carros que trouxeram item de desenvolvimento ,que hoje os nossos carros usam e que foi inicialmente usado em Le Mans . Para que muitas pessoas saibam onde realmente nasceu as maiores criações que hoje nós temos em nossos carros.
Acredito que a Débora Rodrigues chegou a utilizar um caminhão na F-Truck pintado de rosa.
Apos o acidente de Joest em.1971, pensou-se ter sido um erro na frenagem dele, porém após a desmontagem em fábrica descobriu-se que por este modelo modificado ser mais veloz em retas ele havia consumido mais pastilha de freio ( toda na verdade) que o habitual para o 917, Concluiu-se que o carro fazia frenagens mais fortes pela sua maior velocidade e que pelo fato de nao terem feito um programa de testes antes , colocando um carro experimental na corrida, houve equivoco em adotar o mesmo período de troca de pastilhas que os 917 K…. Desta forma conclui-se que não foi o Joest que errou na frenagem, o carro teve pane nos freios…. e ficou provado seu otimo desempenho, apesar do acidente. O projeto foi encomendado a uma empresa chamada SERA na época , para que fosse feito um projeto aerodinamico de carro difrente do 917K que era um modelo corrigido pelo John Wyer do projeto original , onde nao havia pressão aerodinâmica suficiente na traseira e o carro “sambava” na pista tendo uma fama entre os pilotos de perigoso ( o carro recebeu o apelido de fazedor de viuvas). No teste particular ( Porsche e Wyer) verificou-se que os mosquitos não estavam grudados na asa traseira como estavam na frebte do carro., que denotava deficiência no fluxo para a asa…Na correção fizeram uma traseira em rampa com folhas de aluminio, comprovando- se eficácia na pista, mas que penalizava a velocidade final como em.Le Mans com reta de aprox 5 km o que fez a Porsche encomendar o projeto do 917-20.