Guia WEC 2017 – equipes LMP1

RIO DE JANEIRO – A apresentação das equipes inscritas no FIA World Endurance Championship termina com a classe principal, a divisão LMP1 dos protótipos de fábrica e semi-oficiais, que sofreu um golpe muito duro para a temporada 2017. Inclusive, confesso que é muito estranho fazer a apresentação dos times e não ter nada a escrever sobre a Audi, exceto que a turma de Ingolstadt bateu em retirada das competições de Endurance. Só lamento…

Enquanto uns vão, outros ficam. Pena que a LMP1, com os que ficaram, está com cara de fim de festa. São apenas Porsche, Toyota e ByKolles (que nem fará cosquinha) no campeonato deste ano e o ACO trabalha para termos pelo menos mais duas equipes em 2018.

A Ginetta avança em seus planos de construção de um carro para atender a clientes particulares e até já divulgou os custos: US$ 2,3 milhões, algo em torno de R$ 7,2 milhões, para a compra de chassis e leasing dos motores Mecachrome 3,4 litros V6 Turbo.

Considerando os valores estratosféricos de uma temporada de Fórmula 1, são valores até bastante interessantes.

Já o projeto da SMP Racing com a Dallara anda a passos de cágado e pouco se sabe da associação após o aperto de mãos entre russos e italianos.

Apesar disso, a expectativa é de uma dura disputa entre japoneses e alemães pelo título. Tanto Porsche quanto Toyota têm novidades dentro da pista e os japoneses estão com o foco na inédita vitória nas 24h de Le Mans, que deixaram escapar na última volta ano passado. A turma de Weissach quer o tri de construtores e manter o número #1 em seus bólidos para o próximo campeonato.

Começamos a apresentação dos times com a Porsche, é claro.

PORSCHE LMP TEAM
Team Principal: Andreas Seidl
Carro: Porsche 919 Hybrid
Motor: Porsche 2 litros V4 Turbo
ERS: ERS-K + ERS-H (8 MJ)
Potência: + 900 HP
Transmissão: Porsche 7 marchas, com acionamento sequencial paddleshift
Pneus: Michelin
Peso mínimo: 875 kg

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A Porsche luta pela hegemonia na LMP1 no WEC e nas 24h de Le Mans

Construtora do protótipo LMP1 mais complexo da história do WEC, com dois sistemas híbridos, um movido pelo turbo e outro com baterias ion-lítio, a Porsche vem para a temporada 2017 para tentar um inédito tricampeonato entre os construtores, o que é um feito histórico para um carro cujo desenvolvimento começou há quatro anos e vem sendo aperfeiçoado ano após ano. Estruturalmente, o 919 Hybrid é praticamente o mesmo da últma temporada, com avanços no uso de materiais novos e pesquisas de aerodinâmica. Vários testes de resistência foram efetuados em diferentes pistas (Paul Ricard, Monza e Motorland Aragón, por exemplo) para ratificar a qualidade do equipamento.

Na pista, novidades: Andre Lotterer foi o único sobrevivente do time Audi a se garantir na LMP1 em 2017 e terá a responsabilidade de dividir o carro #1 com o recém-chegado Nick Tandy e com o suíço Neel Jani – que após o fim da temporada passada, sobreviveu após o afastamento de Romain Dumas e Marc Lieb do programa. No carro #2, o neozelandês Earl Bamber entra como substituto do aposentado Mark Webber, agora um embaixador da marca. Timo Bernhard e Brendon Hartley seguem a bordo. No Prólogo em Monza, os carros germânicos ficaram em terceiro e quarto.

TOYOTA GAZOO RACING
Team Principal: Toshio Sato
Carro: Toyota TS050 Hybrid
Motor: Toyota 2,4 litros V6 Turbo
ERS: ERS-K (8 MJ)
Potência: + 1000 HP
Transmissão: Toyota 7 marchas, com acionamento sequencial paddleshift
Pneus: Michelin
Peso mínimo: 875 kg

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Obcecada, a Toyota quer a vitória nas 24h de Le Mans. A qualquer preço…

Mordida pela perda cruel da vitória nas 24h de Le Mans, a Toyota não mediu esforços para bater a Porsche, que será a única rival dos japoneses neste campeonato. O Toyota TS050 Hybrid lançado no ano passado sofreu várias modificações, principalmente de aerodinâmica, passando por testes de durabilidade e eficiência com o objetivo de preparar a equipe para o desafio de ganhar em Sarthe com um terceiro carro extra, inscrito também para as 6h de Spa-Francorchamps. Aliás, quase que Lucas Di Grassi andou nesse Toyota – só que a Audi não autorizou.

Em contrapartida, o argentino José María “Pechito” López, tricampeão mundial do WTCC, faz uma estreia retumbante pela equipe neste fim de semana. O piloto de 33 anos será o substituto de Stéphane Sarrazin junto a Kamui Kobayashi e Mike Conway no carro #7. Sébastien Buemi, Anthony Davidson e Kazuki Nakajima seguem juntos para o campeonato no outro carro full season. No Prólogo, a Toyota fez os dois melhores tempos e Nico Lapierre, além de Yuji Kunimoto, confirmado para Spa e Sarthe, participaram dos treinos. O francês foi o piloto mais rápido na pista de Monza.

BYKOLLES RACING
Team Principal: Boris Bermes
Carro: ENSO CLM P1/01
Motor: Nismo VRX30A 3 litros V6 Turbo
Potência: 700 HP
Transmissão: Ricardo 7 marchas, com acionamento sequencial paddleshift
Pneus: Michelin
Peso mínimo: 850 kg

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No Prólogo, a ByKolles esteve mais nos boxes do que propriamente dentro da pista

A ByKolles Racing teria como grande atração nesta temporada a presença do polonês Robert Kubica. Teria: poucos dias antes dos primeiros treinos oficiais em Silverstone, o piloto decidiu pôr fim ao compromisso, frustrando os seus fãs e os que ainda acreditavam em vê-lo numa categoria de nível mundial. Muita gente acha que Kubica desistiu por não ver potencial num carro que, até hoje, jamais se mostrou competitivo.

Embora a equipe tenha se esforçado trazendo o motor Nissan VRX30A que seria usado no malfadado GT-R LM Nismo que disputou as 24h de Le Mans em 2015, no Prólogo o carro teve vários problemas – principalmente de falta de peças de reposição. Tanto que foram completadas apenas meia dúzia de voltas só para constar. O britânico Oliver Webb, único remanescente da campanha do ano passado, terá novos colegas de equipe, anunciados ontem: o austríaco Dominik “Dodo” Kraihamer, que ficou a pé com as mudanças radicais na Rebellion Racing, apesar de uma ótima campanha ano passado e o também britânico James Rossiter.

Comentários

  • Belissimas materias do WEC e ELMS como sempre.

    Dentro do Jornalismo Brasileiro voltado pro automobilismo você é de longe o profissional mais competende que temos, falando praticamente de todas as categorias com conhecimento de causa. Infelizmente 90% dos jornalistas acham que existe só a f1 e fora isso dá até pena quando tentam falar de outra categoria, como a materia de um jornalista experiente sobre o Wec no globo hj, coitado um fora atras do outro, acho q nunca viu uma corrida.

    Enfim sou leitor assiduo e participativo do blog e de todos os trabalhos seus e queria dizer parabens pela dedicação que voce trata o automobilismo e os fãs de verdade.

    • Fernando, eu vi a matéria. Acho até que a intenção é boa, mas desde o título ela já continha um erro grave. O André Negrão só corre em Spa. E como se omite a presença do Nelsinho Piquet e do Daniel Serra, se todo o mundo sabe que os dois vão correr no WEC? – o Daniel pelo menos até Le Mans. É inacreditável. Mas não surpreende. Infelizmente.