Direto do túnel do tempo (370)

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RIO DE JANEIRO – O dia 30 de maio de 1992 ficou marcado na história de uma das piores equipes já vistas em todos os tempos no Campeonato Mundial de Fórmula 1. Naquela data, Roberto Pupo Moreno classificava pela primeira – e única vez – um carro da Andrea Moda para disputar uma corrida da categoria.

E logo qual? O GP de Mônaco, nas ruas de Monte-Carlo.

A bem da verdade, a classificação de Moreno para o grid se desenhou na quinta-feira, já que não há treinos nas ruas do principado às sextas. Logo na pré-qualificação, eliminou a Venturi-Larrousse Lamborghini do japonês Ukyo Katayama. E na primeira sessão de classificação – em tempos que havia dois treinos de definição do grid, sem limite de voltas, o Baixo consegue a façanha de andar em 1’24″945 – 20º tempo entre 30 pilotos que disputavam 26 vagas no grid. Era bom demais!

O esforço de Moreno acaba recompensado por todo o Paddock. Ao fim do treino, ele é aplaudido de forma unânime por donos de equipes, engenheiros e pelos adversários. No sábado, dia 30 de maio, seu tempo não melhora, mas ele consegue um lugar no grid – ainda que em último, deixando atrás de si por 0″036 a Brabham de Eric Van de Poele. Damon Hill, filho do “Mister Mônaco” Graham Hill, Andrea Chiesa e Paul Belmondo foram os outros que ficaram pelo caminho.

“Classificar a Andrea Moda talvez tenha sido melhor do que ser campeão”, disse o Baixo na época. “As melhores voltas dos pneus eram a quinta ou a sexta. Só que já na quarta volta, nosso motor corria o risco de superaquecer porque não tinha refrigeração suficiente!”, exclamava o brasileiro.

E na corrida, foi o que se viu: Moreno era 19º quando apareceu envolto numa nuvem de fumaça na 12ª volta. O motor Judd de seu carro foi para o espaço.

Só mesmo Roberto Pupo Moreno para proporcionar o milagre da Andrea Moda disputando pelo menos um GP em sua temporada que nem chegaria ao final. Mais detalhes, aqui.

Há 25 anos, direto do túnel do tempo.

Comentários

  • Pupo Moreno foi um piloto competente, rápido e bom acertador de carros (contemporâneo do bom e velho Nelson Piquet) mas infelizmente não teve sorte, $$$$ e não teve a devida valorização por onde passou na F-1. O trabalho que fez na Benneton em 1990, substituindo no fim da temporada o Alessandro Nannini (salvo engano, havia sofrido um acidente de helicóptero) e até começou a temporada seguinte por conta das boas atuações como substituto (segundo no GP do Japão, fazendo a dobradinha com o Nelson Piquet), mas pelas velhas questões que permeiam o esporte a motor (interesses financeiros das equipes, patrocinadores, politicagem, etc) ele foi sacado da equipe e em seu lugar entra um certo alemão chamado Michael Schumacher… Depois desse feito épico com a Andrea Moda, ele ainda tentou fazer a Forti Corse andar mas não conseguiu operar outro milagre. Ele também correu na Indy (acho que ganhou uma corrida em Cleveland) mas nunca teve o devido apoio $$$$$ pra mostrar todo o talento que tinha, pois até foi piloto de testes da Ferrari em fins dos anos 1980 (88 ou 89) e creio que lá em Maranello não aceitam qualquer um pra isso… E a propósito, por onde anda Roberto Pupo Moreno??

  • Um dos melhores pilotos que o Brasil já teve e por aqui é tratado como um qualquer,enquanto é reverenciado lá fora,especialmente Europa e Estados Unidos.Vai entender.

  • – Então, Mattar, torci muito pelo “operário da velocidade” que, vira e mexe, sempre é tema de um post por aqui. Não acompanhei a classificação ao vivo mas fiquei sabendo da façanha na corrida logo depois que ele abandona a corrida. Aqui o testemunho do próprio:
    https://www.youtube.com/watch?v=PB-MIeynO4g

    E adicionando ao post, teve um bolim no dia do meu aniversário, dia 26 de maio e, por coincidência, fazia um curso de “computação” na Data Control!
    Aí dude, não deu outra: torci como nunca pro Roberto na U.S 500 em Michigan, que por algum momento, confundi com a INDY500, até porque, onde lembro, a IRL não tinha ainda a transmissão na Band e o Téo ainda chamava de Indy e não de Fórmula Mundial. Enfim, isso é outra história. Vasser ganhou, André Ribeiro quebra na última volta e Moreno abocanha o terceiro posto! Ha,ha,ha lembro como hoje da emoção do Moreno (com direito a “pelotão de merda” kkk) e da narração de Téo José:
    https://www.youtube.com/watch?v=16N2OUbfJf4

    Se me permite, 26 de maio de 1996: “direto do túnel do tempo”…
    Abr

    • A IRL teve a transmissão da Indy 500 pela primeira vez na Band justamente em 1996, meu caro Moisés. As duas primeiras provas (Walt Disney World e Phoenix) passaram em VT pelo SBT, mas depois a IRL foi repassada para a Bandeirantes. Lembro muito bem que o Luciano narrou a corrida que o Buddy Lazier venceu.

  • E pensar que Moreno foi espinafrado da Benetton no ano anterior, pelo crápula do Flavio Briatore, que alegou que ele era “incapaz” de pilotar um F-1, como justificativa para a sua demissão, para colocar de qualquer jeito o Michael Schumacher no seu lugar… Fico imaginando se Eddie Jordan tivesse sido mais esperto, e “prendido” o alemão com um contrato, o que teria acontecido depois…