Preston Henn (1931-2017)

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Ladeado por A.J. Foyt e Randy Lanier em Daytona, 1983, Preston Henn foi uma das personagens mais folclóricas do automobilismo dos EUA

RIO DE JANEIRO – Morreu neste domingo, de causas naturais, um dos pilotos que estão na história como campeão das tradicionais 24h de Daytona: o estadunidense Preston Henn tinha 86 anos, era multimilionário e fez do automobilismo sua maior paixão além dos negócios.

Nos anos 1960, o empresário nascido em Murphy, na Carolina do Norte, fundou a Fort Lauderdale Swap Shop, que se tornou uma grande atração do estado da Flórida, só perdendo para a Disney. Os lucros foram tão grandes no empreendimento que, na década seguinte, além de um drive-in e de um mercado de pulgas (o famoso Brechó, no nosso idioma), Henn também contratou vários artistas na crista da onda para shows. KC & The Sunshine Band, Three Dog Night, Loretta Lynn e Willie Nelson foram alguns deles. Do rock ao pop, resvalando na música country, valia tudo para fazer a Swap Shop render mais dinheiro.

Tanto que em 1979, dois anos depois de sua estreia nas pistas (já com 46 anos de idade, é bom lembrar), lá estava Preston Henn em Sarthe para fazer sua primeira aparição – de um total de seis – nas 24h de Le Mans. Correu de Ferrari 512BB da NART com os franceses Cyril Grandet e Jean-Pierre Delaunay, abandonando a prova.

Quatro anos mais tarde, a bordo de um Porsche 935 L preparado pela Andial – uma evolução do lendário Moby Dick – dividido com A.J. Foyt, Bob Wollek e Claude Ballot-Lena, venceu as 24h de Daytona. Com esse mesmo carro, ele foi vice-campeão na Flórida em 1984.

Em Sarthe, a equipe de Preston Henn foi a primeira a correr com o modelo 962 – que na verdade era um 956 convertido pela equipe de John Fitzpatrick. Ele dividiu o carro #61 com Edgar Dören e Michel Ferté, abandonando com problemas de ignição. Menos mal que o Porsche 956 #26 entregue a Jean Rondeau e John Paul Jr. conquistou o vice-campeonato das 24h de Le Mans, com duas voltas de desvantagem para o Porsche de Klaus Ludwig/Henri Pescarolo. Assim, o melhor resultado de Preston como piloto na prova francesa foi um 10º lugar na geral e no Grupo C, em 1983.

Após as 24h de Daytona de 1986, afastou-se definitivamente das pistas. Quem mais lamentou a morte dele foi A.J. Foyt, lenda viva do automobilismo dos EUA.

“Droga! Odeio ouvir isso sobre Preston”, disse o texano. “Acabei de lhe enviar uma carta há alguns dias, agradecendo por me contratar naquele dia em Daytona (N. do blog: o carro de Foyt havia quebrado e ele não participaria da corrida) e por me dar o troféu que entreguei ao meu pai antes dele morrer. Esse foi um troféu especial, uma lembrança especial e então decidi escrever. Espero que tenha conseguido receber e ler a carta”, lamentou Foyt.

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