Vitória que reaquece o campeonato

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No clique de Beto Issa, o grande vencedor do GP da Espanha (Foto: reprodução Grande Prêmio)

RIO DE JANEIRO – Para quem achou que o GP da Espanha seria um tédio total, como eu pensei que poderia ser pelo retrospecto histórico da corrida nos últimos anos, até que neste domingo tivemos coisas bacanas. A vitória de Lewis Hamilton foi uma delas. O britânico conseguiu um triunfo crucial e que reaquece o campeonato. Depois de ter corrido em Sochi no “modo estagiário”, o piloto da Mercedes-Benz mostrou porque tem três títulos no currículo e hoje foi muito feliz – ele e a equipe, inclusive – na estratégia e na condução de seu carro.

Não esqueçamos que Sebastian Vettel foi um grande e difícil adversário para Lewis e o que mudou a dinâmica da corrida foi o fato do alemão ter optado por montar os pneus de tipo médio, os mais duros para a corrida – já que ninguém optou pelo composto “Hard” propriamente dito – no stint final da corrida. E a defesa de posição após sair do box em sua última parada é uma amostra que o piloto da Ferrari tem colhão o suficiente para encarar Hamilton na hora e na pista em que ele quiser. Só não segurou o rival porque não tinha jeito.

“Ele parecia um trem me ultrapassando”, disse Tião pelo rádio.

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Esta imagem comoveu todo mundo que assistiu o GP da Espanha pela TV (Foto: reprodução Grande Prêmio)

O GP da Espanha começou com a famosa cagada da primeira curva. Cortesia de Valtteri Bottas, que não quis dar espaço algum a Kimi Räikkönen na dividida do esse inicial. Como efeito, os finlandeses se acharam e a Ferrari do homem de gelo foi lançada de encontro à Red Bull de Max Verstappen. O vencedor do ano passado ficou fora da disputa e Kimi também, levando às lágrimas um pequeno ferrarista.

Depois, numa ação inédita – não sei se da própria equipe ou da Fórmula 1 – o garoto que era visto aos prantos na arquibancada foi assistir o resto da corrida no box da Ferrari. Ganhou um boné maior que o seu tamanho, camiseta e tudo o mais. Atualizando: o Thiago Arantes, cracaço, foi atrás da personagem do dia e nos trouxe isso aqui, ó.

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E o orgulho de ganhar camiseta e boné oficiais do ídolo? (Foto: reprodução TV/Grande Prêmio)

Nos tempos de Bernie Ecclestone isso aconteceria? É claro…. que não.

Voltando à vaca fria, ou melhor, à corrida, foi um desfile de superioridade de Mercedes e Ferrari sobre o resto. Todas as outras equipes foram mais resto do que nunca neste domingo e o único piloto que não levou volta dos dois foi Daniel Ricciardo, que herdou a 3ª posição depois que o motor do carro de Valtteri Bottas fez um barulho parecido com um peido e resolveu parar de funcionar.

A Force India continua bem na foto: o time dos carros rosáceos ficou na zona de pontuação com sobras e Sergio Perez aumentou seu recorde pessoal para 15 corridas no top 10, conquistando o melhor resultado da equipe no ano – 4º lugar. Esteban Ocon foi no mesmo ritmo do parceiro e chegou à quinta corrida consecutiva nos pontos, chegando também ao melhor resultado da carreira.

Hoje, sem medo de errar, dá pra afirmar que esta é a quarta força da Fórmula 1.

A Williams esteve simplesmente pavorosa. Até dá para amenizar o lado do Felipe Massa, que teve um pneu furado logo na primeira volta e caiu para último. Mas ver os carros brancos – com motor Mercedes – tomando DUAS voltas dos líderes já é um pouco demais. E o que dizer de Lance Stroll, que acabou em 16º – último entre os que terminaram?

Aliás, o lugar do canadense é um dos mais desperdiçados do ano, tanto quanto o assento ocupado por Jolyon Palmer na Renault. Basta comparar o que o piloto (não) tem feito com os desempenhos de Nico Hülkenberg seja em classificação quanto em corrida. Em Barcelona, o britânico foi patético. E Hülk chegou em 6º, mostrando progressos com o Renault R.S.17 e alcançando o melhor resultado da Régie no ano.

Também foi legal a performance da dupla da Toro Rosso – Carlos Sainz Jr. foi 7º e Daniil Kvyat, após um rendimento medonho nos treinos, voltou a pontuar. Romain Grosjean, mesmo sem o chassi atualizado, também fez sua parte.

Mas eu destaco agora aquele que, para mim, foi o melhor piloto da corrida: Pascal Wehrlein.

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Espetacular: 8º colocado – e com a Sauber! – após uma punição, Pascal Wehrlein foi o maior nome deste GP da Espanha

Esse alemão mostra que tem um algo mais em relação a muitos que estão ali. Além de ser muito mais piloto que Marcus Ericsson, é muito inteligente. Já mostrou isso ano passado com a frágil Manor e neste ano, na tísica Sauber, começa a pôr as manguinhas de fora. Acabou penalizado por um erro, perdendo 5 segundos no resultado final. Na pista, foi simplesmente brilhante: com uma só parada nos boxes, terminou em 7º lugar – transformado em oitavo.

Além de dar os primeiros quatro pontos do ano à sua equipe, que precisava muito de um resultado, Pascal também faz o melhor resultado da carreira. Com 22 anos apenas, ele tem um futuro imenso pela frente.

Não duvidem do que ele pode fazer em Monte-Carlo daqui a duas semanas.

Com isso, meus caros leitores, a McLaren chega à 5ª etapa sem ter feito um único ponto em 2017. Situação vexatória para uma gigante da Fórmula 1.

Fernando Alonso bem que tentou fazer sua parte. Foi brilhante na classificação, mas a saída de pista logo nas primeiras curvas pode ter comprometido seu resultado. O asturiano não desistiu e tentou fazer o seu melhor, apesar de um carro com evidentes deficiências. Chegou em 12º lugar e pelo menos por alguns dias, irá esquecer que guia uma carroça – porque a partir de amanhã, ele já treina com o seu carro para as 500 Milhas de Indianápolis.

A briga pelo campeonato pega fogo com a vitória de Hamilton – a 55ª de sua carreira – pois agora Vettel tem apenas seis pontos de vantagem sobre o rival. Mônaco vem aí. Quem será que vence a próxima?

Comentários

  • Essa saiu bem melhor que a encomenda hein. Corrida divertida, bate roda entre Vettel e Hamilton e atuações excelentes de Wehrlein, Ocon, Perez.

    Vexame a Mclaren ser a única equipe sem pontos a esta altura do campeonato, e infelizmente, assim como Renault e Williams, possui somente um piloto, me segurei durante as primeiras etapas para soltar essa, mas Vandoorne está junto a Palmer e Stroll em nível de ruindade. Já tem um bom tempo que a GP2 formou pilotos bons.

      • Proporcionalmente ele está tão pior que Alonso assim como Palmer para Hulkenberg e Stroll para Massa, é um abismo de diferença, acredito que se fosse melhor andaria mais próximo, nem que isso ocorresse em treinos, porém não está sendo o caso. Temo que seja mais um caso de campeão da GP2 que fez fama em cima do grid pouco qualificado da categoria, uma pena.

  • Será que no contrato entre a Williams é o Lance Stroll não tem alguma cláusula que cite a performance do piloto para a manutenção ou não dele por toda a temporada? O piloto reserva da Williams ainda é o Adrian Sutil? Deveriam chamar o Felipe Nars para o lugar dele ou haver uma troca de cockpit com o Pascal Wehrlein.

  • – Eu queria que Hamilton ganhasse em Mônaco, Rodrigo, porém torço para que um dos pilotos da Red Bull vença a lendária corrida.
    No mais, nada a acrescentar. Pós corrida perfeito.
    No entanto, duas coisas. Eu não sei se isso aconteceu, porque eu tive que trabalhar na hora da corrida, mas numa e outra espiada, eu vi Massa, que teve o pneu furado, tentando colocar uma volta em Stroll? Se sim, e se Stroll não teve nenhum incidente, o canadense vai precisar sair da fase larval, direto pra fase adulta. Não tem pupa.

    E eu concordo muito sobre o Pascal. O motor Ferrari que ele acelera é do ano passado. Daí você vê a façanha do rapaz. Se a McLaren não tivesse Alonso, diria quase impossível a eles, alcançar a Sauber.
    Boa semana e “simbora” pra Indy. Todas as segundas-feiras poderiam ser assim.

  • Muito boa a prova, ainda mais em se tratando de Montmeló!! A ultrapassagem do Vettel no Bottas foi espetacular!! A questão da Williams com seus pilotos (não só o Stroll) é complicada! O Massa não tem a velocidade de antes – o Bottas estaria fazendo muito mais – e o Stroll, bem o Stroll vem fazendo Strollices… parece que foi a única equipe que não evoluiu na fase “europeia” da F1.

  • Infelizmente a transmissão brasileira foi manchada pelo grande Galvão Bueno que só narra para o podium e o brasileiro. Se a F1 um mudou, está mais que na hora da detentora dos direitos de transmissão no Brasil extrair o digníssimo de sua posição, pois já não soma nada para que o esporte a motor se torne interessante aos milhões de brasileiros que a emissora cativa.