Ford Cosworth, 50

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RIO DE JANEIRO – A data redonda foi celebrada ontem, mas como o blog e o blogueiro estavam ocupados com negócio de 24 Horas de Le Mans (calma que vem muito post, ainda…) acabou que só lembrei hoje. No dia 4 de junho de 1967, há exatos cinquenta anos, uma verdadeira revolução começava a fazer parte do automobilismo mundial.

Naquele dia, estreava na Lotus 49, carro que fazia igualmente sua primeira corrida na Fórmula 1, o motor Ford Cosworth DFV.

Criação imortal de Mike Costin (ainda vivo) e Keith Duckworth (falecido em 2005 aos 72 anos), a unidade atingia em cheio às necessidades da categoria, que em 1966 começara um novo regulamento, abrindo espaço para motores com 3 litros de capacidade cúbica. Compacto e funcional, o motor Cosworth ganhou o logotipo da Ford em seus cabeçotes e assim ficaria por muitos e muitos anos.

Some-se ao projeto muito bem-nascido de motor uma ideia absolutamente brilhante de Chapman, que concebia seus carros como uma estrutura autoportante de câmbio e suspensão traseira, da qual a unidade mecânica fazia parte. O Lotus 49 amplificou esse conceito. E o conjunto era tão bom que Jim Clark venceu o GP da Holanda, em Zandvoort, na estreia do carro e do motor Cosworth, que começou com potência estimada em 420 HP e foi subindo… subindo… e subindo, até chegar ao seu limite: 495 HP, em 1983.

A partir daí, seguiu-se um período de domínio do motor V8 britânico como poucas vezes vimos na história da categoria. Houve anos, como bem lembrou o Flavio Gomes, que os Cosworth DFV V8 ganharam tudo. Foram 155 vitórias até 1983, quando Michele Alboreto venceu o GP dos EUA, em Detroit e os motores já estavam ofuscados pelas unidades turbocompressoras. A marca chegou ao total de 176 triunfos – o último em 2003 com Giancarlo Fisichella – já com unidades mais modernas e de outra configuração de bloco e arquitetura

Ford e Cosworth deixam saudades na Fórmula 1 e no automobilismo. Ambos os nomes são sinônimos de competição e é uma pena que estejam direcionando sua expertise noutras armas. A Ford, por exemplo, concentra esforços no Endurance e no Mundial de Rali. A Cosworth continua como uma empresa de preparação, mas também envolvida com o motorsport: os 25 protótipos LMP2 que disputarão as 24 Horas de Le Mans neste ano têm a Electronic Control Unit (ECU) desenvolvida e fornecida pela Cosworth.

Comentários

  • Falando de memoria, nos primeiros testes, acho que a potencia declarada do V8 era de 380 HP, e na estreia já se falava em cerca de 400 HP. Mas acho que so no segundo ano (1968) eles efetivamente declararam os 420HP…

    Motor fantastico, com projeto derivado da união de 2 blocos 4 cilindros de serie, extensamente modfificados, foi desenvolvido e construido pelos dois ingleses com recursos patrocinados pela Ford. Dessa forma a Ford teve o direito de plantar seu Oval Azul nesse motor.

    Arrisco especular que se não fosse a estupida morte na corrida de F2 em Hockenheim, Clark teria sido caméão em 1968 com uma performance ainda mais impressionante do que as de 63/65.

    Curiosidade: esse motor também foi montado no lindo prototipo Ford P68, que no dia 7 de abril estreou em Brands com reusltados pifios. Clark estava escalado para guiar esse carro, mas devido a problemas com o fisco ingles, optou por correr de F2 em Hockenheim, no mesmo dia, e veio a sofrer o acidente que lhe custou a vida.
    Spence correu com um dos P68 em Brands, mas logo depois, substituindo Clark em Indy, morreu nos testes com a Lotus Turbina, em 7/05 (um mes depois).
    Chris Irwin, que vinha atras de Clark em Hockenheim, no momento do acidente fatal na F2, e assisitiu o desenrolar do mesmo de camarote, foi chamdo para substituí-los em Nurburgring, pilotando o lindo e complicado P68. Durante os treinos sofreu um fortisssimo acidente na região chamada Flugplatz, no qual quase perdeu a vida, e que lhe deixou severas sequelas, que o fizeram abandonar a carreira. Sendo um tanto o quanto fatalista, da pra pensar que tinha algo tragico marcado para Clark, naquele ano…..

  • Outra curiosidade: não sei se existe uma pista de pouso proxima a esse trecho de Nurburgring chamado Flugplatz, que em tradução literal seria aeroporto, aerodromo.
    Fato ´é que o nome não poderia ser mais apropriado, pois é no trecho de Flugplatz que a pista de Nurburgring tem os famosos desniveis que fazem os carros literalmente decolar, vide as fotos onde se ve os mesmos com as 4 rodas no ar…
    No acidente de Irwin o P68 decolou e capotou longitudinalmente, varias vezes, causando severas ijurias a cabeça e ao pescoço do piloto.