Direto do túnel do tempo (375)

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RIO DE JANEIRO – Estava eu assistindo o box da série Formula One contendo os vídeos-resumo em DVD das temporadas de 1975 a 1980, quando lembrei que nesta semana se completam 40 anos exatos de duas estreias históricas na Fórmula 1. A primeira, que será recordada exatamente no domingo, dia 16 de julho, já que a pista é a mesma, é a de Gilles Villeneuve.

A segunda, não menos importante, é do Renault RS01, o primeiro carro da categoria dotado de motor turbocomprimido.

Trabalho hercúleo, exaustivo e que levou dois anos para ser apresentado, com a colaboração extensa e intensa de duas personagens a quem a Régie deveria pagar tributo para todo o sempre: François Castaing (coordenador do projeto) e Jean-Pierre Jabouille, que com seus dotes de mecânico e engenheiro, ajudou muito a Renault durante todo este processo. Afora que era bom ao volante, a ponto de ganhar o Campeonato Europeu de Fórmula 2 em 1976, em meio ao desenvolvimento do projeto de Fórmula 1 a bordo do “Laboratoire Roulant EE01” – do qual, inclusive, não consigo achar uma única foto. Nem mesmo com a ajuda do Santo Google. Sem contar que sempre era veloz em Sarthe por ocasião das 24 Horas de Le Mans com os protótipos Alpine-Renault, até quebrarem…

É bom lembrar que a Renault só conseguiu estrear no GP da Inglaterra, em Silverstone, por uma deferência de Bernie Ecclestone, já então e até o ano passado o homem-forte da Associação dos Construtores da categoria, então batizada como FOCA e que com o tempo passou a se chamar FOM, hoje controlada por Ross Brawn, via Liberty Media. Eram 36 carros inscritos, houve uma pré-qualificação para se definir 30 para os dois treinos classificatórios, concorrendo a 26 vagas no grid de largada.

Jabouille fez o tempo de 1’20″11, a 1″62 da pole position – que lhe deu a 21ª colocação, apenas 0″25 melhor que o último colocado do grid, o belga Patrick Néve, num horroroso March 761 da equipe de Frank Williams. Alex Dias Ribeiro, primeiro dos quatro não-classificados, ficou a 0″35 do tempo do francês. Tempos interessantes, aqueles, em que uma cadeira elétrica ficava a décimos de segundo de um carro inteiramente novo…

No início, quem chegou a andar à frente do novo Renault Turbo RS01 foi o bicampeão mundial de Fórmula 1 Emerson Fittipaldi, então vivendo dias infernais com o Copersucar-Fittipaldi F5 – e que largara em 22º, exatamente na mesma fila que o bólido estreante. Jabouille passou o carro brasileiro e Emerson seguiu-o por algumas voltas. O francês chegou a ocupar a 16ª colocação, até enfrentar os primeiros problemas – normais para um novo projeto. Voltou à pista em último até desistir de vez com apenas 16 voltas completadas, por quebra do turbo.

Junto ao motor Renault-Gordini de 1,5 litro e arquitetura V6, outra personagem importante também estreava na categoria naquele 16 de julho de 1977: a Michelin, que faria história ao introduzir o conceito do pneu radial para os compostos lisos (slicks), em contraste com os pneus de construção diagonal da rival Goodyear. Os franceses venceriam pela primeira vez antes mesmo da Régie, que só sentiria o gostinho do champagne quase dois anos depois da primeira prova, quando o mesmo Jabouille faturou o GP da França em Dijon-Prénois. O fabricante de pneus ganhou em Jacarepaguá no ano de 1978, graças a Carlos Reutemann e uma condução impecável a bordo da nova cliente da marca, a Ferrari.

Mas essa já é outra história…

Há 40 anos, direto do túnel do tempo.

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