Trifeta: líderes do WEC vencem 6h de Nürburgring e Porsche domina com dobradinha

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“Nürburking”: a Porsche reina num de seus quintais de casa e vence pela terceira vez seguida na Alemanha. A trinca Bamber/Bernhard/Hartley amplia a liderança no Mundial após o segundo triunfo em 2017

RIO DE JANEIRO – Pelo terceiro ano consecutivo, a Porsche vence as 6 Horas de Nürburgring. Num de seus quintais de casa, o construtor de Weissach não tomou conhecimento da pole position da Toyota no treino oficial e fez uma dobradinha absoluta na 4ª etapa da temporada do FIA WEC, o Campeonato Mundial de Endurance.

Após algumas reviravoltas e erros no box, venceu a trinca líder do campeonato e vencedora da última edição das 24 Horas de Le Mans. O carro #2 partilhado por Timo Bernhard/Brendon Hartley/Earl Bamber somou mais 25 pontos na tabela ao cruzar a linha de chegada após percorrer 204 voltas – numa raríssima ocasião em que o Safety Car não precisou dar as caras e intervir durante a disputa.

O triunfo também poderia muito bem ficar com o outro 919 Hybrid: o #1 de Neel Jani/Andre Lotterer/Nick Tandy liderou em vários momentos da prova e apesar de um pit stop muito ruim, que durou 83 segundos contra 75 da trinca vencedora, conservaram a ponta. Mas acabaram precisando de uma última parada mais longa, que durou 56 segundos no total e isso lhes custou a vitória. Não foi dessa vez que Lotterer se tornou o primeiro piloto do WEC a vencer na LMP1 por duas marcas diferentes.

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Duplamente frustrada: a Toyota não teve ritmo de corrida com o carro #7 e a bomba de gasolina do #8 quebrou antes da largada. Isso significou cinco voltas perdidas e Sébastien Buemi, que abriu mão da Fórmula E, chegou em quarto

À frustração de Le Mans se seguiu mais uma para a Toyota na Alemanha. O carro #8 de Sébastien Buemi/Anthony Davidson/Kazuki Nakajima, que foi absoluto em Silverstone e Spa-Francorchamps, acabou vítima de um problema com a bomba de combustível logo nas voltas de apresentação. O carro foi recolhido à garagem e logo consertado – mais aí foram cinco voltas perdidas e a chance de pódio foi para o vinagre. A trinca chegou em quarto lugar, cinco voltas atrasada.

Já o #7 que cravou a pole position no treino oficial ficou na dianteira o quanto pôde, mas não teve ritmo para seguir os rivais. Pechito López/Kamui Kobayashi/Mike Conway pelo menos puderam salvar o pódio. E em sua prova de despedida da temporada, a ByKolles sobreviveu a um longo pit stop para levar seu bólido até o fim na 14ª posição geral e quinto entre os LMP1.

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Mais uma: na LMP2 ninguém pôde com a Jackie Chan DC Racing e a trinca do #38 venceu pela terceira vez na categoria em 2017

Na LMP2, ninguém pôde contra o trio campeão em Le Mans: bem que a turma da Vaillante Rebellion tentou, mas foi quase impossível conter a Jackie Chan DC Racing, que segue irresistível. O #38 de Ho-Pin Tung/Thomas Laurent/Oliver Jarvis conquistou um ótimo quinto posto na geral e a terceira vitória da trinca em quatro provas, aumentando ainda mais a liderança na competição paralela da divisão inferior de protótipos.

Apesar das dificuldades já previstas, Bruno Senna e seus parceiros Julien Canal e Filipe Albuquerque – este, atuando como substituto de Nicolas Prost – foram competitivos e conquistaram mais um pódio na categoria, o terceiro em quatro corridas. A Vaillante Rebellion só não teve seus dois carros entre os três primeiros porque, na reta final da disputa, o #36 da Signatech-Alpine Matmut superou o #13 que teve entre seus pilotos neste domingo o brasileiro Pipo Derani. Mesmo assim, foi um bom retorno dele à LMP2 no WEC, conquistando o 8º lugar na geral.

Infelizmente, após o 3º lugar em Le Mans e a segunda posição naquela corrida em sua categoria, André Negrão e seus parceiros Pierre Ragues e Nelson Panciatici não tiveram a mesma sorte dessa vez na Alemanha. Além de terem que pagar uma penalidade de 30 segundos por contato evitável durante os treinos, abandonaram a disputa com sérios problemas de câmbio. Agora é ver se Philippe Sinault terá a possibilidade de alinhar esse carro nas demais corridas do WEC. Tomara que sim…

A Porsche bem que tentou – mas ainda não foi dessa vez que aconteceu a primeira vitória do 911 RSR com motor central-traseiro. Os alemães chegaram a liderar em vários momentos e a Aston Martin também esteve bem, especialmente no início. Mas a Ferrari e a AF Corse administraram melhor o rendimento do carro e principalmente dos pneus, sempre uma preocupação numa temporada em que há restrição de sets de compostos especialmente entre os Grã-Turismo.

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Após os problemas em Sarthe, vitória para Ale Pier Guidi e James Calado com a Ferrari da AF Corse na LMGTE-PRO

Por isso, quem riu por último foi a dupla James Calado/Ale Pier Guidi, que fecharam a disputa em 15º lugar na geral e com quase 50 segundos de vantagem para Fred Makowiecki/Richard Lietz. Menos mal para a Porsche que suas duas duplas foram ao pódio, uma vez que Michael Christensen/Kévin Estre salvaram a terceira posição na quadriculada.

A Aston Martin saiu da disputa com o 4º posto conquistado por Nicki Thiim/Marco Sørensen, enquanto o melhor Ford foi o dos líderes do campeonato – até Le Mans – Harry Tincknell e Andy Priaulx, que fecharam em quinto na divisão. O 7º lugar foi o melhor que a trinca Jonathan Adam/Daniel Serra/Darren Turner pôde alcançar nesta corrida, representando mais seis pontos na tabela.

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Deu Porsche também na LMGTE-AM com a Dempsey Racing-Proton faturando a prova sobre a Spirit of Race e a Aston Martin Racing

Porém, se os germânicos não ganharam com o time oficial na LMGTE-PRO, a Dempsey Racing-Proton, numa ótima corrida dos locais Marvin Dienst e Christian Ried, mais o promissor italiano Matteo Cairoli, conquistou a primeira vitória em 2017. Eles bateram a Spirit of Race, que teve a melhor performance do ano com Thomas Flöhr/Miguel Molina/Francesco Castellacci e a Aston Martin Racing, mais uma vez insuperável em qualificação e que ficou devendo em ritmo de corrida.

Agora o WEC vive duas expectativas: pela etapa do México no início de setembro e também pelo futuro da Porsche na categoria. Os alemães teriam acenado com a possibilidade de deixar a competição para investir noutras categorias como a Fórmula E e a Fórmula 1 – desta última, inclusive, saíram chamuscados após o malogro do motor V12 aspirado que foi entregue à Footwork em 1991. Mas hoje, com a tecnologia disponível e com a expertise adquirida no desenvolvimento de unidades híbridas, a história pode ser diferente.

Segundo informou Andreas Seidl, o diretor geral do projeto Porsche LMP1 no Mundial de Endurance, lá mesmo em Nürburgring, “até o fim do mês” haverá uma decisão. Pascal Vasselon, da Toyota, está preocupado. A debandada da Porsche pode significar, também, o fim do programa da Toyota e a morte dos times oficiais de fábrica da LMP1 – algo que também deve estar plantando uma enorme pulga atrás da orelha dos homens-fortes do Automobile Club de l’Ouest, organizador do WEC e das 24 Horas de Le Mans.

Comentários

  • A categoria P1 nem deveria ser mantida para 2017 depois da desistência da Audi. Imagina o fã de automobilismo que vai ao autódromo por 6 horas assistir a disputa entre 4 carros na categoria principal! Ninguém merece meu caro Rodrigo Matar.

    • Acabar só por causa da Audi? Bobagem. Pura bobagem. A LMP1 já teve dois carros no American Le Mans Series e o fã não reclamava. E esses dois eram Audi.

      Ninguém merece ter o sobrenome escrito errado. Você gostaria que eu errasse o seu?

      • En 2015, las 24 Horas de Le Mans tuvo 14 inscriptos en LMP1. Este año hubo apenas 6.

        La FIA y el ACO deberían atraer más fabricantes, pero no es fácil con prototipos tan caros de desarrollar.

    • Não digo, não existir a LMP1, mas eu fã desta categoria desde sempre, reconheço que esse ano está um tédio. A IMSA Weather Tech esta bem melhor. Vide as corridas que o proprio Rodrigo transmite.
      Obs.: Le Mans sempre magnifica, mas este ano eu torci para todos os LMP1 quebrarem kkkkkkkk

  • Pelo andar da carruagem, a Porsche vai em busca do tricampeonato do WEC. Que azar para a Toyota.

    A ByKolles vai mesmo se retirar após a corrida? A equipe vai mudar para a LMP2? Poderemos ter apenas 4 carros na LMP1?

    • A pretensão da ByKolles é desenvolver um novo equipamento para a LMP1 em 2018. Teremos só quatro carros na divisão principal até o fim do ano e a Toyota, que poderia pôr um terceiro carro em Fuji não sei se o fará.

      • Complicado a vida da ByKolles. Sair do campeonato para desenvolver um novo LMP1 para o ano que vem. Aí Porsche e Toyota saem fora e ele correm sozinhos. Seriam campeões sem concorrencia.

        Adoro os protótipos, mas tenho saudades da época dos McLaren F1, Ferrari F40 e Porsche 911.

  • O ACO e a FIA não poderiam subir os P3s para suprir essa possível debandada dos P1s? Assim os P2 poderiam ser a classe principal, sem times de fábricas, apenas os garagistas, apaixonados. Nesse ponto eu concordo com o Sr. Max Mosley, nem sempre dar vagas para montadoras pode ser um bom negócio, pois elas vão e vem de acordo com seus balanços financeiros.

    • Sinceramente a ACO e a FIA deveriam incluir os DPIs (Daytona Prototype International) da IMSA WeatherTech para correr juntos na LMP2, para suprir essa debandada dos LMP1. Assim a LMP2 passaria a ser a divisão principal, como o cara acima disse.

      • Também seria legal! Já pensou ver esses DPis correndo em Le Mans? Os irmãos metralha teriam ganho esse ano fácil!

      • Se pegar os DPIs e acrescentar uns 100cv a mais, já teríamos uma diferença de desempenho suficiente em relação aos LMP2.

  • Por mais que hajam estes rumores sobre a Porsche, não sei se de fato eles desenvolveriam um programa tão caro e complexo para apenas tres anos ou 4 temporadas (iniciou em 2014…). De qualquer forma, se isso acontecer, vai provavelmente decretar o fim dos LMP1 híbridos e o caminho fica livre para os P1 convencionais, com a SMP vindo, a própria ByKolles…quem sabe outros times se interessem, pois no passado tinhamos JRM, Strakka e OAK Racing competindo com a Rebellion o grid dos LMP1 não híbridos era interessante…
    Mas vamos falar da corrida…acho que a canoa começou a virar para a Toyota inclusive para o campeonato, porque realmente a Porsche foi muito superior em ritmo de corrida.
    Na Pro, achei que iria dar Porsche, mas a AF Corse foi mais eficiente e levou…mas uma coisa me chama a atenção: A Aston Martin já parece ter sofrido alguma penalização do BoP do ACO…isso talvez explique o porque dos carros não parecerem ter condições de brigar pela vitória…o mesmo ocorre com a Chip Ganassi…desde Sarthe deram uma amarrada geral nos Ford GT. Parece que ainda não encontraram uma forma de ajudar um carro a ter mais chances sem penalizar demasiadamente outros…