Implosão? Não, reinvenção

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Tchau, WEC. Oi, Fórmula E: a Porsche troca de categoria, coloca fim ao seu programa de Endurance e aponta – a princípio – que o futuro do esporte está nos carros elétricos. Será mesmo?

RIO DE JANEIRO – Concordo que o automobilismo tal como nos acostumamos – pelo menos eu me acostumei com ele do jeito que o conheci – não vive dias dos mais fáceis.

Audi, Mercedes, BMW e Porsche, nada menos que quatro marcas de peso, tradicionais – e todas alemãs – anunciaram mudanças radicais em seus esquemas de esporte a motor em curto espaço de tempo. A Audi foi a primeira a anunciar sua retirada do WEC, o Campeonato Mundial de Endurance. Depois, a BMW fincou pé com um programa de Fórmula E e os quatrargólicos seguiram a mesma toada, absorvendo oficialmente a responsabilidade pela equipe ABT.

Na última semana, a Mercedes jogou uma bomba de proporções atômicas no DTM e a Porsche outra, no WEC. Duas marcas do Volkswagen Auto Group (VAG) fora da principal competição de resistência do planeta em menos de um ano. Um duro golpe para o Automobile Club de l’Ouest e para a FIA.

O Flavio Gomes escreveu este artigo aqui, com o qual concordo em partes.

Mas não concordo com a visão apocalíptica e fatalista de que o WEC acabou. O DTM, este sim, pode morrer de inanição. O WEC, não.

O futuro pode estar na Fórmula E? Sim, pode. Acredito que categorias de carros elétricos serão uma realidade. Mas enquanto houver resistência, criatividade e especialmente reinvenção, o automobilismo na essência não vai perecer tão cedo.

Parto do princípio que, embora alguns países estejam bastante inclinados a banir carros com combustíveis fósseis de suas linhas de produção, outros mercados de alto potencial podem não seguir a mesma premissa e é por aí que o esporte a motor pode se manter vivo.

Tudo passa pela tal da reinvenção.

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Até a Nascar, em crise e perdendo público nos autódromos e na TV, além de patrocinadores, buscou novos caminhos com a mudança das regras desportivas e a tentativa de fidelizar um público mais jovem, teoricamente desinteressado de carros e automobilismo

A Nascar, por exemplo, vive uma crise com relação à perda de público nos autódromos e na audiência televisiva – e alguns patrocinadores de muitos anos também têm batido em retirada, caso da Target, que por quase 30 anos ficou com a Chip Ganassi Racing. O que os ianques fizeram? Costuraram primeiro um acordo com uma marca de bebida energética para fidelizar um novo público – os jovens de hoje, infelizmente, não costumam ter a mesma relação afetiva que eu, quase um velho de meio século de vida, tive (e ainda tenho) com os carros.

Depois, mudaram o livro de regras desportivas da categoria, tornando as disputas mais atrativas para os fãs por conta da adoção dos segmentos a cada disputa. Pode parecer chato ter que fazer conta, porque era mais simples esperar uma prova de 300 voltas terminar pra saber a pontuação. Mas isso criou uma nova dinâmica para a divisão principal. Descontem a punição a Joey Logano em Richmond e tivemos 14 pilotos diferentes vencendo corridas antes de Watkins Glen. É o maior total desde a adoção do formato atual de playoffs. E se isso não significa alguma coisa, então não sei de mais nada.

O que aconteceu com o Mundial de Endurance foi o seguinte: descontando o escândalo do “Dieselgate” da Volkswagen, enquanto o regulamento foi bom primeiro para a Audi e depois para a Porsche, as duas se aguentaram no negócio. A Audi levou pau da coirmã ano passado e se decidiu por se retirar por cima. Venceu em sua – por enquanto – última aparição no WEC e deixou o caminho aberto para a casa de Weissach emplacar o tricampeonato em Le Mans – o que, de fato, aconteceu.

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Quatro ases e nenhum coringa: Audi, BMW, Mercedes-Benz e BMW direcionam armas para o automobilismo com motores elétricos. E isso pode deixar o esporte como o conhecemos em xeque. Ou não…

Mas os custos proibitivos demais no desenvolvimento de carros tão complexos também cobrou a conta. A Porsche confirmou que, desde 2013, ano em que iniciou seu programa 919 Hybrid, gastou por ano quantias próximas de US$ 200 milhões. Isso é um orçamento próximo de time de ponta da Fórmula 1. A Toyota gasta muito menos do que isso e tinha um carro mais rápido que a Porsche no início do campeonato. Sem competição alguma, o que restará aos japoneses em 2018? Correr sozinhos? Contra eles mesmos? Esperar um possível retorno da Peugeot no regulamento proposto para 2020?

Vicente Matheus diria que é uma ‘faca de dois legumes’.

Tem mais: a Nissan, quando apostou no seu Batmóvel de motor dianteiro, também não gastou os tubos como as rivais e talvez tenha pago um preço muito caro pela ousadia de trazer um carro com aquela configuração e gastando pouco. Em 2015, as 24 Horas de Le Mans tinham 14 protótipos LMP1, sendo onze de quatro fábricas diferentes. Neste ano, foram seis – o pior total no atual formato de disputa – com apenas dois fabricantes oficiais e um independente.

As constantes mudanças de regulamento também são um fator de instabilidade – e tanto FIA quanto ACO têm sua parcela de responsabilidade nisto. Os franceses tanto de Le Mans quanto na Place de la Concorde têm que descer do pedestal, reconhecer seus erros e buscar alternativas (ouvi a palavra reinvenção?) para tornar o WEC e as 24 Horas atrativas.

Para 2018 será quase impossível. Mas, porque não estender a mão ao regulamento DPi da IMSA – este sim, um tiro certeiro que vem atraindo mais e mais fabricantes – para tornar a disputa em Sarthe viável? Entendo que a questão orçamentária seja um ponto contra num primeiro momento, mas a partir do momento que se pode seduzir uma Penske, uma Joest Racing, a Nissan e a Cadillac a correrem na França, quem haverá de dizer não?

Carros a propulsão elétrica são um caminho sem volta? Francamente, não sei.

Vejo as montadoras empolgadas com a Fórmula E e com alguma razão. Há retorno imediato, o investimento não é tão caro quanto no WEC e falando da Porsche, não tenho dúvidas de que, quem fez o que fez no 919 Hybrid, faz qualquer coisa na categoria de monopostos que o Fox Sports transmite e começa forte, pau a pau com qualquer outro construtor envolvido com a categoria.

Agora, se é para ser fatalista, lembro da questão ambiental. A premissa de “emissão zero” passa por uma situação muito mais agravante. A extração do lítio, metal que alimenta as baterias dos veículos elétricos, é tão ou mais nociva ao ecossistema do que qualquer areia petrolífera – e existem várias espalhadas no planeta inteiro. É ou não é também uma visão apocalíptica, por um outro viés, bem mais preocupante?

As baterias não têm vida longa. Como elas serão descartadas? Alguém pensou em soluções?

Sim, está tudo acontecendo rapidamente. Mas se não houver outra alternativa, vamos ficar assim? Emissão zero e o ecossistema pagando o pato?

Disse e repito: o automobilismo precisa de reinvenção. Enquanto houver alternativas com combustíveis fósseis, acredito que ele resista e que possa também continuar coexistindo dentro da proposta do WEC e da Fórmula 1, no mix de motores a combustão com unidades elétricas de potência, alimentadas pela energia dos freios, pelos turbocompressores, por baterias, supercapacitores ou qualquer coisa que auxilie o esporte.

Os dirigentes precisam também olhar com mais carinho e atenção para os fãs. Vejam o efeito que causou a participação de Fernando Alonso para a Fórmula Indy, para a Fórmula 1 e para a própria imagem do piloto.

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Montadoras vêm e vão como e quando querem: a Renault, em quarenta anos, investiu em quatro programas diferentes na Fórmula 1. Afora o que se consumiu nos anos 1970 em várias tentativas para vencer as 24 Horas de Le Mans e na Fórmula 2

Montadoras? Elas vêm e vão com o sabor do vento, é o que eu sempre falo. A Renault, só para exemplificar, fez QUATRO programas distintos na categoria máxima num intervalo de 40 anos. De 1977 a 1986, na primeira “Era Turbo” foram equipe e fornecedora de motores; de 1989 até 1997 voltaram como fornecedora de motores, inclusive nos oferecendo a inovação máxima – para a época – de motores com 10 cilindros; voltaram como equipe de 2002 até 2011 (já haviam regressado como fornecedores da Benetton em 2001) e agora, a partir do ano passado. Afora o que a Régie gastou em francos nos anos 1970 até vencer as 24 Horas de Le Mans – e considerar sua missão “cumprida”, bem como o programa da Fórmula 2 europeia, quando a categoria atingiu seu auge.

Eu também poderia citar a Honda, mas não quero fazer o leitor perder a paciência com esse tipo de argumento.

Uma outra reinvenção do esporte poderia – pelo menos aqui no Brasil – passar pelo fortalecimento das Ligas Independentes, desde que a CBA não metesse o bedelho. Ou vocês acham que a Nascar depende do USAC, da IMSA ou do AAA para sobreviver? Nada disso: é uma empresa independente, uma liga independente e um modelo de negócio independente.

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A Associação dos Pilotos de Endurance (APE) reergueu o Campeonato Brasileiro de Endurance, que ninguém queria fazer. Como? Simples: adotando o mesmo regulamento do Regional Gaúcho, o mais forte do país

Iniciativas como a da APE (Associação dos Pilotos de Endurance) podem nos apontar um caminho de futuro promissor para o esporte na Terra Brasilis. O Campeonato Brasileiro de Endurance, que ninguém queria fazer, agora está sob a tutela da APE e nas últimas provas a média foi de quase 40 carros por corrida. A solução foi simples: usar o mesmo regulamento do Regional Gaúcho, o melhor do país. Com vontade e desprendimento – e principalmente sem vaidade – dá pra fazer algo muito legal no Brasil.

Basta querer.

Implosão? Não. O automobilismo não vai acabar. Mas urge uma renovação – de ideias, propostas e cabeças. Não sou contra os carros elétricos no automobilismo, muito pelo contrário. Vejo por enquanto tudo isso como uma alternativa ao que temos e pode ser que, em breve, seja exatamente o contrário. Mas discordo, repito outra vez, da visão fatalista do Flavinho.

E é aí que está a graça da vida. Uma discussão saudável, com propostas, argumentos e sugestões de soluções. O FG tem o ponto de vista dele. Eu tenho o meu. E segue o parador.

Comentários

  • Mattar, acredito que, além do efeito sustentabilidade, os custos de deslocamento e pessoal estão impactando. O automobilismo não vai implodir mas deve se regionalizar. As Competicoes importantes em seus continentes sobreviverão e as com disputa mundial serão poucas, talvez f1, fe e mais uma ou duas.

    • Hamilton, não posso concordar mais com seu argumento. E o maior exemplo está aqui do lado: Quer automobilismo mais forte, na america do sul, que o argentino?? Muitissimas categorias, muitas delas até certo ponto acessiveia para quem quer praticar, retorno financeiro, envolvimento de montadoras regulado pelo governo(sim, por incrivel que pareça), idolos locais(e alguns se tornando mundiais, como o Pechito Lopez)… e tudo fechado em um país.

      • Milton, sua discordância com um exemplo perfeito do que escrevi me deixou em dúvida. Mas, segue o parador…

  • Tem um ponto que ainda não vi ser abordado. Assistir FE pela TV, tudo bem. Agora assistir ao vivo sem o ronco de um motor é como assistir um programa de TV de alta resolução em branco e preto. Quem realmente é aficionado por competições a motor nunca vai dispensar o arrepiou de um Aston Martin V12 no retão de Interlagos ou de qualquer autódromo do mundo! Não tem explicação, só estando lá, como eu estive e senti.

  • O texto inteiro é sensacional e vale alguns comentários mais bem elaborados, mas por hora só digo isso:

    ENFIM alguém tocou no ponto interessante sobre a “febre” elétrica!!!

    Toda vez que leio sobre esse apocalipse elétrico, não consigo desviar o pensamento do quão marketing e política isso é, no momento. Seríamos tolos em achar que o combustível fóssil não tem um fim, mas daí a achar que a mudança irá ocorrer assim, desse jeito, ao apertar de um interruptor? Duvido muito.

    E para adicionar ao ponto válido que você fez, Rodrigo, acrescento. De onde esse pessoal está planejando gerar TANTA energia elétrica? Tão rápido?

    A queridinha Alemanha, segundo dados de 2014, gera 45% de sua energia via CARVÃO! e mais 10% via gás. Apenas 3% com hidrelétricas e 16% com nuclear. Apenas 23% é produzido através de fontes renováveis, e a pesquisa não entra em detalhes sobre quais são. Pois dependendo do que for, a expansão pode ser muito mais difícil do que parece. Ah, e isso tudo considerando o consumo ATUAL de energia do país. Agora adicionem o consumo da frota de 46 milhões de veículos do país!

    Pensar (e agir) no futuro é importante, mas não podemos nos deixar levar por propaganda (sim, no sentido político da palavra).

  • A Fórmula E hoje é muito mais interessante para as montadoras pelo marketing e visibilidade garantidos do que pelo desenvolvimento da tecnologia.

    • Eu só tenho uma dúvida, quanto ao envolvimento de montadoras em corrida de monoposto,pois seus clientes não dirigem monoposto. Eu particularmente acho que corrida com turismo, Gran turismo , seria mais a cara das montadoras ,em competições. Mas é só a minha impressão.

  • Parabéns pelo texto Rodrigo Mattar, concordo contigo. Eu acho que o automobilismo não vai acabar ele vai se reinventar. O que eu acho que o automobilismo precisa fazer mais, é se aproximar mais dos fãs, pego por exemplo a F1 deste ano, com entrada da Liberty Media, e com uma abertura maior das mídias sociais, por meios de vídeos no Youtube, twitter e outras redes sociais, o público voltou a apreciar mais a categoria, pois vejo mais crianças nos autódromos e um público maior nas arquibancadas. A Indy voltou a crescer nos EUA, principalmente na audiência televisiva, já que a categoria voltou a correr em alguns circuitos clássicos e por ampliar ainda mais o acesso da categoria nas redes sociais. Então, na minha opinião acho que o automobilismo deve ser melhor divulgado, principalmente na TV Aberta (coisa que no Brasil não acontece muito), e se aproximar ainda mais dos fãs, principalmente dos mais jovens.

  • Rodrigo

    Tendo a concordar mais com o seu ponto de vista. Mesmo se formos para um futuro mais longo com os carros autonomos acontecendo ainda vao existir aqueles que sentem o prazer em dirigir um automovel pela atividade em si. Assim como ainda existe o prazer de montar a cavalo mesmo esse nao sendo mais o principal meio de transporte do homem a mais de cem anos. Portanto o automobilismo pode ate se tornar mais erudito mas ele vai se reinventar e continuara existindo pessoas dispostas a pratica-lo.

  • Rodrigo, você falou o que eu vinha pensando a um tempo, tanta bateria a se descartar, pois até onde sei não ouvi falar ainda em reciclagem a nível industrial… Ou seja, estão querendo deixar de envenenar o céu para poder envenenar o solo, e a um custo de corridas silenciosas e brochantes para quem acompanha in loco. Será esse o futuro? talvez, mas caras como nós que estaremos vivemos essa transição, vai ser mais difícil aceitar do que os que nascerão nessa era.

  • Concordo plenamente com vc Mattar, assim como muitas modalidades no esporte se reinventaram, o automobilismo precisa não só se reinventar como também buscar soluções muitas vezes caseiras.
    Como fã, confesso que é difícil ainda aceitar corridas de carros elétricos, mas sei lá, a gente acaba se acostumando.
    O mundo muda, a gente muda e vida segue em frente.

  • Seria interessante se a Toyota se mantivesse no WEC apenas fornecendo os motores híbridos para os times LMP1 independentes, desse forma a Rebellion, ByKolles, Jackie Chan Racing e alguma outra equipe independente migraria da LMP2 e talvez uma equipe do IMSA também fosse para o WEC.

  • Rodrigo, na sua opinião, não seria possível a WEC e outras categorias voltarem a algo similar ao que existia no passado? Fabricantes pequenos, completamente voltados para produção de carros de corrida como o foram Lola, Mirage, Shadow, March e mais recentemente a Dallara e Oreca? Motores preparados, retirados de carros esportivos de série, Algo como o retorno a um automobilismo mais simples, menos investimento, menos tecnologia, mais paixão.

    • Se você reparar bem, a fórmula da DPi não é muito diferente disso. Tudo bem, quem está levando os motores no momento são as fábricas, mas na prática, não haveria a necessidade, já que muitos desses motores são derivados de modelos de rua. Aliás, se o ritmo lá na IMSA continuar bom nesse sentido, não duvido que isso ocorra num futuro próximo.

  • Vamos lá…
    Gostei do seu ponto sobre de onde virá a energia elétrica e que ela não é tão limpa assim. Da muitas horas de conversa.
    Ofereço um contraponto, ou um outro lado para pensar. Já escrevi nos comentários do blgo do Flavio Gomes e coloco aqui também.
    Esses campeonatos estão acabando porque não estão interessantes ao público. O DTM começou a perder o apelo quando parou de usar carros “de verdade” e ser um campeonato de marcas para usar chassis e se desenvolver tecnologicamente, sendo hoje quanse um F1 carenado (inclusive os pilotos tem bastante facilidade de fazer transiçao para a F1, vide Ocon).
    O WEC sempre foi um produto que a FIA não quis que concorresse com a F1, e foram fazendo tantas mudanças de regulamento técnico que ninguém quer gastar tanto dinheiro para correr com um tipo de carro só por dois anos. Limitaram tanta coisa na P2 e ainda assim tem coisa boa ocorrendo lá. Se pudessem usar 3 pilotos profissionais seria ótimo.
    Que é o que está acontecendo com a DPi nos EUA, que está ressurgindo com interesse de várias montadoras e tem pilotos muito bons, que vai ter um bom apelo de mídia com J.P. Montoya e H. Castro Neves (sim, eu ainda escrevo separado) na Penske/Akura/Honda. Acho que o regulamento DPi seria uma boa para o WEC.
    A Formula E está atraindo montadoras pelo desenvovimento da tecnologia e pelo efeito manada, mas as corridas atraem muito pouco público, e só se sustenta pelo interesse das montadoras. Qual equipe que não é montadora que tem patrocinador principal?
    Ultimamente tenho assistido muito mais à Nascar e IMSA (obrigado FOX) , pois mesmo tendo umas papagaiadas, são corridas que me atraem muito mais. E pensando bem, são as únicas categorias que conseguem patrocinio fora das montadoras.
    Mesmo na F1, as únicas equipes que realmente tem um patrocinador principal são Williams e Force India, todas as outras são bancadas pelos donos.
    E aí é que está o ponto, ninguem mais investe em patrocinio de automobilismo, por ser uma industria percebida como moribunda. E então temos um circulo vicioso, onde o que funcionou bem até pouco tempo atrás já não funciona mais. Me parece que a Liberty Media percebeu isso e, se conseguir mudar o modelo, vai tornar a F1 atrativa novamente. Pelo menos é isso que eu espero.
    Abraços!

  • A Formula E so tem este tanto de fabricas por um motivo bem simples, o carro é o mesmo e este é o motivo pelo qual a DPI também tem fabricas, chassis e suspensão spec, a indy sempre fez isso deu certo nos anos 90 e nos anos 00 e 10 nem tanto. Se algum dia a F-E permitir que as fabricas comecem a produzir seus carros do zero, os custos vão bater junto com a F1 e WEC, Eu vi quase todas as corridas da F-E e poucas vezes vi pistas realmente interessantes, é legal poder dizer que corre no centro de NY, de Londres, Montreal, SP, Berlin e etc, mas com essas pistas horríveis e sem desafio para os pilotos, ela nunca vai ser levada a serio mesmo, E quando aumentarem a velocidade dos carros os pilotos não vão poder mais fazer freadas de 70m com pneu travado e ainda conseguir ultrapassar e fazer a curva sem problemas a F-E tem muito que melhorar, o futuro do Automobilismo é algo mais ao estilo DPI com adição das novas tecnologias sustentáveis.
    PS: uma solução para Le Mans 2018/19 poderia ser uma redução de potencia dos LMP2 (velo. Max 300km/h) e os DPIs de fabrica com adição de potencia (340km/h de top speed) e a Toyota fazia um redução no MJ do capacitor, já que a maior diferença atual de um LMP1 e para o LMP2 esta na capacidade de aceleração e atingindo e mantendo um top speed por mais tempo.

  • Perfeito Rodrigo! Acredito que as pessoas precisam parar de serem fatalistas o tempo todo com tudo. Não é porque os motores movidos a bateria estão, depois de anos de pesquisas e protótipos, ganhando as ruas e pistas pelo mundo que devemos pensar que tudo migrará para essa tecnologia.

    Olhar os dois lados. É isso que que os alarmistas de plantão estão precisando fazer atualmente.

    Quanto ao automobilismo, no geral, concordo que passa por uma crise, mas ela está muito mais ligada à forma como as federações atuam do que com as categorias em si. E para comprovar isso, basta ver o inacreditável público que esteve em Hungaroring para ver os testes de verão.

    Ainda tem muita gente que gosta de automobilismo, como se pode comprovar com uma rápida olhada na enorme quantidade de campeonatos amadores que tem pipocado pelo país afora nos últimos anos, mesmo com crise financeira e o diabo. Será que nesses celeiros não é possível encontrar gente boa que poderia passar por um bom programa de desenvolvimento?

    Em resumo: potencial há. Basta ter criatividade e, como você disse, disposição para reinventar uma fórmula que anda desgastada.

    Abraços,
    Bruno.

  • A impressão que dá é que quem mais prejudica as competições de automóvel são as montadoras. Elas compram equipes de garagistas, investem, competem, e vazam…

    Quem gosta de corrida tá pouco se lixando se a equipe gasta por ano 200 milhões ou 100 mangos… no fim das contas o que vale mesmo são os pegas na pista…

    Ah, a tecnologia… um exemplo: a algumas décadas atrás os freios dos carros de Fórmula 1 eram muito inferiores aos atuais, fazendo com que ocorressem muito mais ultrapassagens nas freadas, no que se chama “quem frear mais tarde leva”. Hoje há um ponto de freada! Não tem uma margem! Todos freiam no mesmo lugar! Os caras freiam a 50 metros da curva!

    • Com os freios a carbono ficou fácil fazer isso. Na época do Villeneuve (o pai), basta ver qualquer vídeo de largada dele. Ele ia onde dava. Se desse, passava. Se não desse, ele tentava depois. O risco de batida existia sempre. Mas o Gilles era assim. Era amado por causa do seu destemor.

      • Você tocou num ponto interessante Rodrigo: Risco! O risco existe, ou melhor, DEVE existir no automobilismo, e não digo isso com relação à vida dos pilotos, embora sempre haja esse risco, mas me refiro ao risco que o piloto precisa tomar para ganhar uma posição, para fazer a pole, etc. Hoje o cara só tenta a ultrapassagem se tiver 20 km/h mais rápido do que o outro, senão nem tenta!! A impressão que dá é que muitas vezes o cara que tá atrás se conformou com a posição… Ou seja, além da parte estrutural do automobilismo que está em risco, os pilotos ficaram “pasteurizados”, dependentes de DRS, pit stops, pole positions, e o escambau para ganhar uma corrida!

  • Rodrigo,

    Eu acredito que o desinteresse pelo automobilismo é uma questão da sociedade atual.
    Trabalho com tecnologia e conheço muita molecada que não está nem aí pra carro. Tem gente com mais de 30 anos que nem pensa em tirar CNH.
    O pessoal mais velho, que beira os 40 e poucos, é totalmente influenciado pelos mais novos, e muitos concordam que o conceito de carro e automobilismo mudou muito nos últimos anos. Isso gera um novo ‘modelo mental’ que faz com que essas pessoas (mais velhas) acabem por se desprenderem de seus carros e não se interessarem mais por automobilismo.

    Na questão esportiva, não acho que o problema seja renovação de pilotos, mas sim de público. No caso da renovação dos pilotos, acredito que, nessa era politicamente correta da multi-informação, a formação de um ‘ídolo das pistas’ é quase impossível.

    Abraço e obrigado pelo espaço.

    • Eu diria que a mudança de atitude da sociedade afetou sim, mas não é a culpada. Acho que o automobilismo, exatamente por ter esse link direto do carro, se “acomodou” em criar um relacionamento com as pessoas.

      É só compararmos com outros esportes. Uma parcela ínfima dos fãs de Futebol (normal ou americano), Basquete, Hockey, Baseball, Tênis etc. realmente pratica, ou tem alguma ligação direta as características desse esporte. E nem por isso, os estádios ou arenas deixam de estar lotados, e nem a coisa deixa de ser competitiva.

      Os gestores do automobilismo pelo mundo precisam aprender a transformar o carro de corrida em bola, raquete, cesta… ou seja, o equipamento, a ferramenta com a qual o ESPORTE acontece, e pronto.

  • Rodrigo

    Primeiro parabens pelo blog te acompanho a muito tempo.

    Sou um fã de automobilismo, final de semana assisto tudo que passa sobre o assunto, 4 ou 2 rodas.

    A questão levar o jovem a gostar do esporte, vou contar da minha experiencia no ultimo final de semana, do campeonato brasileiro de endurace em Interlagos.
    Só tenho filhas e pensei vou levar elas mais minha esposa pra fazer um passeio do papai(sem peppa pig ou gloob ou nick), as palavras da minha filha de 7 anos ao entrar em interlagos e nesse momento estava correndo a Old Stock, Pai estou emocionada em ver(sentir) a velocidade e ouvir o barulho, e disse te entendo pq vc gosta tanto,
    sou um piloto virtual(8 anos) e ando um pouco de kart, a unica coisa que ela sentiu falta foi não ter um aplicativo pra saber o nome dos pilotos ou no caso do brasileiro de endura, saber quem tava ganhando.
    custo do passeio etanol e 20 reais de estacionamento.

    Desinteresse do jovem parte é responsável pelo munto “artificial” virtual de ipad e smarphone, quando alguem experimenta algo real o gosto muda, qualquer categoria ou esporte só vai exister em massa, quando saber fazer o ELO entre o virtual e real.

    No mais depender de montadora pra existir, quando a F1 dependeu, depois elas sairam e a vida seguiu, o WEC vai pagar o preço, porem vai sobreviver, não duvido nada que a Toyota sózinha na LMP1, consigar perder por tamanha zica.

    Quem saber fazer o ELO entre virtual e real, vai ter jovens, se não vai ter gente menos, mas vai ter

  • Rodrigo, me desculpe por estar a indagar nesse momento apenas (estando fora do dia-a-dia de uma internet é dificil…rsrsrs….e fora por nao poder postar coisas novas no mural do face), mas concordo contigo e creio que a opiniao do Flavio é uma opinião de quem gosta apenas de f-1 como automobilismo como é o caso dele; pois o perigo reside em que a f-1 se imploda por sua impafia, incompetencia e anos seguidos de horriveis regulamentos e posturas com relação à circuitos, disputas, etc.

    Logico que ele, Flavio, esta por fora das competiçoes de GTs que como nós estamos acostumados a acompanhar e vemos um crescente de interesse de equipes, apoios de fabricantes (mesmo que de modo indireto), pois da competição se tira, o “know how” necessario para a melhora de performance dos carros que estao a produzir. Há mais de 24 campeonatos seja a nivel internacional, regional ou nacional dos GTs, sem contar os de Turismo e mesmo a crescente procura pelas equipes nas classes P2 e P3 de prototipos, como vimos nesse ano.

    A visão do Flavio é como aquela que se vê automobilismo pela fechadura da porta de um quarto, quando na realidade temos uma infinidade de categorias e interesses pelo “quarto” (outras categorias à exceção da f-1 mirada por ele). Logico que ele é um experto no assunto e deixou a tua marca de preocupação com relação à categoria que ela cobre em midia e vê as expectativas da mesma escorrer pelo ralo.

    A F-E ainda é horrivel, seja em espetaculo seja em competição, mas desenvolve tambem uma curiosa tendencia de termos mais circuitos de rua pelas principais cidades do mundo, mas mesmo assim é pouco. E quanto à politica de combustiveis da Alemanha, é notorio que tera alcance, mas irá conviver com as outras formas de combustivel (gasolina, alcool, etc) por muito tempo ainda.

    Enfim, é um assunto que se estenderá por muitos debates, opiniões e ideias….aguardemos.