Porsche domina 6h do México de cabo a rabo e encaminha mais um título no WEC

fia-wec-2017-mexico-finish-order-01
Barbada: com a terceira vitória seguida, Earl Bamber/Brendon Hartley/Timo Bernhard encaminham para a Porsche mais uma taça no WEC

RIO DE JANEIRO – Foi mais fácil do que se esperava: a Porsche dominou as 6h do México com sobras e a marca alemã, mesmo já tendo anunciado sua saída do FIA World Endurance Championship (WEC), o Campeonato Mundial de Endurance, tratou de conquistar mais um triunfo com o profissionalismo de sempre. Para não deixar dúvidas, conquistou a primeira fila e mais uma dobradinha, novamente com a trinca campeã de Le Mans à frente.

Ao volante do 919 Hybrid número #2, Earl Bamber/Brendon Hartley/Timo Bernhard lideraram nada menos que 235 das 240 voltas percorridas, perdendo o comando eventualmente nos ciclos de pit stops. No outro carro da marca alemã, Andre Lotterer/Neel Jani/Nick Tandy apenas comboiaram os líderes, sem pôr muita pressão, exceto quando encontravam algum retardatário mais lento ou que dificultava a ultrapassagem dos ponteiros.

De resto, foi uma barbada e a Porsche encaminha mais um título de construtores e de seus pilotos. A vantagem dos líderes sobre a trinca Anthony Davidson/Kazuki Nakajima/Sébastien Buemi já chegou a 41 pontos e a Toyota parece ter perdido completamente o foco após aquela derrota – mais uma – fragorosa em Le Mans.

Os japoneses estrearam comando novo: Hisatake Murata foi alçado à condição de presidente da Toyota Gazoo Racing após a transferência de Toshio Sato para outro cargo na hierarquia do motorsport da montadora. E a mudança não se refletiu dentro da pista. Faltou ritmo aos TS050 Hybrid e não foi surpresa que os dois carros lutassem entre si pelo pódio. Que acabou ficando mesmo com Davidson/Buemi/Nakajima, uma vez que eles precisavam de uma situação melhor na corrida para poder perder menos pontos em relação aos vencedores e líderes do WEC.

320793_728809_podio_mexico_2017_2
A festa de Nico Prost, Julien Canal e Bruno Senna no pódio: vitória importante para o campeonato da LMP2 (Foto: MF2/Divulgação)

Na LMP2, o torcedor brasileiro que acompanhou a transmissão pelo Fox Sports 2 ficou satisfeito: os três pilotos do país inscritos nas 6h do México deram conta do recado e fizeram um ótimo trabalho. Bruno Senna conquistou um bicampeonato pessoal que entra pra história da prova, já que o evento não volta ao calendário bienal divulgado na última quinta-feira.

O piloto do #31 da Vaillante Rebellion mandou o sapato no início, quando havia ainda a perspectiva de chuva no correr da disputa. A tática, segundo informou Bruno, era para abrir vantagem. A equipe liderou por 162 voltas e só levou um susto quando a CEFC Manor TRS Racing conquistou uma eventual dianteira. Mas quando Senna voltou a bordo, as coisas voltaram ao normal. Para completar, Ben Hanley, que perseguia o líder, deu uma rodada e acabou ficando para trás.

A vitória, primeira de Bruno e dos parceiros Nicolas Prost e Julien Canal na temporada, recolocou o #31 no jogo pelo título do Mundial de Endurance, já que a Jackie Chan DC Racing se viu às voltas com um problema de pressão de embreagem, que fez a trinca Ho-Pin Tung/Thomas Laurent/Oliver Jarvis perder oito voltas e terminar apenas em 9º lugar entre os protótipos da categoria.

“O carro estava muito bom já nos treinos e adotamos uma estratégia de começar a prova como se toda volta fosse de classificação. Esperava abrir uma vantagem em torno de 10 a 12 segundos, mas o que consegui, mais de 30 segundos, foi uma surpresa acima de qualquer expectativa. Foi essa folga que nos permitiu chegar ao final com alguma margem, mas mesmo assim a última parte não foi fácil”, revelou Senna.

Em 2º lugar, após a pole no treino classificatório, ficou o único carro enviado pela Signatech-Alpine Matmut para as 6h do México. O #36 guiado por Nico Lapierre/Gustavo Menezes/André Negrão conquistou o melhor resultado para a tripulação agora reforçada pelo brasileiro – numa decisão acertada de Philippe Sinault em substituir o britânico Matthew Rao. Mesmo perdendo a liderança da corrida no início da 2ª volta, a equipe teve bom desempenho e obteve um importante pódio.

A Manor, apesar da rodada de Ben Hanley, não ficou triste: Jean-Éric Vergne e o britânico andaram muito. E a estratégia funcionou, sacrificando Rao – em seu retorno à equipe – no início da corrida para recuperar no final. Quase deu em vitória, mas o 3º lugar representou o primeiro pódio do time de John Booth e Graeme Lowdon na categoria.

imagem_release_1055307
O 5º lugar na categoria, equivalente ao 9º posto na geral em sua volta ao WEC não deixou Nelsinho Piquet muito feliz com o resultado (Foto: José Mário Dias/Piquet Sports)

Falando em estratégia, o outro carro da Rebellion também precisou contar com ela para poder sair de último – consequência de uma desclassificação após David Heinemeier-Hänsson passar 1,08 km/h mais veloz no radar que delimita a passagem dos carros nos pits a 60 km/h – e terminar em 9º lugar na geral, quinto na LMP2. Nelsinho Piquet guiou no último turno e se não fosse a posição de largada ruim, talvez tivessem tido a chance de conquistar um pódio redentor após a desclassificação técnica nas 24 Horas de Le Mans. Mas o brasileiro deu a entender que isso provavelmente não acontecesse.

“O carro não esteve rápido o suficiente e ainda fomos punidos, o que nos fez perder tempo, ou seja, uma coisa foi atropelando a outra. No fim, arriscamos ao não trocar o pneu apostando numa chuva que acabou não vindo, e não tivemos muito o que fazer”, afirmou.

amrwin
Um pênalti auferido pela direção de prova à Ferrari #71 da AF Corse guiada por Sam Bird e Davide Rigon ofertou a vitória na LMGTE-PRO aos dinamarqueses da Aston Martin Racing

Na LMGTE-PRO, com o desempenho dos carros equalizado para não deixar um favorecimento explícito aos modelos com motores turbocomprimidos (Ferrari e Ford) em detrimento dos aspirados (Aston Martin e Porsche), um detalhe importante fez com que a Ferrari e a AF Corse perdessem uma prova que lideraram por 187 voltas: um dos pilotos – creio que Sam Bird – desrespeitou o limite de velocidade num dos dois períodos de Full Course Yello (FCY) que a direção de prova lançou mão durante a disputa, ambos por detritos – e o carro #71 foi avisado de que deveria fazer um stop & go de 10 segundos. Como não fizeram, o tempo foi acrescido ao resultado final.

E por isso mesmo, Nicki Thiim e Marco Sørensen repetiram a dose do ano passado e também conquistaram seu bicampeonato particular nas 6h do México, um resultado que iguala o “Dane Train” aos companheiros de equipe Darren Turner/Daniel Serra/Jonathan Adam, que acabaram sem marcar pontos depois do carro #97 enfrentar crônicos problemas de freios. Após um belo trabalho nos treinos, Daniel nem chegou a sentar no carro durante a prova. Uma pena.

A Porsche venceu uma dura batalha contra o Ford #67 de Andy Priaulx/Harry Tincknell e conquistou mais um pódio com Richard Lietz/Fred Makowiecki. Mesmo sem nenhuma vitória em 2017, a dupla do 911 RSR #91 está nos calcanhares dos britânicos. Eles somam 88 pontos, enquanto os rivais da Chip Ganassi Racing têm 96. Davide Rigon agora é o terceiro colocado isolado, com 79,5.

MOTORSPORT : FIA WEC - ROUND 5 - MEXICO CITY (MEX) - 09/01-03/2017
A Dempsey Racing-Proton ganhou de novo entre os LMGTE-AM e a trinca Marvin Dienst/Matteo Cairoli/Christian Ried lidera agora de forma isolada no WEC

Já na LMGTE-AM, apesar da liderança ter ficado nas mãos da Aston Martin durante grande parte da disputa, a estratégia da Dempsey Racing-Proton foi mais feliz e a trinca formada por Matteo Cairoli/Marvin Dienst/Christian Ried faturou sua segunda corrida consecutiva em 2017. Com mais 25 pontos na conta, fora a pole position, a performance perfeita do #77 fez a equipe abrir dez pontos de frente para Mathias Lauda/Pedro Lamy/Paul Dalla Lana.

O pódio foi completado por Michael Wainwright/Ben Barker/Nick Foster, na melhor prova da equipe Gulf Racing em toda a temporada. Matt Griffin/Mok Weng Sun/Keita Sawa, que eram os colíderes do campeonato antes das 6h do México, foram punidos duas vezes durante a disputa e ainda tiveram a Ferrari da Clearwater Racing danificada após um contato com um Porsche da LMGTE-PRO. Acabaram em quinto, atrás do carro #54 da Spirit of Race.

A próxima disputa do Mundial de Endurance será em Austin, no Circuito das Américas, daqui a duas semanas, no dia 16 de setembro – um sábado.