Porsche ganha mais uma e encaminha título no WEC

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Com a torre panorâmica do Circuito das Américas de fundo, o Porsche #2 de Earl Bamber/Brendon Hartley/Timo Bernhard venceu de novo: os alemães encaminharam os títulos em sua temporada de despedida do WEC

RIO DE JANEIRO – Foi muito mais difícil do que no México. Afinal de contas, o calor foi um inimigo comum para todas as equipes e pilotos – sem falar na estratégia. Mas o resultado, embora tenha sido mais do mesmo em relação às últimas quatro corridas, mostrou que a Toyota não se rendeu na luta contra a Porsche, que venceu – em dobradinha, mas com muito mais suor do que na etapa anterior.

As 6h de Austin, na última prova do Mundial de Endurance (FIA WEC) no Circuito das Américas (COTA), foram disputadas numa temperatura senegalesca e com a audiência de ninguém menos que Rubens Barrichello, que inclusive foi o Grand Marshal de um evento que acabou sendo um fracasso de público. Talvez entre todos os eventos do Mundial de Endurance desde 2012, tenha sido uma das piores presenças de torcida junto à primeira edição das 6h de São Paulo e a qualquer uma das corridas do Bahrein, onde só há espectadores na área VIP.

Apesar das arquibancadas às moscas, os pilotos deram na pista de 5,513 km de extensão e 20 curvas, uma das mais legais dentre as recém-construídas, um bom espetáculo. A Porsche dominou o primeiro stint de corrida, mas a Toyota – que optara por largar com o pneu de composto mais duro oferecido pela Michelin, não fez o serviço completo na primeira parada. Os alemães saíram com um outro tipo de pneu duro e acabaram por trocar para os mais duros, buscando driblar a alta temperatura. A cada pit stop, com raras exceções, os pilotos eram substituídos, totalmente extenuados a cada turno.

Por conta da opção da Porsche, o Toyota #8 de Kazuki Nakajima/Sébastien Buemi/Stéphane Sarrazin sentiu o gostinho da liderança ao longo do segundo stint, entre as voltas 31 e 60. Mas a partir daí, o #1 de Nick Tandy/Andre Lotterer/Neel Jani comandou as ações e parecia ter condições de chegar à primeira vitória em 2017.

Só que o time comandado por Mr. Fritz Enzinger agiu como já fizera em Nürburgring e a ordem de equipe falou mais alto. A poucas voltas do final, o #2 de Earl Bamber/Timo Bernhard/Brendon Hartley ganhou o primeiro lugar numa cortesia de Nick Tandy, que conduzia o carro pole position no último turno. E assim, a trinca líder do campeonato chegou à quarta vitória seguida – um resultado que encaminha os dois títulos, de pilotos e de construtores, a favor deles.

A Toyota pelo menos perdeu com honra. Ao contrário da prova passada, os protótipos japoneses tiveram bom ritmo e os pilotos não se entregaram. Buemi/Sarrazin/Nakajima completaram a disputa a pouco mais de 21 segundos dos vencedores, com o carro #7 de Kobayashi/Conway/López pagando ainda uma penalização de 10 segundos acrescidos ao tempo final de corrida por um contato evitável de Koba com o Oreca LMP2 da Manor guiado por Jean-Éric Vergne. Convenhamos: não mudou a cotação do dólar.

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Vitória da Signatech-Alpine Matmut entre os LMP2 e André Negrão, em sua quinta corrida no WEC, ganha pela primeira vez

Na classe LMP2, pela primeira vez um pódio da divisão teve três pilotos brasileiros – cada um num carro. A Signatech Alpine Matmut foi mais feliz na sua estratégia e conquistou finalmente uma vitória em 2017, com a colaboração de André Negrão, provando que sua promoção ao carro #36 foi um acerto. A equipe só teve um pequeno susto ao final da disputa, quando precisaram fazer um pit stop extra para repor a seção traseira do protótipo por conta de uma luz traseira quebrada. Mas havia folga suficiente para fazer a parada e retornar à ponta e ao triunfo.

A Vaillante Rebellion preencheu os outros dois degraus do pódio e, apesar de uma saída de pista de David Heinemeier-Hänsson em seu primeiro turno após substituir Nelsinho Piquet, o brasileiro e Mathias Beche fizeram um belo trabalho para terminarem em 6º na geral e segundo na categoria – foi o melhor resultado da equipe, considerando a desclassificação nas 24 Horas de Le Mans, onde chegaram em terceiro na pista e segundo também entre os carros da LMP2.

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O 2º lugar na LMP2 foi o melhor resultado de Nelsinho Piquet e parceiros na temporada: o brasileiro ficou muito feliz com a performance em Austin

“Finalmente conseguimos fazer uma corrida com um grande resultado! Fomos contemplados com uma entrada do Safety Car, até que enfim a sorte virou para o nosso lado. O carro estava bom e deu tudo certo, e equipe mereceu o resultado, trabalhou muito bem. Agora faltam três corridas para o fim da temporada e terminar essas provas no pódio seria bom para o fim do campeonato”, comentou Piquet.

Bruno Senna voltou a subir ao pódio após o triunfo no México. Ele e os franceses Julien Canal e Nicolas Prost lutaram bastante contra os dois carros da Jackie Chan DC Racing, que eventualmente se colocaram no bolo entre os carros tripulados pelos brasileiros. Mas ao final, o #31 prevaleceu e levou o terceiro lugar por apenas 1″985 contra os ainda líderes da classe por 20 pontos de vantagem.

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Ale Pier Guidi e James Calado se tornaram a primeira tripulação a vencer duas vezes na LMGTE-PRO neste ano

A Ferrari e a AF Corse conquistaram a vitória entre os LMGTE-PRO na última visita do campeonato ao COTA. E a dupla Alessandro Pier Guidi/James Calado tornou-se também a primeira a ganhar duas etapas em 2017. E não foi fácil, principalmente pelo calor escaldante. A diferença para o Porsche de Michael Christensen/Kévin Estre na quadriculada foi de apenas 5″663.

Aliás, a opção da Porsche em correr com o pneu mais duro da Michelin deu resultado. Tanto que Michael Christensen e Kévin Estre impediram que a AF Corse terminasse a disputa em 1-2 no COTA. Com muita raça, o dinamarquês Christensen se impôs numa disputa emocionante com o britânico Sam Bird, conquistando para o construtor alemão o melhor resultado em 2017.

A Aston Martin terminou nas posições seguintes e o carro #97 do brasileiro Daniel Serra completou ainda na mesma volta dos vencedores, na 5ª colocação – mesmo tendo sofrido um stop & go. Daniel guiou dois stints, um no início da disputa por cerca de 1h04min e depois mais outro, no trecho final, em torno de 49 minutos. Não se sabe contudo se esta foi a última participação dele na temporada – provavelmente sim, mas o construtor britânico ainda não confirmou a opção de seguir apenas com Darren Turner e Jonathan Adam até o final.

A Ford, que havia recebido um acréscimo de potência por conta do novo escalonamento de performance mediante o BoP da FIA, acabou por se tornar a decepção da corrida, fechando as 6h do COTA nas últimas colocações da classe. Apesar do resultado, Harry Tincknell/Andy Priaulx continuam líderes entre os pilotos de Grã-Turismo.

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A trinca Lauda/Lamy/Dalla Lana ganhou a segunda corrida no ano entre os pilotos da LMGTE-AM

Por fim, na LMGTE-AM, onde os principais pilotos só deram as caras do meio para o fim da disputa, a corrida foi bastante movimentada no início, quando as Ferrari 488 GTE da Clearwater Racing e da Spirit of Race deram muito trabalho. Mas ao final de tudo, a Aston Martin prevaleceu com a trinca Pedro Lamy/Paul Dalla Lana/Mathias Lauda cruzando com 50 segundos de vantagem para Matt Griffin/Mok Weng Sun/Keita Sawa. Thomas Flöhr/Francesco Castellacci/Miguel Molna fecharam o pódio.

Os vencedores das duas provas anteriores, Marvin Dienst/Christian Ried/Antonio Cairoli se atrasaram e ficaram nas últimas voltas parados na garagem, com problemas de freios. Voltaram para receber a quadriculada e garantir os pontos que os deixam ainda na briga pelo título. O outro Porsche da equipe Gulf Racing UK acidentou-se com Michael Wainwright, inclusive provocando por conta da batida a única intervenção do Safety Car, porque a barreira se moveu no choque e precisava ser consertada.

A próxima etapa do Mundial de Endurance será no dia 15 de outubro, com a disputa das 6h de Fuji, no Japão.

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