Direto do túnel do tempo (383)

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RIO DE JANEIRO – Véspera do GP do México e o amigo Antonio Seabra, em frenética troca de mensagens por WhatsApp, lembrou de um carro emblemático da história da Fórmula 1: o Honda RA272.

A marca japonesa entrou na categoria em 1964 e antes da radical transição para o regulamento de motores com até 3 litros de capacidade cúbica, fez uma curiosa aposta num carro dotado de motor transversal.

Ou seja: a tendência largamente seguida pelos carros em produção de linha de montagem como conhecemos já era vista em alta performance dentro das pistas. Tudo bem… no início o carro não era grande coisa, mas houve progressos e o motor 1,5 litro de 12 cilindros, funcionando com um diâmetro e curso de pistões bastante pequeno, impulsionou a Honda a conquistar sua primeira vitória na Fórmula 1.

Após um contato experimental com três participações no fim do campeonato de 1964, a equipe liderada por Mr. Soichiro Honda se inscreveu para o campeonato de 1965 com dois pilotos, ambos dos EUA: Ronnie Bucknum e Richie Ginther. Este último já guiara para a Ferrari e BRM, tinha experiência mais do que suficiente para ajudar num novo projeto e, do alto de seus 35 anos, assumiu o desafio.

E no GP do México, último de uma temporada ganha por antecipação pelo “Escocês Voador” Jim Clark, disputado no então Autódromo Magdalena Mixhuca, Ginther conquistou o triunfo no 11º GP da história da Honda. O piloto largou em terceiro do grid com o RA272 #11, mas logo na primeira volta assumiu a liderança e de lá não saiu mais.

Triunfo categórico, de ponta a ponta, após 65 voltas. O primeiro de um total de três de uma marca que, como equipe, esteve presente em dois períodos – de 1964 a 1968 e depois de 2006 a 2008.

Há 52 anos, direto do túnel do tempo.

Comentários

  • O primeiro protótipo foi RA270, (depois os modelos 271 e 272), porque a meta de Mr. Honda era atingir os 270 HP, fato que nunca ocorreu. Mas essa pequena joia chegou aos 230 HP, superando os 1,5 litros da Ferrari,cujo V8 atingiu 205 e o Flat 12 chegou aos 215 HP. Ou seja, em 1965, um motor aspirado com mais de 150 HP por litro de cilindrada !
    Curiosa também era a passagem dos tubos de escapamento, por contra da posição transversal: os tubos da bancada “dianteira” passavam por baixo do motor, e o motor era montado transversal e inclinado para frente.
    Dizem que o som desse V12 era lindo, e que a aceleração do carro nas largadas era impressionante, deixando os outros para trás.

    Abraço
    Antonio