BOMBA! Corre risco a etapa brasileira da Fórmula E

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RIO DE JANEIRO – Quem assistiu ao Fox Nitro da última segunda-feira, percebeu que nós (Flavio Gomes, Thiago Alves, Felipe Motta e eu) falamos por alto sobre a corrida brasileira da Fórmula E, já que a temporada 2017/18, a quarta da história da categoria dos carros elétricos, começa neste fim de semana em Hong Kong. O evento aconteceria em 17 de março do próximo ano num circuito que seria montado na região do complexo do Anhembi, em São Paulo.

Não acontecerá mais – pelo menos no Anhembi. O ePrix do Brasil, se não está cancelado oficialmente, corre sério risco para 2018.

Uma fonte confirmou essa informação há algumas horas, por telefone. E tratei de acionar um contato para checar a veracidade da notícia. O contato retornou com a confirmação de que o evento não vai acontecer, em comum acordo entre a SPTuris (São Paulo Turismo, empresa de turismo e eventos da Cidade de São Paulo, que é de capital aberto e tem 97% de suas ações em propriedade da prefeitura) e a Formula E Holdings Limited, sendo transferido assim para a quinta temporada, a de 2018/19.

O motivo é o seguinte: o programa de desestatização proposto pela prefeitura de São Paulo, para o complexo do Anhembi, para o Parque do Ibirapuera e também para o Autódromo Internacional José Carlos Pace, em Interlagos, inviabiliza a realização do evento e o prazo mais dilatado acordado entre as duas partes – SPTuris e Formula E Holdings – leva em consideração as posições de um possível novo proprietário. A Câmara dos Vereadores do município aprovou em primeira votação no último dia 27 de setembro, portanto há exatos dois meses, a privatização do Anhembi por 37 votos a favor e nove contra.

Tem mais um detalhe: em momento algum, a data de 17 de março esteve realmente reservada pela SPTuris para se realizar o ePrix no Anhembi.

Com menos de quatro meses para a data marcada, é difícil imaginar que haja um plano B. E não seria a primeira vez em que a Fórmula E deixaria de vir ao Brasil. O calendário da primeira temporada, anunciado em abril de 2014, contemplava uma etapa no Rio de Janeiro, cidade que naquela época já estava sem seu autódromo – a pista de Jacarepaguá foi extinta em 2012 e no terreno do Autódromo Internacional Nelson Piquet foi erguido o complexo do Parque Olímpico para a Rio 2016 que, como todo mundo sabe, está praticamente sem uso desde o fim do evento. Posteriormente, a prova dos carros elétricos – cuja realização estava prevista para o Aterro do Flamengo, na Zona Sul carioca, foi cancelada e nunca mais foi cogitada.

Agora, a América do Sul terá apenas uma data, em Santiago do Chile, no dia 3 de fevereiro de 2018. O ePrix andino está confirmadíssimo e até o antigo piloto de Fórmula 1 Eliseo Salazar já promove o evento em seu país.

Por aqui, estava tudo tão quieto que dava até para desconfiar. E a desconfiança dá lugar à frustração por mais um evento de esporte a motor escorrer pelos dedos. O Brasil, em menos de 20 anos, perdeu a Fórmula Indy (duas vezes, é bom lembrar), a MotoGP, o Mundial de Carros de Turismo (tinha esquecido dele…), o Mundial de Endurance (FIA WEC) e poderá perder a Fórmula E pela segunda vez em três anos.

Não há limite para a incompetência e principalmente para o descaso – principalmente quando recordamos que dos três campeões da categoria dos carros elétricos, dois são brasileiros: Nelsinho Piquet na primeira temporada e Lucas Di Grassi, na terceira.

A próxima reunião do Conselho Mundial da FIA, marcada para o próximo dia 6 de dezembro, deverá sacramentar a ausência do Brasil no calendário da temporada 2017/18 da Fórmula E. Com o cancelamento do ePrix de São Paulo, o campeonato passaria a ter 10 eventos e 13 corridas, já que Hong Kong, Nova York e Montreal são disputadas em rodadas duplas.

Comentários

  • Eu estava muito interessado em ir assistir mas estava achando estranho não terem ainda divulgado o circuíto. Entrei semana passada no site da categoria para buscar informações e vi que corridas que aconteceriam em datas posteriores ao eP de São Paulo já estavam com ingressos a venda e para a nossa ainda nada.
    Infelizmente quando a Indy corria por aqui eu só estudava, não trabalhava e não tinha $$ para assistir. Agora que posso ir ver ao vivo não teremos nenhuma dessas duas categorias aqui pertinho. Lamentável!!

  • Podem ir se acostumando…

    Interlagos já era, vai ter o mesmo destino de Jacarepaguá, vai virar condomínio.

    O tal gestor caga e anda pra cidade, só está aqui pra vender tudo para os seus amigos em tempo record. Uma prova que poderia gerar divisas pra cidade, abortada sem mais nem menos.

    Corrida de carro em SP, só em Mogi Guaçu, que nem arquibancada tem.

  • Terra do Futebol e por esportes bancados pelo Banco do Brasil. Só o que importa, e nem sei quem são… Alguém faturando, certamente. E no Twitter veio alguém de Floripa pedir que a F1 fizesse uma corrida lá para eles construirem um autódromo. Eu falei que deveria ser o inverso, porque automobilismo não é F1, e sim o inverso! Mas aí o rapaz falou que a F1 traria grana, visão, enfim… Brasileiro em geral não gosta de automobilismo, gosta de coisas que chamem a atenção. Se não for F1, pouco importa, há fãs, mas nada que justifique investimento, nem que seja para montar um circuito nas ruas da cidade…

  • Uma pergunta simples…
    o que impede de fazer em outro local, até mesmo em outra cidade???
    O que não falta são locais em que quase não seriam necessárias obras e com muitos e bons locais para publico!

      • Rodrigo, existindo vontade, e apenas do ponto de vista logístico, 3 meses é suficiente, a F-E não é muito exigente em termos de traçados e pisos, no passado vimos provas de F-E montadas em prazos mais curtos (mas, dinheiro não era problema…).
        Outra curiosidade… e o Lucas Di Grassi, como fica no meio de tudo isso, ele não tem uma palavra a dizer?

    • Bem, qualquer que seja o local será preciso um recapeamento com certa qualidade, mesmo para a Fórmula E. Também construção de arquibancadas para milhares de pessoas, mesmo que provisórias custam um certo preço, e que no Anhembi seriam utilizadas as já existentes.

      Mas quem estaria disposta a bancar tudo isso a curto prazo? Algum município poderia investir pois haveria retorno certo, mas com o recesso de fim de ano creio que não haveria tempo hábil para tal.

      Tempo para execução realmente existe, tanto é que Punta del Este está sendo cogitada para substituir São Paulo.

  • Por exemplo, em BH, na orla da Lagoa, junto à Igrejinha, dava pra fazer um traçado super espetacular, desafiador, com amplo espaço para publico e bancadas, e quase não necessita de obras…!!

  • Tendo a concordar que o autódromo já era e que você pode acrescentar a F1 da lista de eventos perdidos.
    Contrato até 2020? Como dizem contratos existem para serem rasgados e mesmo que se cumpra até 2020 a atual gestão teria que cuidar da renovação além 2020 coisa que duvido que irá acontecer infelizmente.

  • Bom dia Rodrigo.
    Por que a FE não procura a Prefeitura de Curitiba? é uma cidade muito mais bonita, mais organizada, mais limpa e mais preocupada com o meio ambiente do que São Paulo. Combinaria muito mais com a proposta dos carros elétricos. (e não, eu não sou do Paraná! kkk)

    • Resposta simples, não procuraram outro local porque provavelmente existiu logo desde o início algum conchavo – negociata – envolvendo o anuncio da realização da corrida e a privatização dos (precisosos) terrenos do Anhembi !!!
      A grande dúvida é até que ponto Lucas di Grassi esteve envolvido nisso….?

  • Por que é que não me surpreendo?? Com esse sujeito que se intitula um “gestor” no comando da prefeitura, será disso para pior…já vamos nos despedindo de Interlagos também, pelo jeito.
    Outra coisa…o que diz aquele indivíduo, atual campeão da FE, que se dizia idealizador do traçado da prova??

    • Eu acho que esse tal gestor de nossa cidade usou a boa vontade de nosso atual campeão na intenção de colocar o Anhembi nas mídias preparando sua privatização.

  • Este prefeito é uma piada, assim como 99% dos políticos em São Paulo e no resto do Brasil.. Não se pode esperar muita coisa de um “gestor, globalista, que se aproxima do atual presidente, do PSDB e é da turma do Alckmin. È um lobo vestido em pele de cordeiro. Se interessam por minorias quando podem ser manipuladas políticamente como é o caso dos gays, das feministras e outras correntes atreladas ao totalitarismo. Quando se trata de cidadãos interessados em uma modalidade esportiva que não é futebol e que não estão defendendo nenhuma plataforma política, de minorias, são transformadas em Nada. Estes sacanas so enxergam dinheiro, poder sobre a vida dos outros e regalias (privilégios) com o nome de direitos. Por mim ele estaria DESPEDIDO. Já perguntei para o Flávio Gomes e pergunto para você Rodrigo Mattar: Porque vocês que têm um espaço que é lido e frequentado por muita gente interessada não iniciam uma campanha atravez de um abaixo assinado, sei lá, para que as autoridades municipais respeitem o público amante do automobilismo. Vocês têm uma penetração muito maior do que qualquer um de nós leitores assiduos de seus espaços. Minha posição política é de direita, mas apoio qualquer iniciativa que seja justa e defenda os interesses dos cidadãos, não importando se forem de direita, esquerda, de cima ou de baixo. Um pouco de dignidade, respeito e honestidade não fazem mal a ninguem.