Justa homenagem

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RIO DE JANEIRO – No ano em que se comemorou 30 anos do tricampeonato mundial de Fórmula 1, Nelson Piquet recebe as loas que sempre mereceu na história do automobilismo. O brasileiro de 65 anos recebeu no último domingo o Gregor Grant Award, um prêmio oferecido pela prestigiosa publicação britânica Autosport pelo chamado “conjunto da obra”. Aliás, Nelson é o terceiro campeão consecutivo pela Williams a fazer jus ao galardão. Em 2015, a homenagem foi para Alan Jones, seu rival na temporada de 1980, ganha pelo australiano. No ano passado, o laureado foi Nigel Mansell, com quem Piquet teve dois anos de convivência duríssima.

O prêmio foi entregue a Nelson por um velho amigo e aliado: o projetista sul-africano Gordon Murray, com quem Piquet trabalhou de fins de 1978 até 1985 na Brabham, conquistando os títulos mundiais de 1981 e 1983.

“Um fantástico piloto com muito talento natural”, disse Murray, na premiação.

“Foi um prazer e um privilégio trabalhar ao lado de Nelson. Ele era parte da família – e digo isso com convicção. Tínhamos uma família, éramos muito mais do que uma equipe.”

Normalmente avesso a homenagens do gênero, Piquet declarou: “O tempo que tive no automobilismo foi fantástico. Aprender e trabalhar em equipe foi o mais importante. É muito mais fácil do que ver o seu filho correndo!”

Murray continuou a se derreter em elogios ao antigo aliado dos tempos de Brabham na entrega do prêmio. “Do ponto de vista de engenharia, tivemos um relacionamento fantástico. Como o piloto jovem que era quando começamos a trabalhar juntos, ele era muito dedicado. Levávamos o carro para o túnel de vento da Universidade de Southampton e ele ficava lá, a cada minuto de desenvolvimento, aprendendo tudo”, afirmou.

Repito o que disse em redes sociais: o brasileiro em geral não é capaz de reconhecer as virtudes, o talento, a capacidade e principalmente a genialidade de Nelson Piquet, que o tornou tricampeão do mundo. Se lhe faltou carisma – e ele nunca fez questão mesmo de ser simpático, principalmente com os profissionais da imprensa – nunca lhe faltou autenticidade. Talvez hoje o coração esteja um pouco mais amolecido com o tempo, tanto que Nelson, em entrevista que exibimos no Fox Nitro, não se cansou de elogiar Lewis Hamilton e o próprio filho Nelsinho Piquet.

Felizmente ele ainda está aí para poder ser lembrado como merece.

E acho que passou da hora dos brasileiros fazerem o mesmo com ele. A vida dele merece um documentário. E até uma biografia alentada em português. Um cara tão genial quanto ele, sem suas histórias riquíssimas contadas em livro, é um pecado mortal.

Tenho dito.

Comentários

  • Nelson é mais rapido do que o Chiquinho…mesmo com menos ossos no ´pé…
    Chiquinho não é piloto..´é cria da Globo e o babão Bueiro.. Só isso…….

  • Rodrigo,
    Porque você não monta o projeto de escrever uma biografia do Piquet?
    Você é competente. Conhece do assunto. Sabe escrever um texto para os tempos modernos e que poderá ser lido tanto em plataforma digital quanto em papel.
    Tem contatos… Porque não?

  • Grande Piquet, conheço a trajetória toda dele e sei como foi difícil para ele, e me tornei mais fã do cara quando o conheci pessoalmente.

  • Poxa, ótima ideia do Rodrigo se envolver no projeto da biografia do Nelson Piquet. Além de fã, escriba impecável e profundo entendedor do assunto e principalmente da história do assunto. Apoio totalmente e torço para aconteça.

  • Minhas primeiras lembranças da Fórmula Um são da Brabham de 83, onde Piquet conseguiu uma virada histórica sobre Prost e Arnoux. Até pouco tempo, tinha um recorte dessa Brabham colada no espelho do meu guarda-roupas. Quem conhece um pouco da história, sabe da trajetória suada que levou Nélson ao rol dos maiores da história da categoria. Passo-a-passo, um dia de cada vez. Me lembro de uma reportagem em que ele dizia que na Fórmula 3 o cardápio era quase sempre pão com queijo e Coca-Cola. Minha admiração e respeito para um gênio das pistas.

  • E o mais esquisito é que na transmissão de TV oficial do GP do México de 2017, quando da conquista antecipada do tetracampeonato por Hamilton e no final do GP este estava comemorando na pista, colocaram na tela uma lista dos maiores campeões da F1 e “esqueceram” de colocar o nome de Piquet junto à Brabham, Stewart, Lauda e Senna como tricampeão. O problema com ele não é só no Brasil mas lá fora também.

      • Não é todo mundo que tem problema com ele, alguns valorizam o seu talento inegável, mas creio que uma parte da mídia, principalmente a inglesa. Talvez um inconformismo por causa da perda de titulo do Mansell principalmente o de 87 .ou porque ele não dava muita bola para a mídia e não tinha muita preocupação com imagem. Me lembro de 2 fatos: da imprensa da época laureando-o com um tal de premio “Lemon” dedicado a quem tinha pior relação com ela. e de uma publicação(não inglesa) referindo-se a ele como “The Indian Piquet”. Acredito que além dos 3 títulos o maior feito do Piquet foi ter conseguido ser campeão 2 vezes com uma equipe não campeã de construtores. Nos 40 anos do campeonato de construtores isto aconteceu somente 10 vezes e o único que conseguiu 2 foi ele. A ultima vez que isto aconteceu foi com Hamilton em 2008.