20 anos de saudade

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RIO DE JANEIRO (chama o síndico!) – O mais foda, controvertido, polêmico, talentoso, doidão, genioso, genial e romântico de todos os cantores que conheci.

Sebastião Rodrigues Maia, o Tim. Aquele que faltava a shows a três por dois, mas que – Nossa Senhora do Céu! – cantava uma enormidade.

Pois é… faz 20 anos, no dia 15 de março de 1998, Tim Maia se foi. E justamente no dia em que não faltou a um show – no Teatro Municipal de Niterói, hoje município que é quase minha segunda casa – ele passou mal no palco e acabou internado no Hospital Antônio Pedro, daí para a morte.

Tim Maia era puro suingue, trazendo dos EUA tudo o que absorveu quando viveu por lá antes de ser deportado em 1964, transformando a música brasileira, introduzindo a soul music no xaxado, no samba, no romantismo. Tudo com muito groove, importando de lá o funk legítimo, de James Brown. Sem conhecer teoria musical, passava de boca aos maestros os arranjos que queria. Além de cantar pra caralho, tocava flauta, violão e bateria.

O homem era um monstro.

Até quando radicalizou e virou Tim Maia Racional, foi brilhante. Produziu dois álbuns independentes que, descontando o proselitismo, são uma aula musical pra ninguém botar defeito. Tentem ouvir algumas faixas e prestar atenção no instrumental. E se puderem, no vocal também – porque sem o álcool e a maconha pra atrapalhar, a voz de Tim estava na plena potência.

Pena tudo ter sido tão intenso, tão louco, tão cedo. Tim partiu desta pra muito melhor aos 55 anos de idade, quando podia estar entre nós, perto de fazer 76 anos.

Mas, pensando bem, foi melhor assim. O que será que ele diria de Pabllo Vittar? De Jojo Maronttini? Desses sertanejos e sertanejas chatas como pragas que assolam a música brasileira? Como a metralhadora dele era afiada, especialmente a respeito do que não gostava, certamente sobrariam críticas e ironias.

Melhor ficar com o que Tim nos deixou. E em 1976, quando deixou o Racional e voltou para o profano, nos brindou com uma música de protesto. Sim, senhores: Tim fazia letras de protesto. A diáspora negra também fez parte de seu repertório, com o clássico funk “Rodésia”, hoje o clip da semana.

https://www.youtube.com/watch?v=iSXicp6WZ40

Comentários

  • Venho aqui neste blog para atualizar me de automobilismo e veja uma matéria dessas de um cara que também admiro pelo trabalho realizado, muito bom, muito bom mesmo e Mattar assino embaixo sobre a atual cenário musical brasileiro, que o diga Falcão….

  • De fato, lá se foi o tempo que a música brasileira era conhecida por sua qualidade e simplicidade. Agora, com o devido respeito, tornou-se em sua maioria excessivamente apelativa e medíocre, vivendo desesperadamente em produzir tão, e tão somente os memes.

    O Tim era mesmo um doidão, alguém que viveu intensamente, mas que deixou em sua breve passagem uma série de obras primas, que ficarão eternizadas.