Brasil e Interlagos de volta!

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RIO DE JANEIRO (Fui lá e já voltei!) – Celebrai, fãs do Endurance: o Brasil e o Autódromo de Interlagos estarão de volta ao calendário do FIA WEC. Após uma ausência de mais de quatro anos, o país será inserido de volta no calendário da competição. Não para a Super Season 2018/19, o que indica que houve um entendimento para que haja o evento de 1500 Milhas de Sebring no mesmo fim de semana da corrida de 12h da IMSA. E sim para a temporada 2019/20 – podendo ser em dezembro/19 ou em janeiro/20, de acordo com a disponibilidade do circuito e a ação dos organizadores.

O anúncio foi feito hoje  em São Paulo pela manhã, em coletiva que contou com a presença de representantes dos órgãos públicos do município, da N. Duduch – que é a nova empresa promotora das 6h de São Paulo, do CEO do WEC Gérard Neveu, do campeão mundial da classe LMP2 Bruno Senna e do presidente da CBA, Waldner Bernardo. Registre-se: com ótima presença dos colegas jornalistas, incluindo a equipe do Fox Sports e também o intrépido Gabriel Curty, do Grande Prêmio.

Jean Todt, presidente da FIA, gravou vídeo lamentando não estar no evento de apresentação e desejou ‘sucesso’ aos organizadores na volta do Brasil ao calendário. Retorno que, aliás e a propósito, vocês tomaram conhecimento aqui primeiro, quando os primeiros sinais vieram nas 6h do México, quando Gérard Neveu acenou com a possibilidade do regresso ao Brasil.

Aí aconteceu que a Fórmula E a princípio vingaria – teve data anunciada e tudo – e o WEC virou balão de ensaio por uns tempos.

Só que não: a coisa esfriou na categoria dos elétricos, pegou fogo com relação às negociações do regresso do Mundial de Endurance e assim foi assinado um contrato que garante o país por três anos – mesma duração do primeiro compromisso – no calendário.

E a primeira pergunta da coletiva foi do querido Beegola, o Wagner Gonzalez. Uma dividida na veia. O jornalista questionou Neveu sobre a questão da privatização do Autódromo de Interlagos por conta do futuro ex-alcaide do município paulistano, João Doria, que cederá o cargo a seu vice Bruno Covas, uma vez que já foi escolhido como candidato tucano ao governo do estado de São Paulo.

“Passamos por uma mudança de gerenciamento em Spa há alguns anos e depois a mesma coisa em Silverstone. Nos dois casos a gente conseguiu seguir fazendo as provas e acreditamos que aqui seja a mesma coisa. Se o prefeito decidir vender, então nossas conversas passam a ser com a iniciativa privada”, disse durante entrevista onde estava o Grande Prêmio.

“O único problema seria se essa companhia resolvesse construir qualquer coisa que fosse diferente de automobilismo, mas imaginamos que quem assuma terá foco no automobilismo, e aí é só ajustar os detalhes para realizar a corrida.”

“Nós voltamos para o Brasil não pra fazer só uma corrida, mas queremos ficar um bom tempo por aqui e sei que é esse o desejo de todos os envolvidos. É um país com grande história no automobilismo e nosso embaixador [Bruno Senna] tem bastante a ver com isso”, encerrou.

O que Neveu talvez não saiba é que um contrato como esse que foi celebrado entre o ACO/FIA e a N.Duduch pode significar a salvação de Interlagos. Muito embora tenhamos que ficar com um pé atrás por causa de políticos – não dá pra confiar em nenhum, principalmente no Doria, que se revelou não um gestor, mas um político dos mais rasteiros – um contrato com duração até 2022 evita o fechamento do complexo e em parte pode impedir a privatização.

Há outra situação levantada pelo Beegola, de que o evento volta para São Paulo numa parceria entre os organizadores e o próprio prefeito – o que seria totalmente contraditório em relação às suas atitudes para com Interlagos. Mas que não deixa de fazer sentido quando se sabe que a Lide (empresa de João Doria) tem ligações com a N. Duduch.

E tem mais: clamando pelo resgate de sua credibilidade, abalada com as saídas abruptas de Audi e Porsche, o WEC pode ter assinado com organizadores e prefeitura, via SP Turis, um contrato de valores menores que aqueles praticados quando da primeira passagem pelo evento aqui.

Enfim… o importante é que o WEC vem, nas palavras de Neveu, para um país que trata do automobilismo com paixão. Não com o mesmo tesão dos nossos vizinhos argentinos – que até poderão vir aqui para torcer por “Pechito” López (se este continuar no Mundial de Endurance, claro) – mas os europeus sabem da importância do Brasil no esporte a motor.

“Interlagos é, na minha opinião, uma das pistas mais míticas do mundo, como Spa-Francorchamps, Silverstone, Monza e Le Mans”, declarou Neveu ao escriba.

Da parte da organização, os trabalhos já foram iniciados. O desafio é proporcionar ao público o melhor evento possível, incluindo – principalmente – as 6h de São Paulo e o seu entorno, com muito entretenimento. Eles chamam de “experiência para a família”. Tanto que crianças de uma determinada faixa etária não vão pagar ingresso e a N.Duduch garante que o preço inclusive será acessível – uma característica que pelo menos o WEC no Brasil tem de bom em contrapartida com a Fórmula 1.

Para terminar, poderia cantar vitória por ter sido um dos que sempre acreditou na possibilidade de regresso do país ao calendário do WEC. Mas não vou. É melhor esperar pelo primeiro ronco de motor para, aí sim, comemorar de verdade.

Sou um otimista por natureza, mas digo e repito. Com políticos temos que ter algum cuidado.

E aqui abaixo, vocês podem conferir o bate-papo pós-Coletiva entre mim e o Gabriel Curty, em que abordamos o evento e também falamos da Super Season 2018/19.

Comentários

  • Os caras sempre mostraram vontade de levar a WEC no brasil..mas como um certo Sr não esta no meio da organização, eles sentiram que só tem gente honesta envolvida…
    brasil tá com uma moral lá. fora…………………………………………………………

  • Ter o WEC de volta ao Brasil é um grande alívio para nosso automobilismo.

    É importante que o calendário brasileiro volte a ter, regularmente, eventos internacionais em nossas pistas.

    Fico na torcida pelo sucesso do WEC no Brasil, e pelo retorno de outras categorias, como a MotoGP e o WTCR (antigo WTCC), apenas para citar dois exemplos.

  • Eu tenho muito receio desse acordo.
    Uma empresa do próprio Dória está fechando acordo para uma série de corridas a partir do final de 2019 / início de 2020 ??

    Estranho. Muito estranho.

    Espero que quando chegar o segundo semestre do ano que vem, a gente não sinta saudades do Emerson, que (dizem) não pagou a fornecedores mas tivemos corridas.

  • Confesso que não acreditava, principalmente por conta da (falta) de credibilidade do Brasil como praça para sediar os eventos, principalmente depois do homicídio cometido contra Jacarepagua e o desfecho da Indy em Brasilia, que ocorreria em 2015…para piorar, o então promotor das 6h de São Paulo se revelou um grande caloteiro, alem de péssimo promotor e empresário, a ponto do CEO do WEC criticar publicamente a organização da edição de 2014.
    Enfim, comemoremos o retorno torcendo para que nada atrapalhe no caminho e, principalmente, que Interlagos continue firme sendo o templo do automobilismo brasileiro.

  • Se acontecer vai ser maravilhoso mais uma tarde de domingo em Interlagos com muita cerveja e muito ronco de motor, já quero comprar meu ingresso..
    Vamos torcer….