No Baku dos outros… é Hamilton!

2018 Azerbaijan Grand Prix, Saturday - Wolfgang Wilhelm
A sorte voltou a caminhar ao lado de Lewis Hamilton e o britânico venceu o GP do Azerbaijão (Foto: Wolfgang Wilhelm/Mercedes/Reprodução Grande Prêmio)

RIO DE JANEIRO – A temporada da Fórmula 1 vem se saindo melhor que a encomenda. Que campeonato temos após quatro corridas, amigos leitores! E pensar que aquela etapa inicial da Austrália foi a única exceção à regra. De resto, tivemos variáveis, emoção e tretas pra dar e vender.

Sem dúvida, o campeonato de 2018 vem superando todas as expectativas iniciais – e olha que nem temos mais criticado o horroroso Halo.

Acho até que já estamos inclusive nos acostumando com aquela trapizonga horrorosa, para a qual até o Liberty Media encontrou serventia, introduzindo nas transmissões do GP do Azerbaijão um novo gráfico de velocidade, aceleração e frenagem. Quem patrocina a área “nobre” do Halo parece não ter gostado muito, não.

Mas voltemos ao GP do Azerbaijão. E nesse domingo, a sorte que vinha ausente nos lados de Lewis Hamilton acabou premiando o atual campeão mundial. Tudo conspirava contra: o britânico vinha longe do líder, que era Sebastian Vettel e depois do pit stop do piloto da Ferrari, quem assumiu o primeiro lugar foi Valtteri Bottas.

Aí a dupla da Red Bull resolveu se autoimolar da disputa: os rubrotaurinos vinham novamente para uma estratégia diferente e tentar cravar a concorrência, tal e qual Ricciardo fez com maestria em Xangai.

De repente, no fim da longa reta de 1,4 km, no trecho mais rápido da pista, os dois pilotos se estranharam – aliás, já haviam se enroscado mais cedo ali mesmo, no ponto de frenagem da primeira curva.

Difícil apontar um culpado. É fácil criticar Verstappen pelo histórico recente, mas o holandês fez o que tinha de fazer. Defendeu-se movendo o carro uma vez e acho que não houve um segundo movimento. Essa defesa de posição talvez tenha pego Ricciardo pelo contrapé. E aí o Risadinha não teve como segurar.

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Deu ruim: um enrosco entre Ricciardo e Verstappen limou os dois pilotos da Red Bull em Baku (Foto: Reprodução Grande Prêmio)

Roda bloqueada, PIMBA! Bem na traseira do carro do companheiro de equipe. Dupla frustração dos pilotos e um desapontamento imenso entre os chefões Christian Horner, Helmut Marko e Adrian Newey. A reunião pós-prova prometia muito… E Helmut Marko, consultor da Red Bull, soltou um petardo bem ao seu estilo. “Eles deveriam ter cérebro!”, bradou.

Entrou o Safety Car e todo mundo ficou em condições iguais – Vettel fez nova parada e montou os mesmos pneus ultramacios da Mercedes de Bottas, que voltou líder mesmo tendo feito um pit a menos, beneficiado principalmente por ter parado em regime de neutralização.

Aí o nosso bravo Romain Grosjean, que de último do grid já era o 6º colocado – baita resultado, diga-se de passagem – resolveu cometer um erro primário no aquecimento de pneus. Deixou escorregar sua Haas e PIMBA! – mais um carro no muro. Festival de #mimimi do franco-suíço e mais voltas de Safety Car, deixado transparecer um final eletrizante na luta pela vitória.

E não deu outra. Uma volta após a relargada, Sebastian Vettel resolveu partir para o tudo ou nada. Arriscou na frenagem da curva 1 e além de ovalizar seu pneu dianteiro esquerdo no afã de roubar a liderança de Valtteri Bottas, perdeu posições para Lewis Hamilton e Kimi Räikkönen.

Atrás deles, vinham a Force India de Sergio Pérez e um impressionante Charles Leclerc, que conseguira ultrapassar a Renault de Carlos Sainz. Incrível corrida do monegasco em sua curta carreira na Fórmula 1.

Na abertura da antepenúltima passagem, outro drama: Bottas passou por cima de um enorme detrito e isso ocasionou o furo do pneu traseiro direito de sua Mercedes-Benz. Judiação… e a liderança caiu no colo de Hamilton.

Assim como o 2º lugar ficou de presente para Kimi Räikkonen e – no melhor dos mundos para o piloto da Mercedes – Sebastian Vettel foi ultrapassado por Sergio Pérez, que conquistou um importante pódio para a Force India, uma equipe que não vinha bem na temporada 2018.

Foi um final inesperado de uma corrida que já havia tido um início tumultuado, em que o russo Sergey Sirotkin e o francês Esteban Ocon foram limados da disputa. Inclusive, não fosse o incidente inicial, daria pra dizer sem medo de errar que Räikkönen poderia ter ganho este GP do Azerbaijão.

Mas no Baku dos outros… é Hamilton! E o piloto se viu de repente na liderança do campeonato, superando Vettel por quatro pontos. Que situação…

E o que fez este Charles Leclerc? O campeão da Fórmula 2 no ano passado chegou num ótimo 6º lugar, foi – merecidamente – eleito o melhor piloto do dia e conquistou seus primeiros oito pontos na Fórmula 1.

O resultado do monegasco já seria espetacular mesmo nos antigos critérios de pontuação, onde chegar no top 8 e no top 6 era uma situação incrível para uma equipe sem muitos recursos. A esta altura, quem está feliz é Sergio Marchionne, que apostou em colocar de volta o logo da Alfa Romeo num carro da categoria. Por enquanto, tem dado certo. A temporada da Sauber é melhor que qualquer expectativa prévia poderia supor.

Também foi um fim de semana de alívio para a Williams, que marcou seus quatro primeiros pontos com Lance Stroll, na mesma pista do primeiro – e por enquanto, único – pódio do canadense. Mas a situação não muda: o time de Grove segue na lanterna entre as 10 equipes inscritas no campeonato.

Leclerc não foi o único a marcar pontos pela primeira vez: o neozelandês Brendon Hartley, mesmo criticado por um início pífio de campeonato e por quase provocar um mega acidente com seu companheiro Pierre Gasly no treino classificatório, sobreviveu e conseguiu a 10ª posição. Agora, são 338 os pilotos que pontuaram na história.

Hartley é o quinto piloto da Nova Zelândia a terminar um GP de Fórmula 1 na zona de pontuação e o primeiro do país a marcar pontos desde… Chris Amon no GP da Espanha de 1976, pondo fim a um jejum de 42 anos, portanto.

Com tantos ingredientes e um campeonato muito mais legal do que imaginava a nossa vã filosofia, já conto os dias para a disputa do GP da Espanha, no próximo dia 13, em Barcelona.

Comentários

  • Alguma menção honrosa ao Alonso?
    Se bem q ele continua na mesma rotina do início da temporada (largar lá atrás e marcar pontos. Novidade, nesse ano, seria abandonar ou conquistar um pódio.

      • Vdd. Talvez o q vale destacar é q ele conseguiu chegar nos box sem duas rodas, trocou tudo (até o bico) e seguiu pra corrida.

  • Super respeito seu comentário, mas o Toddynho fez dois movimentos claramente. Todo erro do Ricciardo, se é que teve, fica anulado quando ele prática o movimento inexperado. Para não bater depois que ele voltou só se o João Sorrisão se jogasse no muro.

  • Os pilotos da F1 sabem ficar ziguezagueando na pista, mas não o fazem. Max fez e causou o acidente. Me recordo de um fato semelhante entre Massa e Perez que acabou em acidente. O Perez fez a mesma coisa e o Massa o acertou. Não importa se mudança de direção de Max foi sutil. Ele não podia voltar pra linha de dentro como voltou. Se não tivesse voltado e Riccardo tivesse batido, então a culpa seria do Australiano. Como Max voltou pra linha de dentro assumiu um risco que o torna culpado. E, tomara que a RBR o faça entender isso. Ele está se tornando um piloto perigoso para os demais.

    • Mark Webb bateu com Vettel no GP da Turquia, ambos da RedBull; Hamilton bateu com Rosberg no GP da Espanha; ambos da Mercedes; sem paixão por A ou B, a competição está no DNA dos pilotos!!!

  • Opa
    Todos os comentários do exterior que li apontam para o double move do Verstappen. Reveja o incidente. Verstappen claramente bloqueia ilegal e irresponsavelmente seu parceiro de equipe.
    Não quer perder, ainda mais para um piloto com carro igual.
    Verstappen é rapido, mas tem que aprender a perder e dar a volta por cima. Hoje é uma chicane ambulante.

  • Os dois pilotos da Red Bull foram advertidos, mas não punidos.
    A sensação que tive foi que, embora não houvesse má intenção entre as partes, o erro do Ricciardo foi sim resultado da sutil fechada praticada pelo Verstappen.
    Os dois estavam se degladiando desde do princípio da corrida, gerando uma adrenalina que culminou neste incidente. Algo seria amenizado se houvesse um pouco mais de comedimento dentre as partes.

    Esse comedimento, essa precaução, foi o que faltou ao Vettel quando ansiosamente apostou na retomada da ponta na relargada, em vez de esperar um pouco mais antes de atacar Bottas, custando o pódio e a liderança provisória.
    A mim, Vettel demonstra, desde o ano de 2014, uma ansiedade em superar a Mercedes a qualquer custo, e esse comportamento mais uma vez lhe custará muito caro no fim desse campeonato, tal como aconteceu no ano passado.

  • A FIA não pune o Verstappen, o moleque é irresponsável, inconsequente e tanto a FIA como RBR passam a mão na cabeça dele… E como ele acredita que está sempre certo, nada vai mudar… Helmut Marco que nem funcionário da RBR é fica com o seu protegidinho…

  • Risadinha…gostei do apelido…Mas cá pra nós.. o risadinha tava com salto alto..
    Acha que tem o team na mão..vai colher mais humildade cara… acha pq o parceiro é um feto em formação e pode chegar e acabar porrando por trás.. tinha que pegar punição para as 2 proximas provas… Hamilton..quando o cara é ra bu do. nem decreto do Pt muda a sorte do cara..putis…

  • Algumas considerações:

    No primeiro momento Ricardo foi para a direita, e o Max, percebendo, foi também. Mas Ricardo inverteu, e o Max….inverteu também. pode ter sido um movimento foi sutil, mas sem duvida, foi um zigue-zague !!!! e Isso é VETADO pelas regras. Quanto ao Ricardo ter batido na traseira: gente, sejamos minimamente razoáveis, naquele momento, puxado pelo vácuo, anabolizado pelo DRS, ele estava com pelo menos 15-20 km/h a mais do que o Max. Foi pra direita e o cara fechou, ele foi pra esquerda, movimento perfeito, o cara não podia voltar, MAS VOLTOU. Nessa hora, a menos de 2 m da traseira da ROLHA que fechou o buraco por onde ele poderia ter passado, e com tal diferencial de velocidade, não há freio que pare. Não foi uma questão de otimismo, foi uma questão de que o cara da frente FEZ O INESPERADO.
    Já antes, na volta 12, o Ricardo passou e o Max deixou escorregar e bateu rodas com ele, e quase que acaba com a corrida dos 2. Depois, na volta 17 o Ricardo passou e ele disputou, mas ai foi uma disputa limpa. Porem, parece que o Max acredita que ninguém tem o direito de ultrapassa-lo !!!! E vai fazer escola, assim como o fizeram Senna e Schumacher, na base do “se vai tentar me passar vou deixar bater, viu ?”
    Adoro ver o piloto da frente resistir a ser ultrapassado, mas tem de ser feito com ÉTICA, a la Gilles (quem viu , viu). mas nunca concordei com os métodos de Senna e Schummy, com direito a zigue-zagues, e que tais. E continuo não concordando com qualquer outro que faça o mesmo. E o Max, ele é bom nisso,,,,em ser desleal e anti-etico.
    Enfim, quem assistiu a prova 2 da F2 (corrida espetacular do Segio Sette Camara, sim), deve ter visto 2 pilotos usarem manobras similares, ziguezaguear na reta, pra evitar ultrapassagem: o holandes Nick Devries e o brasileiro Sette Camara. Quando Sergio passou o Latifi, espalhou um pouco, e na reta seguinte mudou de direçao 3 vezes, para evitar a re-ultrapassagem. NÂO SEI COMO , não foi punido. E Devries tá se tornando uma cópia do co-nacional, tanto nos riscos que assume nas ultrapassagens, quanto nas manobras de defesa.
    Voltando ao Max: ele hoje cortou uma curva descaradamente, levando nítida vantagem, e ninguém (FOM/FIA) falou nada. Fantástico, paraece que ele tem “proteção divina” !!!!

    • Concordo em gênero e número contigo. Apenas gostaria de acrescentar que o Max fez o segundo movimento já emendando com a frenagem (ele já foi advertido sobre mudança de direção durante frenagem). O mais tosco de tudo é que a intuição de piloto é aliviar o freio quando leva uma pancada atrás, pisando mais progressivamente em seguida. No caso desta corrida, o Max fez questão de manter os freios travados, estranho. O Ricciardo aliviou o freio após a batida para recuperar o controle e puxar para o lado para aí sim fazer sua desaceleração. Culpa do acidente: 80% Max e 20% Ricciardo na minha opinião.

    • Então Antonio, eu vejo muito do comportamento do Verstappen como algo tipico da idade.
      Você no seu texto de certa forma já cantou a bola.
      O jeito dele é o mesmo que se vê nas disputas quase kamikases da F-2, GP3, F-3.
      E o que o Max tem em comum com os pilotos dessas categorias supracitadas?
      A juventude.
      Os jovens são ruins de julgamento de risco.
      Você não veria o Raikkonen, Alonso com seus mais de 38 anos fazendo o que eles fazem.
      No GP do México do ano passado Hamilton e Alonso andaram lado a lado duramente mas com lealdade.
      Porque a idade ajuda a controlar a adrenalina e sabemos que a adrenalina não é muito amiga dos neurônios.
      Na natureza ela é usada pra lutar ou fugir.
      Não pra pensar e planejar.

  • embora a maioria das pessoas n goste de vestappen dessa vez ele n teve culpa,,,ricciardo foi com muita sede ao pote,,,empolgado com grande ascenção acabou exercendo muita velocidade ja no final da reta,,,se tivesse mais paciência passaria nas próximas voltas ,,, ficou mordido com a perda da posição nos boxes que propositadamente atrasaram pra privilegiar vestappen,,esse é meu ponto de vista,obrigado pela oprtunidade.

  • Mais uma vez i imponderável ajudou a manter a corrida emocionante….

    E o melhor, o campeonato fica aberto, até o Kimi pode ter chance de ganhar este título se continuar deste jeito….

    Quanto ao acidentes dos Red Bulls, os dois são culpados, um foi impaciente e o outro brincou com a paciência, achando que poderia se defender…

  • Respondendo ao Angelo e ao Felipe.
    Angelo, sim, concordo, achei que ele mudou de direção a segunda vez já freando. Quaaase coloquei isso no meu comentário, mas como não estava 100% seguro disso, deixei de fora. Adoto a sua divisão proporcional de culpa, 80-20, é uma estimativa justa.
    Felipe, concordo que a idade atiça, sim, e muito. Tivesse eu ainda hoje os reflexos que eu tinha entre os digamos, 20 e os 30 anos, eu não faria metade das loucuras que fiz guiando naquela faixa etaria….talvez eu ainda esteja vivo por pura sorte !!!!
    No caso do Max e do Devries, me permito acrescentar uma suposição, alimentada pela minha convivencia com holandeses (mais de 21 anos trabalhando numa multinacional holandesa): muito dessas trapalhadas do Max saõ impulsionadas não só pela adrenalida tipica da juventude, mas também ´´por uma arrogancia exacerbada, que vem no pacote da nacionalidade. E o Max, a quem eu considero um piloto muito bom, tem um nivel muito alto e muito perceptivel de arrogancia. Arrogancia que eu posso perceber muito latente no Devries:.
    Pra mim, é essa arrogancia que faz ele pensar que é dono da F1, e que pode fazer o que quiser na pista (mas reclama muito se alguem fizer o mesmo com ele).

  • Sinto cheiro de demissão no ar. Leclerc em 4 corridas tem 8 pontos. O Ericsson, em 80 largadas marcou 11 pontos, sendo que 9 em 2015 e 2 esse ano. Em 2016 e 17 ficou em branco, como em 2014. Em 2016 Nasr mandou um 2×0 no Ericsson e foi demitido. No ano passado o Wehrlein mandou 5×0 e tb foi demitido. Esses 8×2 que o Leclerc tá mandando, botam a sua carreira em risco. E não adianta falar que o cara é respaldado pela Ferrari. Ele não vai pra Maranello no ano que vem. Isso é um fato.
    Sei lá o que a Sauber vê no Ericsson que não despacha o cara. Fulano é ruim demais.
    Outro que tem muito mais sorte do que competência é o Grojean. Bater sozinho na reta e algo juvenil demais para alguém com uma carreira tão longa.
    Alguém lembra de algo relevante que o Grosjean já tenha feito na Fórmula 1???