Temos um campeonato?

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Como é cedo para fazer qualquer tipo de previsão, o título do post questiona se temos um campeonato. A julgar pelo que fez Daniel Ricciardo neste GP da China, a temporada tem tudo para não cair na rotina. Tomara… (Foto: Red Bull Content Pool/Getty Images/Reprodução Grande Prêmio)

RIO DE JANEIRO – Pra começo de conversa, se o Grande Prêmio da China não fosse um pé no saco, a julgar pelo que pareceu ser um domínio da Ferrari após os treinos e a posterior definição do grid, estaríamos contentes.

De fato, o que aconteceu no início da 3ª etapa do Mundial de Fórmula 1 sugeriu que a corrida caminhava para a chatice. Vettel pegou a ponta na largada, deixou Bottas e Räikkönen para trás, viu Hamilton ser ultrapassado por uma das Red Bull… o final desse enredo poderia ser o mesmo de Melbourne e do Bahrein, com vitória vermelha.

Só que um Safety Car deu um molho a uma corrida que parecia fadada a ser uma repetitiva cena vista pelos adversários e fez surgir personagens tão inesperados quanto improváveis. Essa intervenção do carro de segurança ocorreu quando Pierre Gasly – estrela da corrida anterior no Bahrein (vejam vocês como são as coisas) – cometeu um erro e se enroscou com o próprio companheiro de equipe, Brendon Hartley.

A patacoada da filial Toro Rosso mexeu com os brios da matriz rubrotaurina, que já vinha de um início de evento atribulado, após o estouro monumental do motor do carro de Daniel Ricciardo, às vésperas do treino de classificação. Além de ficar com uma orelha atrás da pulga por conta da falta de confiabilidade das unidades de potência da Renault, o australiano deu sorte duplamente. Seu carro ficou pronto para a disputa de um lugar no grid e ele ainda avançou até o Q3, conquistando o 6º lugar.

A partir daí, qualquer coisa que acontecesse ao Risadinha seria lucro. E foi pensando nisso que a Red Bull resolveu jogar com uma cartada que se revelaria genial na reta final da corrida oriental, cuja relargada apresentou uma mudança crucial na dianteira. A Mercedes #77 de Valtteri Bottas surgia como a nova líder da disputa depois que a Ferrari cochilou na estratégia e permitiu que o finlandês ultrapassasse primeiro Sebastian Vettel e depois Kimi Räikkönen.

E foram pouco mais de 20 voltas em que Ricciardo e Max Verstappen tiveram à disposição os pneus macios de banda amarela, contra os médios (de banda branca), montados nos carros de Vettel, Räikkönen, Bottas e Hamilton. E os dois sentaram a bota como puderam e quiseram.

Verstappen foi arrojado, mas ao mesmo tempo foi arrogante e imaturo. Achou que tivesse condições de superar Vettel e numa dividida de curva os dois se acharam. O piloto acabou punido com acréscimo de 10 segundos no seu resultado final – quarto na pista, mas que se transformou em 5º lugar. Uma punição que saiu barata para o holandês, já que como tinha pneus mais novos que o resto, ele podia acelerar à vontade. E para usar um jargão dos comentaristas de arbitragem, ‘beneficiou o infrator’.

Ricciardo fez o oposto. Foi frio, maduro e agressivo no momento certo. Com ultrapassagens sensacionais e cirúrgicas ao mesmo tempo, o Risadinha arrancava aplausos nos boxes e nas arquibancadas, fazendo o chefão Christian Horner vibrar como há muito tempo não se via.

Era o dia de uma vitória redentora.

E ela veio quando o australiano deixou Bottas para trás e foi embora para não ser mais alcançado. Sexta vitória de Daniel na categoria e 56ª da organização de Dietrich Mateschitz. Triunfo que merece ser dedicado à toda equipe, que lhe deu condições de correr, brilhar e triunfar em Xangai.

Bottas ainda resistiu ao compatriota Räikkönen, enquanto Vettel fazia das tripas coração para não ser ultrapassado por – acreditem se quiserem – Fernando Alonso. A Ferrari do alemão teve nítida queda de desempenho e o piloto da McLaren soube se aproveitar disto. Fez uma manobra perfeita de ultrapassagem, que lhe deu um mais do que razoável 7º lugar.

Enquanto Hamilton – que aumentou seu recorde para 28 GPs na zona de pontuação – foi um apagado quarto colocado, graças ao pênalti a Verstappen, Nico Hülkenberg fez ótima prova com a Renault e salvou os oito pontos da sexta posição. Carlos Sainz ainda tentou jogar Vettel mais pra baixo na classificação – o que seria espetacular para o campeonato – mas a prova já estava perto do seu final. E Kevin Magnussen voltou a pontuar em mais uma corrida competitiva ao volante da Haas.

Isto posto, os quatro pontos que Vettel catou em Xangai podem fazer a diferença mais adiante. O alemão continua líder, mas a distância já não é tão confortável quanto parecia após o GP do Bahrein. São 54 pontos de Tião contra 45 do até certo ponto decepcionante Comandante Hamilton.

A classificação ainda nos mostra que Valtteri Bottas avançou a terceiro com 40, após conquistar pontos importantes na China e no Bahrein, deixando Daniel Ricciardo em quarto com 37 e Kimi Räikkönen em quinto, com 30. E Fernando Alonso empatado em 22 pontos na 6ª posição com Nico Hülkenberg, registre-se.

Nos construtores, os pontos somados por Mercedes e Ferrari inverteram a ordem entre as marcas, com os alemães liderando a tabela um ponto à frente (85 a 84), enquanto a Red Bull sobe para 55 e a McLaren se mantém num interessante 4º lugar, três pontos adiante da Renault.

Temos um campeonato? Olha… tomara que sim. E torçamos para que o GP do Azerbaijão, marcado para o último domingo do mês, valha tanto a pena quanto o do ano passado, que foi muito legal.

A propósito: sabem quem venceu lá em 2017? Pois é… Risadinha.

Comentários

  • Quando Riccardo ganha sempre há um show a parte. Volto a repetir: esse cara é o melhor piloto do grid atual (desde 2014 nota-se) e a febre Verstappen, promovida por Helmut Marko, tende a menosprezar isso.

    Essa é a chance do australiano cair fora desse time que já estampa a tempos a cara de seu favorito. Bora incomodar o Vettel na Ferrari.

    Pergunto: quando Hartley vai estrear na F1?

    • Hartley é muito fraco.
      No meu pensamento, só existe uma única razão para ele estar no grid, o interesse da Red Bull nas unidades motrizes da Porsche, que periga estar se preparando para disputar a categoria.
      Talvez o dono do blog possa confirmar essa minha suspeita. . .

  • ricciardo é um grande piloto,,, preciso nas ultrapassagens,,,, calcula muito bem,,, arrojado na medida certa,,,seria muito bom ve-lo na mercedes disputando com hamilton ,,,.mas acredito que renovará com red bull.

  • Rodrigo, se me permite uma pequena correção, na verdade Bottas ganhou a posição de Vettel nas paradas de box, e não na relargada. O finlandês parou duas voltas antes da Ferrari. Sebastian voltou dos pits já em segundo.

    • Já me corrigiram anteriormente, Pedro. Mas eu não atualizei a postagem. Peço desculpas. Acho que fiz alguma confusão, faz parte. Corrigirei. Obrigado.