24h de Le Mans, Journée Test: Toyota e Alonso no topo

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A Toyota estabeleceu a lógica no Journée Test, mas os japoneses se dizem “surpresos” com os progressos de Rebellion e SMP Racing

RIO DE JANEIRO – A lógica se estabeleceu no Journée Test das 24h de Le Mans, realizado neste domingo: a Toyota, teoricamente a grande favorita a conquistar enfim sua primeira vitória em Sarthe, quebrando um tabu de décadas, ficou com o melhor tempo após as duas sessões que totalizaram oito horas de atividades de pista ao longo do dia.

E o espanhol Fernando Alonso começou com o pé direito a sua caminhada na lendária pista francesa. Foi o piloto mais rápido a bordo de seu carro, marcando à tarde o tempo de 3’19″066 (média de 246,4 km/h) ao cabo de 40 voltas percorridas – no total, o Toyota dele e de Sébastien Buemi e Kazuki Nakajima – no qual também estava inscrito o argentino Pechito López – percorreu 106 giros, equivalentes a pouco mais de 1.440 km pela pista com 13,626 km de extensão.

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A boa performance da Rebellion Racing deixou a Toyota surpresa em Le Mans

Surpresa mesmo foi notar que os japoneses não emplacaram o previsível 1-2 no treino coletivo: a Rebellion Racing fez um ótimo trabalho e o carro #3 ficou em segundo com o tempo de 3’19″680 do piloto suíço Mathias Beche. Até Gustavo Menezes andou mais rápido que o melhor tempo do Toyota #7, que foi de Kamui Kobayashi com 3’20″008 – cerca de cinco segundos pior que a pole position do ano passado.

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Jenson Button estreou em Sarthe e já deixou sua marca: atingiu 337 km/h de top speed com o carro #11 da SMP Racing, perdendo apenas para o Toyota de Mike Conway, que chegou a 338,1 km/h

A quarta posição foi do outro Rebellion R13B com motor Gibson, guiado por André Lotterer em seu giro mais rápido – 3’21″344, enquanto o brasileiro Bruno Senna percorreu 22 voltas e andou em 3’22″112. A SMP Racing ficou com as posições seguintes, graças a Vitaly Petrov e Stéphane Sarrazin, ambos virando na casa de 3’21” alto.

Por incrível que pareça, o desempenho de Rebellion e SMP Racing acendeu uma luz de alerta do lado da Toyota. Pascal Vasselon, diretor-técnico do programa da marca japonesa, acha que enfim a equipe terá algum trabalho. “A Rebellion fez grandes progressos depois de Spa-Francorchamps”, avalia o francês. “Mas a SMP progrediu muito, também. Com base no que vimos hoje, eles serão sérios concorrentes nas 24 Horas”, crê. Sobre a equipe que comanda, gostou do desempenho.

“Foi melhor do que o esperado. Nos concentramos na preparação para a corrida e em termos de ritmo de prova, estamos claramente melhores que no ano passado. Não fomos para simulações de qualificação em momento algum, no que poderíamos ter virado tranquilamente abaixo do que conseguimos”, garante.

O resto foi o resto: a ByKolles ainda conseguiu rodar na casa de 3’23” com Dominik Kraihamer, mas a DragonSpeed ficou bem mais atrás e os dois Ginetta da Manor não tiveram a performance imaginada. Os dois carros foram os que menos voltas percorreram entre os LMP1 e ainda foram superados pelos LMP2 mais velozes.

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A DragonSpeed liderou entre os vinte protótipos LMP2 inscritos graças a uma ótima volta do ‘local’ Nathanaël Berthon

Por falar na segunda divisão de protótipos, o francês Nathanaël Berthon foi a surpresa do domingo ao registrar a melhor volta da categoria com o #31 da DragonSpeed. O tempo de 3’27″228 superou por apenas 0″024 a marca da equipe IDEC Sport Racing, graças ao ótimo desempenho do também francês Paul-Loup Chatin. A terceira posição foi da G-Drive Racing, com Jean-Éric Vergne rodando em 3’28″394.

Após disputar os 1000 km de Paul Ricard, Matthieu Vaxivière chegou de ônibus a Sarthe e fez o quarto tempo com o #28 da TDS Racing – 3’28″795, seguido pelo Alpine da Signatech conduzido por Nico Lapierre e pelo primeiro não-Oreca: o Ligier JS P217 da escuderia United Autosports, que Filipe Albuquerque levou à 6ª posição entre os carros da classe, com 3’29″281.

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Felipe Nasr estreou muito bem em Sarthe com o melhor entre os Dallara: 8º mais rápido da LMP2

André Negrão deu 23 voltas na pista e fez seu melhor tempo em 3’29″455. O compatriota Felipe Nasr estreou bem, marcando o melhor tempo entre as equipes com o chassi Dallara P217. Em apenas 19 voltas após chegar dos EUA, onde venceu ontem o GP de Detroit da IMSA, registrou a volta em 3’29″968, 18º tempo geral e oitavo de sua categoria.

Na LMGTE-PRO, um susto no primeiro treino: um forte acidente sofrido por Marco Sørensen a bordo do novo Aston Martin Vantage AMR após um contato com o protótipo LMP2 da SMP Racing guiado por Harrison Newey na altura de Indianápolis, mandou o carro titular para o vinagre. Na batida, o chassi foi tão danificado que a escuderia britânica lançou mão lá mesmo do carro-reserva, que felizmente foi embarcado para Sarthe. O acidente foi responsável pela bandeira vermelha mais longa do fim de semana.

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A Porsche deu um show de marketing e foi muito competitiva na pista, com a melhor volta da LMGTE-PRO

A Porsche, que fez um marketing execpcional no Journée Test, apresentando layouts alusivos a carros do passado, deixou sua marca no treino: fez o melhor tempo com o carro #93, aos cuidados de sua equipe na IMSA. O francês Patrick Pilet fez a melhor volta do dia em 3’52″551, deixando para trás o “Rothmans” #91 conduzido por Gianmaria Bruni em sua melhor passagem -3’52″647.

Com o carro que terá o brasileiro Tony Kanaan (ausente por conta da etapa de Detroit da Fórmula Indy), Andy Priaulx levou o Ford GT #67 da Ganassi à terceira colocação – 3’53″008, poucos milésimos à frente de Olivier Pla, o mais rápido piloto do #66. Dirk Müller e Richard Westbrook, nos dois carros da equipe IMSA, fecharam os seis mais rápidos.

Entre as demais marcas, a BMW conseguiu a sétima colocação com Nicky Catsburg virando em 3’53″946, enquanto a Ferrari conseguiu 3’54″137 graças ao “Passarinho” Sam Bird. A Corvette ficou em décimo e décimo-primeiro com seus C7.R, mesmo com toda a colher de chá do BoP divulgado há alguns dias.

Augusto Farfus também esteve ausente por conta do fim de semana do DTM e assim treinaram, entre os quatro brasileiros, o campeão do ano passado na classe, Daniel Serra e também Pipo Derani. Daniel deu 19 voltas com a Ferrari #51 e cravou 3’54″946. Derani fez 25 voltas, a mais rápida delas em 3’56″947. A realçar que os Aston Martin continuam muito lentos – a exemplo do que aconteceu em Spa-Francorchamps.

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Julien Andlauer pôs o Porsche 911 RSR GTE #77 da Dempsey Racing-Proton à frente dos adversários da LMGTE-AM

Mais lentos até que muitos dos LMGTE-AM, começando pelo Porsche #77 da Dempsey Racing-Proton. O carro guiado por Julien Andlauer, jovem piloto de somente 18 anos, foi o mais rápido do dia – 3’55″970, superando no fim da sessão a Ferrari #54 guiada por Giancarlo Fisichella e que terminou em segundo na categoria, com 3’56″269.

Matt Griffin foi o 3º mais veloz com a Ferrari #61 da Clearwater Racing, marcando 3’56″672, seguido por Matteo Cairoli no Porsche #88 da Dempsey Racing-Proton, por mais um Porsche – o #99 de Patrick Long, inscrito nas cores da Black Swan Racing – e pela Ferrari #85 da Keating Racing, assistida pela Risi Competizione e guiada por Jeroen Bleekemolen.

Das três marcas da classe, a Aston Martin foi a que apresentou o pior desempenho, ficando em 12º na divisão com o carro da TF Sport e em último com o #98 do cliente Paul Dalla Lana. Nem a experiência do português Pedro Lamy salvou o carro de segurar a lanterna, rodando em 4’01″224 na sua melhor passagem – antes do motor quebrar, registre-se (obrigado ao Marc Arnoldi, que está lá, pela informação).

Entretanto, o piloto mais lento do domingo – entre os 177 que marcaram tempo – foi o novato Tim Pappas, que cravou 4’11″252, mais de três segundos pior que outro novato, o japonês Motoaki Ishikawa.

Comentários

  • Por enquanto, está lindo com a Rebellion “fungando no cangote” do Toyota do Dom Fernando, mas não estranharei se mais alguma alteração do BoP da classe for divulgada, está muito na cara que querem que a Toyota vença…enfim…
    Na LMP2 eu acredito muito nos carros com chassi Dallara, muito rápidos em rítmo de corrida…np mínimo, vão incomodar os Oreca, enquanto que a Onroak precisará melhorar muito se quiser algo tanto em Le Mans quanto no próprio campeonato do WEC.
    E na GTE Pro sei não…apesar da ajudinha ao trovão, parece que a discussão vai ser entre Porsche e Ford…BMW e Aston ainda muito aquém em termos de desempenho e a Ferrari precisam tirar um pouco de peso que elas vem para a briga…ainda mais com Pipo e Serrinha no volante…

  • Na minha opinião, a briga na GTE-PRO estará entre a FORD e a PORSCHE….na LMP1, repito, LE MANS é LE MANS!
    Faltam 12 dias!

  • No caso específico do Aston Martin #98 na categoria LMGTEAm, quebraram o motor ainda na sessão da manhã. E não o trocaram. Assim, não participou mais do treino, onde podia certamente melhorar o tempo.

  • É muito interessante Alonso estar perseguindo a tríplice coroa e até torço para que algum dia ele consiga alcança-la, mas vou torcer muito contra a Toyota e Alonso nesta prova em especial, não porque não gosto dos japoneses ou de Alonso, mas porque a FIA está fazendo de tudo para eles ganharem.