Direto do túnel do tempo (406)

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A última vitória da Brabham foi – até hoje – a única de um brasileiro em Paul Ricard numa corrida de Fórmula 1. Felipe Massa também conquistou o GP da França, inclusive o último disputado há 10 anos, só que em Magny-Cours

RIO DE JANEIRO – Posso já ter repetido o assunto, mas isso às vezes acontece. Especialmente na seção Túnel do Tempo. Pois no fim de semana do retorno da França e do circuito de Paul Ricard ao calendário da Fórmula 1, é impossível não lembrar de 1985.

Em sete de julho daquele ano, Nelson Piquet chegava à corrida que seria a sétima etapa do campeonato como o 16º e último colocado da tabela de pontos. Ele quebrara uma sequência de cinco maus resultados no início da temporada com o 6º lugar em Detroit, no GP dos EUA. Muito pouco para um bicampeão.

A Brabham BT54 do experiente piloto era equipada naquela temporada com os pneus da italiana Pirelli, em mais uma das decisões equivocadas de Bernie Ecclestone que visavam lucro (pessoal, provavelmente). Até a prova da França, a troca não tinha se mostrado eficaz. Em Paul Ricard, acabou que deu certo. Muito certo.

Piquet fez o 5º tempo no grid com 1’33″812 – a pole de Keke Rosberg, com a Williams Honda, foi mais de um segundo abaixo. E na hora do alinhamento, o carro titular deu problema. O piloto pulou para o carro reserva e saiu do box para o grid poucos minutos antes do fechamento do pitlane. Se o problema não se resolvesse, ele largaria de último.

Como aparentemente tudo correu bem, Nelson partiu de sua posição original e avançou rápido para a 3ª posição e depois para segundo. Ele não demorou mais do que sete voltas para superar a Lotus Renault de Ayrton Senna. E foi ao encalço do pole e líder Rosberg.

Na 11ª passagem, enquanto o finlandês se debatia com problemas de aderência em sua Williams, Piquet tirava partido do melhor dos Pirelli numa pista cada vez mais abrasiva. O calor deixava as coisas à feição e Nelson passou o rival – e foi embora.

O resto é história: Piquet venceu – foi sua 13ª conquista na carreira – e deu à Brabham aquela que seria a última de um total de 35 vitórias da mítica escuderia britânica.

Foi também a última vez em que os pilotos competiriam de Fórmula 1 no traçado integral de 5,8 km com o retão Mistral de cerca de 1.800 metros (neste ano, há uma chicane). No ano seguinte, em testes, Elio de Angelis morreria – ironicamente a bordo de uma Brabham – e até 1990 a categoria continuaria em Paul Ricard, mas num traçado com uma variante que deixava a pista menos seletiva e com apenas 3,813 km de extensão.

Há 33 anos, direto do túnel do tempo.

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