A dança vai começar

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Mudança de assento: Lance Stroll já fez o molde do banco e deve ir o quanto antes para a Racing Point Force India, precipitando uma mudança grande de pilotos em novas equipes até o fim desta temporada da Fórmula 1

RIO DE JANEIRO – Como não vi o GP da Bélgica em pormenores, pois estava primeiro em trânsito a caminho do Fox Sports e depois trabalhando na transmissão do VT da GP3 Series ao lado do mestre e doutrinador Edgard Mello Filho, pouco tenho a falar sobre a vitória de Sebastian Vettel em Spa-Francorchamps, em que o alemão tirou sete dos 24 pontos que o separavam de Lewis Hamilton na classificação do campeonato.

Em contrapartida, assunto não falta no intervalo de poucos dias entre a corrida do último domingo e a próxima. É porque, às vésperas do GP da Itália, estamos prestes a assistir o desenrolar de uma dança de cadeiras que há muito tempo não acontecia numa intertemporada da Fórmula 1.

Tudo tem a ver com a aquisição da Force India (agora Racing Point) pelo consórcio liderado por Lawrence Stroll e que levará seu filho Lance para ocupar um dos assentos da equipe. Nessa, quem vai rodar é Esteban Ocon. O site Italiaracing.net confirmou que Lance Stroll, que vem se arrastando com a Williams neste ano, já fez o molde (em segredo, o que já não é mais, óbvio) do banco do VMJ11, para fazer sua estreia o quanto antes.

Resta saber quando e onde.

Para Monza, isso precipitaria uma movimentação sem igual e, na minha opinião, uma puta sacanagem com um piloto que andou bem na corrida passada e que muito ajudou a “nova” Force India com um 6º posto que, somado ao quinto de Sergio Pérez, já deixou o time – que teve de descartar os 59 pontos já somados anteriormente – à frente da Williams e a um da Sauber.

Mas Ocon não ficaria tão a pé assim, enquanto busca um bom lugar – e certamente o terá, assim espero – para 2019. O francês também teria feito o banco para se acomodar no carro da McLaren, para a qual rumaria como piloto tampão no MCL33 hoje ocupado por Stoffel Vandoorne. O belga, que não vem economizando em críticas contra sua atual e provavelmente futura ex-equipe, pode acabar o campeonato também em nova casa. O possível destino dele seria a Sauber e assim quem ficaria sem vaga seria o sueco Marcus Ericsson, pelo menos enquanto as coisas se ajeitam.

E o que muita gente quer saber é quem ocuparia o assento de Stroll na hoje patética Williams. E para a pior equipe do grid neste ano, só restaria recorrer aos préstimos de Robert Kubica – o jornalista Chris Medland, da Racer Magazine, afirma que o piloto tem uma cláusula no contrato que obriga a equipe a substituir qualquer um de seus titulares por ele, em motivos de força maior – e a saída de Stroll é um motivo e tanto.

E creiam, leitores, que mesmo num carro ruim, acho que o polonês – apesar de todas as suas limitações físicas – tem boas chances de ser mais rápido que Sergey Sirotkin em algumas oportunidades.

A dança vai começar. Se em Monza ou Singapura, isso só os anúncios farão possível a ciranda.

Comentários

  • Rodrigo, uma dúvida, o Kubica possui a superlicença uma vez que não corre a bons 7 anos num F1 e a regra atual fala na manutenção durante os 3 últimos anos dos pontos para tal?
    Outro ponto… será que não passa na cabeça da RedBull (Helmut e Didi) em fechar a Torro Rosso uma vez que não existe mais pilotos para a mesma, desejo esse existente um passado recente. Não entendi também a dispensa do Carlos Sainz do programa depois de tanto investimento, acho a desculpa de que não se daria bem com Max Verstappen meio forçada… afinal Gasly novamente na minha opinião não fez nada demais… rs
    Forte abraço.

    • Thiago, é uma boa pergunta a sua com relação ao Kubica. Porém, acho que o entendimento é que a regra está valendo para quem quer obter a Superlicença e não para quem já a possui – o que é o caso do polonês.

      E sobre Marko e Didi Mateschitz, te pergunto: por que fechar a Toro Rosso? Sei que não tem sido um momento dos mais fáceis para o time mas, ironicamente, a tábua de salvação deles pode passar pelo retorno do Vergne à equipe em 2019. Acredite se quiser.

      • Eu me surpreenderia muito se o Vergne retornasse para a STR. Acho que poderiam ir atrás do Albon da F2, é um piloto descente que está muito bem no campeonato desse ano. Ir atrás do De Vries também é uma opção válida.

      • Confesso que em nenhum momento pensei no retorno do Vergne à STR. Mas faria todo o sentido se acontecesse. Só que não sei se ele sairia de ser campeão numa categoria em que ele já é um dos grandes nomes pra lutar por pontos com um chefe que já o defenestrou antes.
        Se fôssemos pensar somente em resultados recentes, já que Norris e Russell são ligados a Mclaren e Mercedes, Albon seria um nome plausível, já que ligação com as latinhas, à essa altura, deixou de ser condição sine qua non.

  • Não acho sacanagem tirar o Ocon, são simplesmente negócios e sabemos que é assim que a banda toca. O problema é ele cair justamente na McLaren, não vai fazer muito melhor que o Vandoorne, que, no fim das contas, pode ganhar na loteria ao ir para a Sauber, que está evoluindo muito.

  • Rodrigo, boa noite! E se as coisas se “desenharem” desse jeito, eu entendo que o Vandorne se dá melhor, pois a Sauber esta andando muito melhor do que a Mclaren , é para um piloto que precisa mostrar serviço,…e que até então não tem o que mostrar,… cair a Sauber – FERRARI no colo dele,… é um grande negocio!!!

  • Acho Kubica o piloto mais superestimado dos últimos 15 anos – Alonso é o segundo, bem perto -, e é simplesmente inacreditável alguém que não dirige um monoposto a 7 anos ter um superlicença.

    • Quanto ao Kubica e o Alonso eu concordo. Por outro lado, acho o Stroll o mais subestimado.
      A entrada dele foi prematura, forçada até, mas ele terminou so 3 pts atrás do Massa no seu ano de estréia. Que mais ele tem que mostrar pra ser, pelo menos, considerado bom piloto?
      O Sirotkin veio elogiado pelo direitor da Renault depois de um ano como pilotos de testes. Cadê ele?
      O pai dele é mais rico que o Lance, também comprou uma vaga e provavelmente vai limbo no fim do ano, mas o filhinho de papai é o trás pódios pra equipe.

  • Claro que sim. Como qualquer outra licença no mundo, a da F1 deveria ter validade. Ou alguem em sã consciência acha que ficar mais de 7 anos sem disputar um GP não faz diferença?