Salvação

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RIO DE JANEIRO –  A salvação enfim chegou para a Force India seguir de pé na Fórmula 1. A escuderia com sede em Silverstone, que emprega mais de 400 funcionários trabalhando na fábrica e nas pistas mundo afora, conseguiu recuperação judicial e liquidou suas dívidas com credores. Um grupo de investidores liderado por Lawrence Stroll assume a equipe a partir do fim de semana do GP da Bélgica.

“Esse investimento garante o futuro da Force India na F1 e também permite que nossos pilotos consigam competir e mostrar todo seu potencial. Estou muito satisfeito que tivemos o apoio de um consórcio de investidores que acreditou na gente e que viu no nosso time potencial comercial para hoje e também para o futuro na F1”, afirmou o diretor Ottmar Szafnauer, que assumiu as operações após o fim do vínculo do time com o antigo proprietário, Vijay Malliya.

“Nós da Force India sempre mostramos conhecimento e comprometimento e sempre conseguimos ir além do nosso tamanho. Agora, esse novo investimento nos faz crer que temos um futuro brilhante pela frente. Também queria agradecer ao Vijay, ao grupo Sahara e à família Mol por todo suporte e por terem trazido a equipe até aqui mesmo com todas as dificuldades”, seguiu.
Sexta colocada no Mundial de Construtores de 2018, com uma campanha nitidamente pior que a do ano passado, quando terminou num espetacular 4º lugar, batendo organizações de mais tradição e nome como Wiliams, Renault e McLaren, a Force India agora pode correr atrás do prejuízo. Sem atualizações em seus carros por conta justamente da insolvência financeira do time, a equipe agora pode buscar evoluir seus dois carros guiados por Sergio Pérez e Esteban Ocon.
A entrada de Lawrence Stroll como um dos acionistas da equipe também indica que teremos mudanças substanciais no mercado de pilotos e também na própria categoria, ferindo de morte a já combalida Williams. A outrora competitiva equipe, que vive um momento turbulento sob o (fraco) comando de Claire Williams, já perdeu patrocinadores e perderá um de seus investidores.
Dificilmente o grupo Liberty Media permitirá que “papai Stroll” permaneça na categoria como sócio de dois times. Bom… Flavio Briatore fazia isso na época de Bernie Ecclestone, mas a turma de Chase Carey tem que mostrar serviço e evitar que a bagunça tome conta da categoria.
E se a Force India foi salva, agora há que se lutar pela Williams, que caminha inexoravelmente para o buraco.
Porque sem o dinheiro de Lawrence Stroll e Lance Stroll fora de um dos cockpits – o que, convenhamos, não fez nenhuma diferença nas duas últimas temporadas – o time de Grove vai ter que se socorrer de quem tiver o maior cheque ou então contar com a Mercedes-Benz como tábua de salvação, tornando a escuderia do velho Frank uma espécie de time B dos alemães, dando chance a pilotos juniores da marca – e não faltam nomes que possam ser ali encaixados.
O problema da Force India ter Stroll como um de seus investidores será Lance ser um dos pilotos e, pior, a equipe ter de abrir mão de Ocon ou Pérez.
Um dos dois vai para o mercado de pilotos – ou até mesmo os dois, se bobear…

Comentários

  • Ótima notícia, especialmente se considerarmos os muitos empregados. Mas gostaria, sinceramente, de conhecer um pouco mais a fundo as finanças de boa parte dessas equipes intermediárias da F-1 para saber se o negócio é rentável.

    Fico com a sensação, pelo alto custo, e pela qualidade duvidosa do “espetáculo”, que não são todos os que conseguem bons resultados com essa brincadeira.

    Não faz muitos anos os pessoal do grupo VW, não me lembro se pela Porsche ou Audi, dizia conhecer os gastos que a Mercedes tinha àquela época, e que não estava disposto a desembolsar quantia similar para se tornar competitiva numa eventual entrada na categoria.

  • O dinheiro que o papai Stroll vai colocar na equipe será maior do que a grana que ela ganharia por desempenho?? (sabendo que o Strollzinho é bem inferior a Perez e Ocon)

    • O prêmio por desempenho, além de menor, só chega no fim da temporada, até lá, a equipe já teria sido liquidada.

  • Também não morro de amores pelos Strolls e sua relação com a F1, mas dizer que Lance não fez ” nenhuma diferença nas duas últimas temporadas” é puro pachequismo.
    Acho que o Massa deveria ter ficado, mas o moleque fez 40 pontos, só três a menos que o brasileiro. Além de um pódio.

    Podia ser mais, mas não é pouco.

    • Não foi uma declaração “pacheca”, Luca. E eu não sou dos que mais morre de amores pelo Felipe Massa, não.

      Só que, em comparação ao que ele fez em 2017 e (não) faz em 2018, o tombo foi grande. Tudo bem, o carro é ruim. Mas o que ele acrescenta mesmo, tecnicamente, para a equipe? O que ele agrega de fato?

      • Sinceramente, acho que se ele nada agrega tecnicamente a equipe, agrega menos ainda em termos de velocidade e consistência.

      • Entendo o que você quer dizer Mattar, também não morro de amores por nenhum dos dois.
        Mas se eu for usar o seu argumento, o que o Hartley agrega tecnicamente à equipe? E o Vandorne? Ou o Ericsson?
        Acho que existe uma certa birra das pessoas com ele porque ele tem dinheiro. Só isso.

  • O Lance só agrega – ou, melhor, agregava – dinheiro à equipe. É visível que não tem nem cacoete de piloto de F1, só está lá por causa do dinheiro do pai.

  • Alguns pontos a pensar:
    1 – uma F1 com apenas 20 carros eh uma F1 pobre.
    2 – mesmo se considerarmos a F1 dos ultimos 30- 35 anos, quando em muitas temporadas foi necessário praticar pre-qualificações, por um grande numero de carros inscritos, eram poucos os carros com capacidade efetiva de vencer corridas. Se esse ano já tivemos 3 marcas com 4 pilotos vencedores nessa temporada, houve outras temporadas em que, mesmo com 26-27 carros menos marcas e menos pilotos venceram corridas….
    3 – Logo não acho que equipes ‘caça-niqueis” sejam a solução em termos de engordar o grid.
    4 – Então, porque não adotar a solução de equipes com mais carros, por exemplo, 3 ou 4 carros por equipe, ou então permitir a venda a equipes privadas de até 3 ou 4 carros por “marca”,

    Nos anos 50 a Ferrari, a Cooper, a Vanwall, a Maserati, alinhavam de 3 a 5 carros de fabrica cada, dependendo do interesse na corrida ou no campeonato, Nos anos 60 algumas equipes privadas alinhavam carros idênticos ou muito próximos aos de uma determinada equipe de fabrica, e esses tinham chance de vencer.

    Eu proporia uma solução mista, com até 3 carros por equipe de fabrica e a possibilidade de vender até 2 carros de fabrica para equipes privadas. Isso aumentaria o nível da disputa e daria chances a termos 5,6, 7, ou quem sabe até mais pilotos vencedores por ano. Com certeza.
    Haveria uma redução do numero de marcas, mas seguramente não haveria a certeza, desde antes da largada, que o vencedor estaria pilotando uma Mercedes ou uma Ferrari, ou com muita sorte, uma Red Bull….
    Seria bom para o publico, para os pilotos e para a disputa em si.

    • Antônio,

      Talvez nem isso seja solução quando vemos “ordens de equipe” extra-muros, como aconteceu no caso Toto Wolff e Esteban Ocon em Mônaco, se não me falha a memória.

      Fico imaginando se um eventual fornecedor de chassi, em algum momento da corrida, não exigirá que a equipe cliente abra passagem.

      A governança da F-1 deve mudar antes de tudo.

      Saudações.

  • Ótimo para a continuidade da equipe, a qual nutro simpatia desde os tempos em que Fisichella e Sutil lutavam pelo primeiro ponto da equipe. Vocês não têm noção de como torci quando o Físico fez aquela pole – por enquanto, a única da equipe – em Spa e lutou com unhas e dentes com o Raikkonen na corrida. Pra mim foi a melhor corrida do cara, disparada. Melhor que as vitórias dele, sempre suadas.
    O problema é que essa questão tem o lado ruim. Ganham o Stroll de “brinde”. Seu melhor atributo é a conta bancária. Pilotinho bem mais ou menos.
    Mas… Bem, podia ser pior. Podia ser o Ericsson.

  • Engraçado como a impressa decidiu escutar a Velleneuve e embarcar nessa que a Clare é fraca.

    Foi com ela que a Williams fechou com a Mercedes e fez dois terceiros e dois quintos nos construtores.

    A equipe caiu muito, mas desdw que o Lowe entrou. Lembre-se que o Massa disse que acreditava que o carro desse ano seria revolucionário.
    Prometeram isso pra ele.
    Se não se confirmou, é culpa do Lowe, não da Clare.

    Se não fosse ela, talvez a eqipeu estivesse fechado.