Direto do túnel do tempo (415)

70766cfadc97f9149b2856f42558db2cRIO DE JANEIRO – Um flagrante histórico da consequência de um dos maiores momentos de estupidez já vistos na história do automobilismo. Este é o registro do choque entre Nigel Mansell e Ayrton Senna na curva 1 do circuito português do Estoril, por ocasião da 13ª etapa do Mundial de Fórmula 1 de 1989, disputada num 24 de setembro como o de hoje.

Naquela corrida, Ayrton Senna largou na pole, mas a Ferrari apresentou armas com Gerhard Berger assumindo a ponta antes do término da primeira volta e Mansell, terceiro por sete voltas, ganhou a posição do piloto da McLaren, mais preocupado em manter Alain Prost atrás de si do que com a dupla dos carros vermelhos, que passou a dominar as ações.

Mansell superou Berger após 23 voltas e chegou à liderança. O britânico foi então aos boxes para a troca de pneus, momento em que a liderança foi ocupada por Pier Luigi Martini e sua Minardi. Foi aí que Nigel fez a patacoada de dar marcha a ré nos boxes, porque perdera o ponto de entrada na garagem da equipe italiana. A troca foi feita e o piloto voltou em quarto, atrás de Berger, Senna e Martini, logo ultrapassando o italiano.

A direção de prova fez sua parte e exibiu a bandeira preta ao piloto do carro #27. Mansell estava desclassificado, excluído da corrida. E ainda assim insistiu em perseguir Senna e tentar retomar pelo menos a segunda colocação, já que Berger era o líder destacado do GP de Portugal.

Com Mansell fora, apesar dos insistentes acenos da bandeira preta (o piloto se defenderia dizendo que não vira a sinalização de desclassificação porque “o sol o atrapalhava”), os críticos de Senna encontraram munição suficiente para falar que o brasileiro não tirou o pé para permitir que o britânico da Ferrari o ultrapassasse.

Afinal, Nigel estava fora e Senna, se terminasse atrás dele, seria 2º colocado do mesmo jeito e conseguiria descontar dois pontos para Alain Prost, que naquele momento era quarto na pista e terceiro com a eliminação de Mansell.

Mas aí Senna e o piloto da Ferrari desceram a reta dos boxes para a 49ª volta. Mansell tentou a ultrapassagem por dentro e o resultado todos conhecem. A batida tirou Ayrton da disputa e entregou o 2º lugar no colo de Prost.

Há 29 anos, direto do túnel do tempo.

Comentários

  • O que o Mansell tinha de rapido, tinha de boçal. Tem uma onboard do Berger com a corrida completa dele no youtube. Desde o momento em que ele liga o motor no grid até a chegada. Sem narração ou interrupções; só a sinfonia do Ferrari v-12.

  • Vejo que por essa e por outras que o “Brutânico” só conseguiu um único título na F1.
    Ele era rápido, mas muito atrapalhado, e aqui a culpa foi toda e exclusiva dele.

    Agora, sei que isso está fora do assunto, mas o que o senhor considera acerca de mais uma polêmica evolvendo Cacá Bueno com a CBA, na segunda corrida da Stock Car, no Vello Cità?

    Eu penso que seria um bom momento para Cacá buscar por outras categorias, como a Nascar, a TC2000, a Blainclamp GT, entre outras, para quem sabe, reencontrar a felicidade em competir.

  • Essa série túnel do tempo é fenomenal. Podia aparecer uns eventos clássicos do Rali, por exemplo uma noite das facas longas, num estágio noturno do Rali de Monte Carlo.

  • Como o meu pai xingou o Mansell nesse dia, eu me lembro. Eu acho que ali na hora de dividir a curva Senna sabia que podia tirar o pé e deixar o Leão passar mas pra ele era uma coisa de orgulho, de que ele tinha que ser mais rápido não importa a situação. Não foi a decisão mais inteligente.
    Esse resultado somado a outros DNFs ao longo do ano levaram aquele desespero todo da corrida do Japão. Que convenhamos, ali as chances do Senna ser campeão eram baixíssimas.