É PENTA!

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Sem medo de errar, podemos dizer que Scott Ronald Dixon já atingiu o patamar dos top 10 entre os pilotos que nunca guiaram um Fórmula 1 e foram gigantes noutras modalidades. A conquista do quinto título na Fórmula Indy só aumenta essa certeza sobre o neozelandês da Ganassi

RIO DE JANEIRO – No último domingo, deu (quase) a lógica na Fórmula Indy. Alexander Rossi bem que tentou, lutou como pôde, levou a decisão até a última corrida. Mas não deu: Scott Dixon chegou ao quinto título na Fórmula Indy. Um feito espetacular do piloto de 38 anos – nascido em Brisbane, na Austrália, mas que se naturalizou neozelandês. O “Kiwi” não poderia estar mais feliz.

E nem Chip Ganassi. Na era atual da IndyCar, criada em 1996 na cizânia entre a falecida CART e Tony George, é o oitavo título da equipe na categoria. Incrível: a Penske, uma potência do automobilismo dos EUA e do mundo, soma quatro.

A fidelidade quase canina de Scott a Ganassi vem rendendo frutos. Aliás, excetuando a PacWest – pela qual venceu sua primeira prova na CART em 2001 e a PWR Championship Racing, que depois pereceria – o piloto só guiou na CGR. Desde a etapa de Milwaukee da temporada 2002 da CART (e lá se vão quase 16 anos… não é pouca coisa, não).

Em 265 corridas nesses anos todos de IndyCar, Dixon ganhou 43 vezes – o que significa que a cada seis provas, uma delas viu o piloto no Victory Lane ou no topo do pódio. Ele soma ainda 29 pole positions, 102 pódios e a vitória nas 500 Milhas de Indianápolis de 2008.

Ontem, na gravação do Fox Nitro, durante o momento em que falávamos da conquista de Dixon nos EUA, afirmei sem medo de errar que ele está entre os 10 maiores pilotos de todos os tempos que jamais guiaram um Fórmula 1.

O pentacampeonato só aumentou essa minha certeza. Porque na IndyCar, ele só não ganhou com a velha geração dos modelos da CART – até porque não tinha idade para isso. Ganhou em 2003 com o Panoz G-Force, depois foi campeão em 2008 e 2013 com o modelo Dallara IR e venceu o campeonato em 2015 com a primeira geração do Dallara DW12 e agora com a atual, de nova aerodinâmica. Aliás, em matéria de número de títulos de monoposto nos EUA, à frente dele só mesmo A.J. Foyt, campeão por sete vezes.

Dixon é foda. Temos que ser honestos e reconhecer isso.

Como também reconhecer que 2018 foi um ano de poucos bons resultados para os pilotos brasileiros. Somados, só foram seis top 10 na temporada. Muito pouco.

Tony Kanaan completou o campeonato em 16º lugar, comemorando como prêmio de consolação a marca recorde na carreira de 300 corridas consecutivas. O novato Matheus Leist fechou o ano como o 18º na classificação e terceiro melhor novato, atrás de Robert Wickens e Zach Veach.

Pietro Fittipaldi fez seis corridas com altos e baixos pela Dale Coyne Racing. Para quem passou por enormes percalços após seu grave acidente no WEC, a nona colocação em Portland não deixa de ser encorajadora para que ele conquiste um lugar cativo em 2019. E por fim, Hélio Castroneves fez duas aparições especiais em seu quintal de casa – Indianápolis – com um 6º posto no misto como melhor resultado.

Vejamos como se desenhará o campeonato do próximo ano… a entrada de Fernando Alonso pode dar o tempero que a Fórmula Indy precisa. O público tem se afastado dos circuitos e a decisão da própria categoria em levar a última etapa para Sonoma – uma pista que não agradou a ninguém – só diminuiu a credibilidade do evento. A volta de Laguna Seca (como a pista da última etapa) e a vinda do COTA podem ser um prenúncio de que a Indy estaria disposta a regressar aos seus tempos de glória.

Até porque pilotos e equipes precisam de alternativas para sobreviver, não é não?

Comentários

      • Cometo aqui o sacrilegio mor de todo fã de endurance, mas Kristensen obviamente sempre dividiu o carro e por muitos anos a Audi correu sozinha, principalmente no começo dos anos 2000.

        Quanto ao Loeb, não conheço rally o suficiente para ir além do fato óbvio dele ser o melhor de todos os tempos na modalidade. Não sei, por exemplo, qual era o nível de seus oponentes e a comparação dos carros.

        O mais contundente no caso de Dixon é que além de ter ficado ainda mais veloz com a experiência, o neo-zelandês enfrentou grids competitivos por todos esses anos – em muitos deles, com carros iguais -, e soube se impor com maturidade e inteligência.

      • Ele pode ter dividido sim o carro por muitos anos e a Audi corrido sozinha, mas ninguém ganha em Le Mans nove vezes apenas por seus belos olhos.

        E tem mais: ele não andou só de Audi. Foi campeão em La Sarthe com o TWR-Porsche da Joest e com o Bentley EXP Speed 8.

      • Mas a vitória com a Bentley veio em um cenário quase identico aos da Audi na mesma época.

        Grande piloto e a face pública da retomada do endurance e sua categoria top? Sim, O melhor piloto que nunca correu na F1? Não, esse é o Dixon.

        5 titulos em uma categoria competitiva, que pode ter vividos maus momentos, mas sempre apresentou pilotos rápidos e inteligentes nas primeiras equipes.

        15 anos entre o primeiro triunfo e o último, um cara que evoluiu e, de novo, não teve terreno fácil pela frente em um minuto sequer – Castro Neves, Franchitti, de Ferran, Montoya, Newgarden, Power…

  • Rodrigo, A PWR e a PacWest eram a mesma equipe. O time tinha mudado a nomenclatura na pré-temporada de 2002 da CART e faliu depois por causa da falta de patrocínios.

  • Só uma ressalva, Rodrigo. O primeiro ano do DW12 foi em 2012, enquanto que o útlimo ano do Dallara IR foi em 2011. Logo, o título do Dixon em 2013 já foi com o DW12. Já o de 2015, foi o primeiro ano dos pacotes aerodinâmicos feitos pela Honda e Chevrolet

  • Eu gosto de ver Indy nos ovais. Na minha opinião deveriam fazer dois terços das corridas em ovais e o resto em pistas mistas; urbanas ou autódromos. E deixar que o ajuste aerodinâmico permita chegarem mais perto para ultrapassarem.
    Quanto ao Dixon, é show. O próprio come quieto da categoria.

  • Bem…antes tarde do que nunca…Dixon é um monstro sagrado e deve ser valorizado como tal e, convenhamos, no alto dos seus 38 anos ainda guia como menino (menino inteligente…), sabendo dosar velocidade e economia sob medida. Posso dizer que tive a honra de vê-lo em ação in loco nos tempos de SP Indy 300…vida longa ao pentacampeão Scott Dixon!!

  • O que mata a Indy é este calendário excessivamente compacto. É uma categoria que podia ter mais corridas em circuitos mais variados.

    Sou muito saudoso da Indy dos anos 90. Naqueles tempos gloriosos, tinha os triovais (Phoenix e Nazareth), os superspeedways (Michigan e Fontana), os ovais menores (New Hampshire), mistos longos (Portland e Elkhart Lake), pistas de rua (Long Beach, Toronto, Vancouver, Surfers Paradise) e até aeroporto (Cleveland). Sinto falta desta variedade. Além disso, faria bem ter mais um fornecedor competitivo de motores e outro de pneus.