O início, o fim e o meio

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A estrela sobe: Charles Leclerc é confirmado pela Ferrari e torna-se o piloto mais jovem a guiar um carro da escuderia italiana desde a contratação de Felipe Massa, em 2006

RIO DE JANEIRO – A dança das cadeiras para a temporada 2019 da Fórmula 1 é uma das mais movimentadas dos últimos anos. Principalmente entre metade das 10 equipes da categoria, que já definiram seus pilotos. Com exceção à Mercedes-Benz, todas têm pelo menos uma mudança e a Ferrari confirmou hoje a ideia de Sergio Marchionne – trocar Kimi Räikkönen por Charles Leclerc.

Não era segredo que em Maranello o monegasco estava em alta, principalmente após o bom campeonato de estreia com uma Sauber que em alguns momentos fez o jovem piloto de 20 anos (faz 21 em 16 de outubro) mostrar seu brilho. A nova joia da casa italiana tem um currículo breve mas de excelentes resultados: vice-campeão na Fórmula Renault Alps e do GP de Macau de Fórmula 3, quarto colocado do Europeu de F3, campeão da GP3 Series em 2016 e campeão da Fórmula 2 ano passado, em temporada simplesmente dominante a bordo de um dos carros da Prema. Não é pouco. E na F-1, conseguiu 13 pontos com uma escuderia que, disparadamente, era a pior do lote em 2017. Muito do que a Sauber alcançou se deve ao talento de Leclerc.

Talento que será posto à prova na Ferrari, que contrata pela primeira vez em 12 anos um piloto tão jovem em termos de idade – e também da própria Fórmula 1. Desde Felipe Massa isso não acontecia. E se as apostas são muitas e a confiança nele é grande, vamos ver se Leclerc será uma sombra à altura de Sebastian Vettel. Nesse quesito, talvez a Ferrari esteja querendo ter dois pilotos capazes de incomodar Lewis Hamilton e a mais quem vier – isso se a Red Bull conseguir fazer alguma coisa com a Honda, no que muitos não acreditam num primeiro momento.

E eu quero ver se Tião conseguirá administrar o incêndio se Charles incomodar, for rápido de saída e conseguir mostrar seu valor.

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Kimi Räikkönen despede-se de fato da Ferrari, mas não da Fórmula 1: o “Iceman” pode quebrar o recorde de GPs disputados se cumprir até o fim o contrato que fechou com a Sauber, onde tudo começou em sua longeva trajetória no esporte

Por outro lado, Kimi Räikkönen surpreende ao optar por continuar na Fórmula 1. Prestes a completar 39 anos, o decano do plantel atual da categoria pretende passar dos 40 ainda na ativa. O campeão mundial de 2007, dono de 20 vitórias na carreira (nove delas nos dois períodos em que competiu pela Ferrari), alcançou um recorde no mínimo insólito: nenhum outro piloto da história da categoria somou mais subidas ao pódio em 2º e 3º feito o nórdico.

Pena que na Sauber, não será possível ampliar esse recorde – mas Räikkönen, se de fato continuar nas pistas até os 41, poderá igualar e superar o recorde de GPs disputados, pertencente a Rubens Barrichello.

Kimi tem 285 corridas disputadas em 287 GPs, de acordo com os compêndios. As estatísticas apontam que Rubens tem 323 corridas disputadas (alguns dizem que são 322) em 326 GPs. Faltam sete para o campeonato deste ano terminar, o que deixaria o finlandês com 292 após a etapa de Abu Dhabi, que encerra o certame.

Muito bem: considerando que participe das 21 etapas programadas para 2019, o total de Räikkönen subiria para 313. E na 10ª etapa do campeonato de 2020, Kimi alcançaria Rubens e depois seria o detentor do recorde de participações na Fórmula 1.

A trajetória de Kimi é, curiosamente, como um ciclo. Começou na própria Sauber, com aquele loirinho tímido ainda um quase adolescente, acelerando sua máquina aos 21 anos e pontuando na estreia com um 6º posto no GP da Austrália de 2001. Experimentou o sucesso primeiro na McLaren e depois na Ferrari. Campeão mundial em 2007, relaxou – até demais. Foi para um período sabático, ganhando um caminhão de dinheiro. Renasceu na Lotus (hoje Renault), regressou para um segundo período nas hostes do cavalinho empinado e hoje decide terminar tudo onde começou.

O início, o fim e o meio.

Comentários

    • Acho que é o GP da França de 2002, em Magny-Cours. Aquele em que o carro dele ficou erguido no macaco e ele não disputou aquela corrida.

  • Acho que ficou de bom tamanho, apesar de muita gente que estava torcendo para ele permanecer na Ferrari. Diferentemente do que a imagem vende, o cara é um dos mais comprometidos com seu trabalho e até por isso, mesmo aos 39, possui a paixão pelo esporte e respeito no meio da categoria para continuar correndo. Torço muito para que a Sauber melhore e ele tenha um final de carreira bacana, merece muito por descolar do estereótipo do piloto de F1 atual