Vitória da Tequila Patrón ESM em corrida alucinante na Califórnia

IMSA WeatherTech SportsCar Championship
Festa merecida pela vitória numa das corridas mais atribuladas da temporada: Pipo Derani mostrou o que vale e o porque da Action Express investir em seus predicados para 2019 (Foto: Jake Galstad/IMSA)

RIO DE JANEIRO – A penúltima etapa do IMSA Weather Tech SportsCar Championship foi alucinante do início ao fim. Começando pelo caos instaurado no início da disputa, com direito a vários acidentes e problemas com carros envolvidos na luta pelo título. E com final feliz para um piloto de futuro já definido para 2019: quarenta e oito horas após ser anunciado em nova equipe, Pipo Derani mostrou que é craque e ajudou a Tequila Patrón ESM a conquistar mais uma vitória na temporada.

A America’s Tire 250 foi quente – literalmente. Além da alta temperatura ambiente, dentro da pista as coisas ferveram de saída com uma panca de respeito logo na largada. Incidente de difícil avaliação: não deu para ter certeza se houve um brake test do pole position ou uma precipitação do “Red Dragon” da JDC-Miller Motorsports. Certo é que o Cadillac dos portugueses João Barbosa e Filipe Albuquerque foi abalroado pelo protótipo #99 e depois por dois carros da GTLM.

O primeiro que bateu no bólido dos lusos foi o Ford #66 de Dirk Müller/Joey Hand, que no contato teve a roda dianteira direita arrancada. Depois foi o Porsche #911 de Nick Tandy/Patrick Pilet, que deu em cheio no carro já destruído. Nenhum dos envolvidos teve condições de prosseguir e para o português Filipe Albuquerque o abandono foi desastroso, encerrando suas chances de título. Uma vez que sequer passaram da linha de largada, ele e João Barbosa ficaram sem pontos no campeonato.

Logo depois da relargada, outro acidente, este envolvendo vários carros da GTD, tirou de esquadro o Acura de Lawson Aschenbach/Justin Marks. Com menos de quinze minutos de disputa, quatro carros já estavam fora de combate. Muitos pilotos aproveitaram para abastecer e outras equipes, para trocar de piloto. Foi o que fizeram a Action Express, que pôs Felipe Nasr no lugar de Eric Curran e a Tequila Patrón ESM – que assim como a CORE Autosport, mudou a estratégia, largando com os pilotos mais lentos no fim do pelotão dos protótipos. Johannes Van Overbeek cedeu o posto a Pipo Derani, que seguiria até o final.

Nem bem a corrida recomeçou e veio a terceira intervenção do Safety Car em menos de 40 minutos: o Cadillac #10 pole position com Jordan Taylor a bordo teve o câmbio quebrado na 19ª volta, o que também tirou da dupla as chances de brigar pelo campeonato de igual para igual com os líderes na última etapa.

Na relargada, enquanto tentava uma ultrapassagem sobre um adversário, Derani rodou e baixou para 14º, iniciando uma vigorosa e espetacular recuperação. A corrida enfim pegou no breu depois de tantos percalços, com os dois Acura ARX-05 DPi comandando a disputa, com Dane Cameron na ponta e Hélio Castroneves em segundo, até o brasileiro ser ultrapassado pelo Mazda de Jonathan Bomarito, com o #77 de Oliver Jarvis em quarto.

Mas uma hora os líderes teriam que parar e o primeiro pit stop veio na quadragésima volta. Castroneves entregou o #7 a Ricky Taylor e Juan Pablo Montoya assumiu o #6 no posto de Cameron. A dianteira mudou de mãos momentaneamente, passando pelo colombiano Sebastián Saavedra, que tornaria a entrar nos boxes e pelo Mazda #55 já guiado por Harry Tincknell, com Felipe Nasr em segundo após um passão moralizador em Montoya. Aí veio mais um período de bandeira amarela, cortesia da BMW de Bill Auberlen, que abandonaria a disputa.

Nesta janela, Nasr tentou perseguir o líder Tincknell, mas foi impossível: o carro #55 do Mazda Team Joest tinha excelente rendimento e seguiu abrindo vantagem na dianteira. Felipe parou uma última vez na 67ª passagem e Tincknell visitou os boxes na volta seguinte, para retomar a liderança depois do ciclo final de paradas dos Protótipos.

O britânico caminhava para a primeira vitória do projeto Mazda DPi na IMSA e da Joest nos EUA após décadas, mas acabou rodando numa dividida de curva com o retardatário Gustavo Yacamán. A direção de prova deu de ombros, fez que não era com ela e enquanto o #55 caía para sexto, Pipo Derani assumia a ponta com boa margem para os dois carros da Penske – e nisso, Juan Pablo Montoya perdeu a 2ª posição para Ricky Taylor.

Com todos salvos de combustível, Colin Braun atacou e passou o Cadillac de Felipe Nasr, que rendeu muito mal no trecho final da disputa. O piloto do #54 da CORE também despachou Montoya e veio com todo o apetite para cima de Ricky Taylor. A pressão rendeu dividendos: faltando quatro voltas para a quadriculada, o piloto do Acura Team Penske perdeu o controle do carro e bateu num adversário, provocando danos irreversíveis na suspensão.

Nasr também não pôde contra o veloz Tincknell e se limitou a chegar em 5º lugar, resultado que deixou o brasileiro e Eric Curran com a liderança a uma etapa do final, com 254 pontos. O problema é que Braun e Jonathan Bennett terminaram em segundo e com os pontos conquistados chegaram a 250 – quatro a menos que os líderes.

Já pensaram se a IMSA vê um protótipo LMP2 campeão?

O que interessa é que após pouco mais de 2h40min e 103 voltas completadas, Derani e Van Overbeek conquistaram uma grande vitória em Laguna Seca e o brasileiro do carro #22 alcançou seu quinto triunfo na série IMSA.

galstad-WRLS-0918-486722-1
Estratégia arriscada – e vencedora: com um pit stop a menos e salvando combustível, Connor de Philippi e Alexander Sims faturaram mais uma para a BMW na classe GTLM (Foto: Jake Galstad/IMSA)

Na GTLM, a estratégia de salvar combustível no último stint deu certo para a BMW e pela segunda corrida consecutiva, o construtor da Baviera e a equipe de Bobby Rahal triunfaram – e com o mesmo carro da etapa do ViR. Deu Connor de Philippi/Alexander Sims na cabeça, com direito ao 10º lugar na geral, chegando a incríveis 1h16min com um único tanque de combustível – e uma parada a menos, o que foi decisivo. O Porsche de Earl Bamber/Laurens Vanthoor fez a mesma estratégia e chegou em segundo.

Com os problemas dos dois Ford GT EcoBoost da Chip Ganassi Racing e o pit stop de splash & go da BMW de Jesse Krohn/John Edwards, cuja estratégia não deu certo, o Corvette de Jan Magnussen/Antonio Garcia ainda terminou em 3º lugar, conquistando pontos importantes para a permanência da dupla na liderança do campeonato. Eles agora têm 299 pontos, enquanto Richard Westbrook/Ryan Briscoe (que não terminaram) somam 290.

A disputa na classe GTD também foi sensacional até o final e pelo menos um carro arriscou ficar na pista salvando combustível em busca da vitória: o Porsche de Patrick Lindsey/Jörg Bergmeister esticou sua permanência na pista ao máximo, mas sob o risco de ficar a pé, acabaram perdendo a liderança e a vitória nos instantes finais para o Acura de Katherine Legge/Álvaro Parente, que fizeram uma prova perfeita em Laguna Seca.

Com o triunfo, a britânica segue ainda com chances de título, já que passou ao total de 297 pontos, restando apenas a Petit Le Mans no próximo dia 13. Os rivais e líderes Madison Snow/Bryan Sellers tiveram que se contentar com o quarto posto atrás do Porsche #73 e da Mercedes de Jeroen Bleekemolen/Ben Keating. Com isso, os pilotos da Paul Miller Racing perderam sete pontos em relação a Legge, mas seguem líderes com 303.

Oswaldo Negri e o parceiro Francesco Piovanetti fizeram bela prova com a Ferrari #51 da Squadra Corse Garage Italia e terminaram como a melhor dupla a bordo dos carros de Maranello na disputa. Chegaram em 6º na classe, no melhor resultado deles em 2018.

Comentários

  • Bom ver a vitória do Derani, pois depois de Sebring o carro dele desceu uma ladeira… O rapaz é um de braço e não será surpresa se o vermos numa equipe de ponta no WEC em futuro breve. E ano que vem tem tudo para ser campeão na IMSA, pois terá carro e companheiro a altura…
    E bem como você sempre diz, Mattar, “tem vida além da F-1” e o Derani (bem como o Felipe Nasr) está mostrando.
    E dando pitaquinho na decisão da IMSA na categoria Prototype, apesar de torcer para o Nasr faturar o campeonato, verei com bons olhos se o LMP-2 da Core Autosport ganhar… Não gostei da separação para 2019 dos DPi e LMP-2 e decerto os BoP’s irão favorecer os primeiros. Foi uma decisão meio que à lá WEC que a IMSA tomou e vamos ver as consequências disso ano que vem, pois creio que as equipes que andam com os LMP-2 verem que foram “penalizadas” demais vão tender a cair fora e esvaziar a categoria, que é na minha opinião, mais disputada nas pistas, equilibrada tecnicamente e melhor administrada que o WEC.

  • Não pude ver a corrida, mas se entendi o Nasr e Derani pilotaram 2h30 e os parceiros 15min? Não há tempo mínimo de pilotagem como em outros campeonatos? Lembrei daquela história de Sartre onde uma equipe tinha pai e filho e o pai pilotou 23h…

  • Grande corrida, bela transmissão! Laguna Seca é espetacular, tem sempre uns enroscos. Mas aquela do Yacaman em cima do líder tinha que ter penalização.

    Também achei estranha a queda de rendimento do carro do Nasr depois do último pit stop, foi muito acentuada. Alguma coisa aconteceu.

    A Petit Le Mans vai pegar fogo…