Toyota sobrevive ao caos inicial e reina nas 6h de Fuji

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Com merecimento e sem ordem de equipe: desta vez a Toyota fez prevalecer o que aconteceu na pista e o carro #7 venceu pela primeira vez na Super Season

RIO DE JANEIRO – A quarta etapa do Campeonato Mundial de Endurance (FIA WEC) registrou um resultado que, à luz da prática e da teoria, era esperado. A Toyota emplacou na pista sua quarta dobradinha em quatro provas e a terceira que valeu, já que a de Silverstone foi eliminada na vistoria.

Os japoneses tiveram alguns motivos para se preocupar. Começando pela pista, traiçoeira e escorregadia no início e pelo fato do carro #7, que teve uma das voltas de seus pilotos deletada para se tirar a média que garante os tempos de classificação nos treinos, ter largado em oitavo, atrás de todos os demais LMP1 não-oficiais.

Não obstante, reinou o caos na primeira hora de prova por conta do mau tempo (choveu durante a manhã e a pista não havia secado antes da largada) e até num longo período de Safety Car, provocado por um despiste de uma Ferrari da classe LMGTE-AM, houve uma batida com o Rebellion #3 dos então vice-líderes do campeonato, que fez até a SMP Racing liderar a prova por oito voltas.

Ao fim das seis horas de disputa, tudo se ajeitou às mil maravilhas e a Toyota dessa vez não se valeu de ordem nenhuma de equipe ou de confronto direto. Venceu desta vez aquele que foi o melhor carro – e no fim, cruzou na frente o #7 de Kamui Kobayashi/Mike Conway/José María López. O argentino de 35 anos entra para os compêndios: foi a primeira vitória dele no Mundial de Endurance, em 12 participações na categoria.

Líderes do campeonato, Sébastien Buemi/Kazuki Nakajima/Fernando Alonso chegaram cerca de onze segundos e meio atrás neste domingo. Estrela da companhia perante sua torcida, Nakajima foi o piloto que mais andou na prova neste carro, tendo conduzido seu protótipo em dois stints e recebido a quadriculada. No #7 foi feito exatamente o mesmo: Koba também percorreu mais voltas que seus dois colegas juntos.

No mais, a diferença de quatro voltas – trocando em míudos: 18,252 km a menos – não foi o fim do mundo para a Rebellion Racing, que chegou onde dava pra chegar. Bruno Senna comemorou seu primeiro pódio na Super Season e os experientes Neel Jani e Andre Lotterer também, porque não tiveram esse gostinho em Silverstone, após a eliminação da Toyota.

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Uma quebra na correia do alternador tirou do #11 da SMP Racing a chance de brigar com a Rebellion pelo último posto no pódio. A equipe foi competente e devolveu o carro à pista para ainda chegar em quarto

A SMP Racing deu trabalho pelo menos com o carro #11 à equipe anglo-suíça e quando tudo indicava que poderíamos ter uma luta igual pelo último lugar do pódio, a correia do alternador rompeu com Mikhail Aleshin a bordo. Com o problema de parte elétrica, tiveram que ir para a garagem, perdendo quase 12 minutos e algumas voltas. Jenson Button, que lidera o Super GT local e andou bem neste domingo, sentou no carro que também tem Vitaly Petrov e conseguiu recuperar posições sobre os LMP2 e o carro da ByKolles, para terminar num bom quarto posto.

O time austríaco se debateu junto com a DragonSpeed na luta pelas últimas posições da LMP1, com evidente falta de ritmo e velocidade. Mas ao contrário do #10 de Ben Hanley e James Allen, que ficou pelo caminho, a trinca James Rossiter/Tom Dillmann/Oliver Webb ainda conseguiu um razoável quinto posto, onze voltas atrasados.

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A trinca dos malaios Weiron Tan/Nabil Jeffri/Jazeman Jaafar foi dominante na LMP2: vitória merecida para a Jackie Chan DC Racing

Na LMP2, o caos inicial e as estratégias de prova influenciaram de forma definitiva o resultado de mais uma disputa dominada pela Jackie Chan DC Racing. Os dois carros foram absolutos na categoria ao longo da disputa e, pela primeira vez em 2018/19, a trinca de malaios foi a vencedora. Nabil Jeffri/Weiron Tan/Jazeman Jaafar cumpriram a corrida com correção e foram premiados com o histórico triunfo de pilotos do país asiático no WEC entre os protótipos.

Vencedores em Silverstone, Gabriel Aubry/Ho-Pin Tung/Stéphane Richelmi foram vítimas inclusive de uma rodada no correr da disputa e acabaram mesmo coadjuvantes da festa dos colegas de equipe, já que completaram a prova com diferença pouco superior a 26 segundos. Quem também não teve possibilidades de tentar algo melhor do que conquistou foi a Signatech-Alpine, que pelo menos salvou o pódio com André Negrão/Pierre Thiriet/Nicolas Lapierre fechando em 8º lugar na geral.

A TDS Racing perdeu uma volta em relação às adversárias e fechou a disputa em quarto, enquanto a Larbre Competition, com méritos e numa prova sem erros de seus pilotos, salvou um inédito top 10 geral na temporada e a quinta colocação, numa disputa especialmente atribulada para a DragonSpeed, vítima de uma colisão com outro veículo e para o Racing Team Nederland, que se viu às voltas com um sem-número de rodadas e sem roda também, quando Giedo Van der Garde perdeu uma delas no meio do circuito.

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A LMGTE-PRO foi um show à parte com belas brigas pela vitória. BMW e Aston Martin lideraram no começo, mas foi a Porsche quem prevaleceu em Fuji

Sempre competitiva, a LMGTE-PRO teve batalhas ferrenhas pela vitória do início ao fim, mas no resultado final prevaleceu a Porsche com um de seus carros do time oficial de fábrica. Após um belo duelo pelo primeiro posto com a BMW M8 GTE da dupla Antonio Félix da Costa/Tom Blomqvist, Kévin Estre/Michael Christensen fecharam na frente, conquistando um triunfo fundamental para os rumos do campeonato.

A dupla chegou em 11º na geral com cerca de 12 segundos para os rivais que ofertaram à marca de Munique o primeiro pódio da BMW M8 GTE no FIA WEC. Quatro marcas terminaram nas quatro primeiras posições, pois a Ford ainda foi ao pódio com Andy Priaulx e Harry Tincknell e a Ferrari chegou na quarta colocação graças a James Calado/Alessandro Pier Guidi – isso porque eles tiveram um pneu furado e se atrasaram.

Pole position nos treinos, a Aston Martin desta vez não teve ritmo de corrida para se manter no mesmo nível das adversárias e acabou com a sétima colocação, uma volta atrás dos adversários, com o carro conduzido pelo “Dane Train” de Nicki Thiim e Marco Sørensen. Pior aconteceu a Davide Rigon e Sam Bird, vítimas de um contato com o carro da DragonSpeed. Tiveram que parar nas garagens e voltaram sem qualquer chance de brigar por posições melhores. Fecharam a prova em último na categoria.

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Nos eixos: após duas rodadas durante a disputa, a Project 1 Racing conquistou uma vitória merecida na LMGTE-AM

Por último, mas não menos importante, a LMGTE-AM teve disputas mil da primeira à última volta, com dezenas de alternativas. E a vitória sorriu, apesar de duas rodadas, para a novata Project 1 Racing, que vem mostrando força na competição. Foi a primeira vez da equipe de Oldenburg no alto do pódio e de todos os seus pilotos. Não é brincadeira minha, não: Jörg Bergmeister jamais havia vencido uma etapa do WEC em qualquer subcategoria. Tão estreantes como o time, Patrick Lindsey e Egidio Perfetti estão exultantes, é claro, com o feito alcançado.

A Dempsey-Proton Racing viu seu carro líder da temporada enfrentar problemas e terminar a disputa atrasado, mas acabou com o outro Porsche salvando um belo segundo posto, com a cortesia do veterano Satoshi Hoshino ao lado de Matteo Cairoli e Giorgio Roda Júnior. Salih Yoluç, mais Jonathan Adam e Charlie Eastwood fecharam o pódio em Fuji.

Após quatro etapas disputadas, faltando neste ano de 2018 a corrida de Xangai marcada para 18 de novembro, o campeonato apresenta o seguinte panorama: na competição de Protótipos LMP1 e LMP2, a trinca Alonso/Buemi/Nakajima segue líder agora com 84 pontos, treze a mais que López/Conway/Kobayashi.

Gustavo Menezes/Thomas Laurent/Mathias Beche vêm em terceiro com os mesmos 63 pontos com que chegaram da corrida passada. Os brasileiros Bruno Senna e André Negrão têm 33 pontos e estão empatados na 6ª colocação do campeonato.

Na classificação paralela de LMP2, Negrão e seus parceiros Lapierre e Thiriet ainda lideram – mas é por pouco, já que o trio da Signatech-Alpine tem 87 pontos, apenas um a mais que Jaafar/Tan/Jeffri e Richelmi/Tung/Aubry.

Kévin Estre/Michael Christensen disparam na pontuação da LMGTE: a dupla da Porsche chegou a 96 pontos, trinta e um à frente de Stefan Mücke/Olivier Pla. Atuais campeões, James Calado/Alessandro Pier Guidi têm 55,5 pontos e estão em terceiro. O melhor brasileiro é Daniel Serra, 15º colocado, com 18.

No certame paralelo da LMGTE-AM, a trinca Matt Campbell/Julien Andlauer/Christian Ried salvou quatro pontos e chegou a 80 – catorze à frente de Bergmeister/Lindsey/Perfetti. Salih Yoluç e Charlie Eastwood dividem a terceira posição, com 51.

Comentários

  • Boa tarde, gostei mesmo da corrida. Ambas, já que emendei petit le mans com fuji. E veja só, não percebi que na gtam tinha um xará meu ganhando!

  • Não tenho a assinatura do Streaming do WEC…vou ter que providenciar, pelo jeito…mas deu para perceber que o WEC tem se esforçado para propiciar boas disputas em todas as categorias…na Pro, BMW e Aston Martin já começam a incomodar as já estabelecidas Ferrari, Ford e Porsche…na LMP1 o caminho ainda é longo, mas não impossível e, olhando a foto do post, já dá para eleger o protótipo da SMP como o mais bonito da classe.