12h de Bathurst: Porsche vence em final espetacular

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Num sprint final simplesmente épico, o Porsche #912 da EBM guiado por Matt Campbell/Dennis Olsen/Dirk Werner venceu neste domingo as 12h de Bathurst, em Mount Panorama

RIO DE JANEIRO – Um final de arrepiar marcou a 18ª edição das 12h de Bathurst – hoje uma das mais importantes provas longas de Grã-Turismo do mundo e abertura da temporada 2019 do Intercontinental GT Challenge.

Sete carros de seis marcas diferentes duelaram pela vitória numa das mais espetaculares provas da história do evento, em que pese o grid de apenas 38 carros – número baixo em comparação a anos anteriores. O que inclusive colaborou para a quebra de um recorde: foram 312 voltas percorridas no circuito de Mount Panorama, perfazendo pouco mais de 1938 km. A marca anterior era de 297 passagens, há três anos.

E a Porsche triunfou pela primeira vez na história da corrida de Bathurst em final épico, com pilotagem idem do australiano Matt Campbell, que ainda se envolveu numa colisão com a BMW do Team Schnitzer, antes de superar primeiro a Mercedes-AMG da GruppeM Racing e depois, a onze minutos da quadriculada, o Aston Martin da R-Motorsport guiado na reta final pelo britânico Jake Dennis.

Para uma corrida de 12h de duração, a diferença de apenas 3″441 para o segundo colocado é ínfima. Campbell dividiu a pilotagem com Dennis Olsen e Dirk Werner, dando também à equipe Earl Bamber Motorsport sua primeira vitória no Endurance internacional – que inclusive só foi confirmada após um protesto dos adversários que exigiam punição após o incidente verificado com a BMW. Mas os comissários entenderam que foi um acontecimento de corrida, confirmando o triunfo do carro alemão.

O italiano Raffaele Marciello, 3º colocado geral junto a Maxi Bühk e Maximilian Götz, queixou-se que o carro pole position foi ‘roubado’ durante a disputa. O piloto não achou corretas as penalidades impostas pela direção de prova ao carro #999 do time asiático, que terminou à frente da equipe Triple Eight Engineering e do trio formado por Shane Van Gisbergen/Jamie Whincup/Craig Lowndes.

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A BMW liderou a prova em algum momento com Augusto Farfus: ele e o australiano Chaz Mostert, além do alemão Martin Tomczyk fecharam a disputa em quinto lugar (Foto: Divulgação)

Líder em boa parte da disputa após uma excelente performance do brasileiro Augusto Farfus, a BMW #42 do Team Schnitzer também dividida por Chaz Mostert e Martin Tomczyk completou em 5º lugar. A alta temperatura no correr da disputa – a máxima chegou a 37º C após uma largada totalmente às escuras, no início da manhã em Bathurst, prejudicou um pouco a performance da equipe germânica. Mas não foi de todo mal, já que largaram apenas de décimo-quinto.

“Nós fizemos uma ótima corrida em termos de performance pessoal como equipe, mas faltou um pouco para que pudéssemos garantir um lugar no pódio. Foi uma prova muito dura, muito quente durante todo o dia, mas foi um resultado positivo, uma boa recuperação e somamos pontos importantes para o restante do campeonato, que é longo. Agradeço a todo o time pelo trabalho, foi um fim de semana emocionalmente difícil, mas nos mantivemos fortes juntos. Os últimos resultados me enchem de motivação para seguir o trabalho, agora me preparando para Sebring pelo WEC e Laguna Seca pelo IGTC”.

Mesmo com o quinto posto ao fim da prova, Augusto e seus companheiros de pilotagem saem de Bathurst com 12 pontos somados no campeonato de pilotos – é que a Aston Martin, que chegou em 2º lugar na Austrália, não está inscrita no Intercontinental GT Challenge como construtora. As marcas participantes são oito: Porsche, Mercedes-AMG, BMW, Bentley, Nissan, Ferrari, Audi e Honda – que não teve nenhum carro inscrito em Bathurst. A Mercedes-AMG lidera com 33 pontos contra 25 da Porsche e 16 da Bentley.

Numa prova com oito períodos de Safety Car e 22 voltas apenas em neutralizado, registre-se que houve um longo período de quatro horas em bandeira verde. E completaram as mesmas 312 voltas dos campeões o Bentley #108 de Andy Soucek/Vincent Abril/Maxime Soulet e o Nissan #18 da KCMG guiado por Oliver Jarvis/Alexandre Imperatori/Edoardo Liberati.

As honras da classe A Pro-Am ficaram com a Spirit of Race e o trio Paul Dalla Lana/Pedro Lamy/Mathias Lauda, que completou em nono lugar geral. Uma ótima recompensa para uma equipe que teve que se debruçar na Ferrari 488 GT3 para reconstrui-la após um grande acidente na sexta-feira.

Atual campeã do IGTC entre os construtores, a Audi começou mal sua defesa de título. O melhor carro da marca quatrargólica, vencedora em Bathurst por três ocasiões – a última no ano passado – chegou apenas em 14º lugar, com o trio Christopher Haase/Christopher Mies/Markus Winkelhock perdendo oito voltas. O #22 de Kelvin Van der Linde/Garth Tander/Frédéric Vervisch abandonou após a sétima hora de disputa.

Entre os 15 carros que não viram a quadriculada estavam as Mercedes-AMG da SunEnergy1 Racing e da Craft-Bamboo Racing w/Black Falcon, o Porsche #911 da EBM e o da Competition Motorsports-McElrea Racing, além do MARC Cars que destacou-se nos treinos classificatórios e que tinha entre os pilotos o folclórico canadense Paul Tracy. Tampouco o veterano Ivan Capelli terminou as 12h de Bathurst, abandonando com o Lamborghini Huracán #29 da Trofeo Motorsport.

Nas demais classes, a Grove Motorsport ganhou na B com grande folga, graças a Ben Barker/Stephen Grove/Brenton Grove, que concluíram em décimo-sexto no geral; a M Motorsport levou a vitória na classe C com o KTM X-Bow GT4 #48 e a Localsearch foi a melhor da Invitational com o MARC Cars II Ford V8 #20 – aliás, o único carro da divisão que viu a quadriculada com o 17º lugar.

A próxima prova do IGTC será as 8h da Califórnia em Laguna Seca, no dia 30 de março.

Comentários

  • Impactante…avassaladora…bombástica…humilhante. Que vitória impressionante do PORSCHE da Earl Bamber Motorsport.
    Quem é Matt Campbell?
    Sua ultrapassagem “a la Alex Zanardi” no saca-rolha de Laguna Seca em 96, deixou toda equipe da Aston Martin com vergonha de ter alinhado para a prova. Estava claro e evidente, que nos trechos de retas longas o V12 do A. Martin despencava, mas M. Campbell achou uma brecha num trecho quase impossível de ultrapassar e como uma Taipan australiana, deu o bote fatal para a tristeza de toda a comunidade britânica.
    Show da PORSCHE frente a um batalhão de V8 e V12…
    Quanto a Farfus não adiantou o seu sinal de “negativo” diante das câmeras, foi uma disputa de corrida…a BMW M8 vai dar trabaho em LE MANS.
    Raffaele Marciello é outro piloto que “andou” demais nos vinte minutos finais da prova, como “toca” esse italiano…
    Valeu a pena, e como valeu, ficar até as 5 da manhã para acompanhar esta prova, que corrida sensacional.
    Depois de muito tempo longe, volto à casa do Endurance, volto ao Guia das provas de longa duração….
    Que o FOX NITRO nos entregue uma cobertura à altura do que foi esta prova na Austrália…até lá….

  • O Porsche fez pitstop final completo, trocou os 4 pneus, BMW de Farfus e a Mercedes de Marciello só combustível. Depois disso Matt Campbell mudou a chave cerebral para Australian V8 Supercars, onde toques nascarizados são tolerados. A BMW foi caindo de performance e perdeu posições. Se fôsse no WEC – FIA Matt Campbell teria sido penalizado ao menos duas vezes, pois jogou fora da pista a BMW que perdeu muito tempo e o toque com mercedes em curva apertada. Pilotou muito considerando o flat 6 da Porsche contra V8 e V12.

  • Prova muito boa mesmo e uma atuação espetacular da trinca do Porsche nos minutos finais. E tem gente que espera ansiosamente o mês de março para só então começar a falar de esporte a motor porque é quando começa a f1 (aff…).
    Quero destacar mais uma vez o Farfus…guiou muito bem mesmo e mostrou que, se no DTM os resultados não vieram, no gran turismo as portas estão escancaradas para ele ser protagonista. Vai dar trabalho no WEC…podem apostar!!

  • Eu assisti pequenos pedaços, mas o suficiente pra ficar extasiado. O final foi de arrepiar.
    Ano passado já tinha achado fantástico, esse ano foi melhor que a encomenda.

    Antonio