Direto do túnel do tempo (431)

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RIO DE JANEIRO – O regresso do nome Alfa Romeo à Fórmula 1 significa a terceira passagem do construtor milanista na categoria máxima. Claro: a marca já estava havia muito tempo ligada ao automobilismo antes da criação do campeonato propriamente dito, tendo nomes como os de Tazio Nuvolari (1892-1953) e Raymond Sommer (1906-1950) como alguns de seus competidores mais bem-sucedidos, bem como Luigi Chinetti (1901-1994). Nuvolari, inclusive ganhou as 24h de Le Mans em sua única aparição no circuito de La Sarthe, em 1933.

Os tempos de Fangio e Farina, os primeiros campeões mundiais de pilotos, não estão na memória de minha geração como a segunda fase da Alfa Romeo – que acompanhei por inteiro. Como fornecedora de motores, ela esteve presente com o motor V8 do World Sportscar Championship no início dos anos 1970 com modelos March e McLaren, passando com os propulsores flat 12 cilindros à Brabham a partir de 1976. E depois a Alfa veio com as unidades em configuração V12 – posteriormente substituídas pelos V8 Turbo a partir de 1983.

Os primeiros testes foram com o monstrengo 177, guiado por Bruno Giacomelli e também por Niki Lauda ao cabo de um ano e meio de testes. Mas era preciso um carro mais atualizado e o engenheiro Carlo Chitti – com a colaboração de Robert Choulet, que viera da Ligier e trabalhava no estúdio de design SERA – concebeu a Alfa Romeo 179.

O carro estreou no fim do campeonato de 1979 com Giacomelli no GP da Itália e ainda seria conduzido por Vittorio Brambilla, antes da chegada de Patrick Depailler. A contratação do francês, considerado um ótimo piloto de testes, seria em tese um ganho para a equipe italiana.

Porém, o ano de 1980 foi de muitos altos e baixos. Entre os momentos ruins, a perda de Depailler, morto em 1º de agosto num teste em Höckenheim e principalmente da referência técnica nas pistas. Não obstante, houve falta de confiabilidade e a Alfa marcou apenas quatro pontos – Bruno Giacomelli foi quinto colocado duas vezes, na Argentina e na Alemanha.

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Mas a Alfa 179 evoluiu com a chegada de Depailler e Giacomelli tirou proveito disso, com belas atuações. O italiano poderia ter ido ao pódio em Zandvoort, no GP da Holanda: ele era terceiro colocado e se aproximava de Jacques Laffite para roubar o segundo posto do francês da Ligier. Mas uma rodada lhe custou posições e um abandono, com problemas na minissaia do carro.

O ponto alto de Bruno foi a pole position conquistada no GP dos EUA-Leste, em Watkins Glen – na última aparição daquele circuito na Fórmula 1. O italiano cravou 1’33″291 para os 5,435 km do circuito novaiorquino, liderando 31 voltas com autoridade primeiro sobre Nelson Piquet e depois Carlos Reutemann e Alan Jones. Mas uma falha de ignição no carro #23 tirou das mãos de Giacomelli a liderança e a possibilidade de uma histórica vitória.

Há 39 anos, direto do túnel do tempo.

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