Mário Keko Pati Jr.

keko

RIO DE JANEIRO – Morreu hoje em decorrência de um câncer o antigo piloto Mário Pati Jr., que os mais chegados conheciam como “Keko”. Ele sofria com tumores no pulmão e no cérebro. Não deu tempo de fazer a cirurgia e tentar reverter o quadro…

Do “Keko”, que nasceu em 23 de setembro – pelo que vi no Facebook – sei que foi piloto de Divisão 3 e Divisão 1 (nessa, num Maverick patrocinado pela Manah), além da Fórmula Super Vê, nos anos 1970. Da principal categoria de monopostos, acredito que ele tenha participado nas temporadas de 1975 e 1976 (desta, tenho absoluta certeza).

E em 1977, enquanto o pai dele, Mário Pati, era o diretor de provas do GP do Brasil de Fórmula 1 – inclusive foi o ano da nefanda reforma do asfalto da Curva 3 de Interlagos, o “Keko” se aventurava na Fórmula 3 inglesa, cuja foto ilustra o blog – devidamente “roubartilhada” do Scuderia Brazil.

Naquela época, ele, Aryon Cornelsen Filho e Mário Ferraris foram os únicos brasileiros a tentar a sorte na categoria – Nelson Piquet, campeão da Super Vê em 1976, buscou a série europeia como alternativa de sucesso na Fórmula 3. O “Keko” inclusive levou uma ‘volta’ do escroque chamado Sandro Angeleri, que o Marcus Zamponi, nosso saudoso Zampa, conhecia bem.

Esse italiano trabalhou na March e deu uma bela enrolada no Mário Pati Júnior. Prometeu “um mini team de Fórmula 1” com 25 corridas e 18 treinos no contrato. Mas onde seria a oficina da pretensa equipe de Angeleri, chamada AFMP Euroracing with March, encontrou somente pedreiros, eletricistas e encanadores. Menos mecânicos e ferramentas, além do carro de corrida – óbvio.

A temporada começava em março e “Keko” só conheceu seu carro no dia da primeira prova, em 25 de março. Durante 12 provas dos campeonatos BP Visco e Vandervell, não teve a menor condição de ser competitivo. Tinha à disposição pneus velhos, motores de 1975 e um carro fraco. Após o GP de Mônaco de Fórmula 3, Angeleri desapareceu. Ele foi preso por tráfico de drogas e acabou solto por fiança. Nunca mais se ouviu falar no italiano.

Para dar continuidade ao sonho, Mário Pati Jr. conseguiu o aval de Bernie Ecclestone para trocar o March 773 pelo modelo Ralt RT1 da foto, bem como a ajuda de jornalistas britânicos para conseguir reverter em peças o que investira no March da equipe de Angeleri. Até o carro de passeio que usava foi sacrificado e trocado por oito jogos de pneus de corrida.

Como efeito, conseguiu um 2º lugar em Donington Park. Mas aí já era um pouco tarde para superar as agruras iniciais e o “Keko” ficou apenas em 24º lugar no campeonato BP Visco, somando um único pontinho e em 17º no Vandervell, com os mesmos 10 pontos de um certo Nigel Mansell.

Certo é que a carreira internacional do Mário Pati Jr. ficou por aí e hoje ele recebe a bandeira quadriculada da vida, deixando seus amigos mais próximos, os conhecidos de tantas corridas do automobilismo e sua família muito mais tristes.

Comentários