Pré-temporada, parte I

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Hülkenberg foi o mais veloz da primeira leva de testes de pré-temporada da Fórmula 1, o que não significa que esta será uma tendência ao longo do ano. Tem gente boa escondendo o jogo ou fazendo outro tipo de programação no desenvolvimento de seus carros…

RIO DE JANEIRO – Acabaram os quatro primeiros dias de testes coletivos da Fórmula 1. Longe vão os tempos em que a pré-temporada durava meses e os treinos, via de regra, eram realizados em diferentes autódromos pela Europa e até no Brasil.

Saudade dos testes de pneus em Jacarepaguá, viu…

Enfim… o passado passou, o presente é agora e o que vimos em Barcelona não reflete exatamente o que será o campeonato de 2019.

Acredito sim que exista o chamado “sandbagging”, onde várias escuderias escondem o jogo e não dão a entender o verdadeiro potencial de seus equipamentos. Como também já existiu – sempre – quem andasse totalmente fora do regulamento, abaixo do peso mínimo, para angariar a simpatia de potenciais patrocinadores. Arrows, Minardi e Prost foram algumas que se utilizaram desse expediente na pré-temporada.

Tem quem venha realmente com carros na ponta dos cascos e outros que já são mal nascidos de cara.

E num primeiro momento, com apenas quatro dias e após uma espera longa – uma vez que os lançamentos foram todos agora em fevereiro, já houve essas sessões de testes e depois, só na outra semana a partir de março lá mesmo em Barcelona, e olhe lá, antes da abertura do campeonato dia 17 de março, em Melbourne – não dá pra traçar nenhum tipo de previsão.

Aliás, seria leviano imputar qualquer favoritismo que seja apenas e tão somente à Ferrari. Ainda mais sabendo do que a Mercedes é capaz e do quão dominante a equipe da estrela de três pontas tem sido com o regulamento vigente de sistemas híbridos acoplados às unidades turbo movidas a combustíveis fósseis.

Pra que possamos ter uma ideia dessa gangorra que foram os testes, a Renault foi quem saiu dessa primeira leva de treinos com o melhor tempo, via Nico Hülkenberg – 1’17″393, com o composto C5 (ugh!) da Pirelli. A título de comparação, a pole position do GP da Espanha em maio do ano passado foi 1’16″173.

Que beleza, né… os italianos já complicavam com aquele negócio de megamacio, ultrahiperblastermacio, médio, ultramédio e o cacete a quatro. Agora para esses testes, inventaram códigos de 1 a 6 para identificar os compostos – sendo 1, duro como um pedaço de pau e 6, mais mole que um suspiro no sol.

E ao cabo desses quatro dias, cada equipe fez sua programação buscando não só desempenho, no caso de alguns times, como principalmente durabilidade, já que estamos numa Fórmula 1 em que praticamente não há quebras e que prevê o uso de três motores ao longo de uma temporada de 21 provas, como se a principal categoria do automobilismo mundial fosse o WEC. Automobilismo pode ser resistência – e para isso já existe o Mundial de Endurance. Aqui, o lema deveria ser performance.

Só que… não.

O resultado da quinta-feira, que veio a ser o último dos dias de treinos, até produziu uma situação curiosa. Seis pilotos dentro do mesmo segundo – os dois da Renault (Hülkenberg e Ricciardo), Alexander Albon (Toro Rosso), a dupla da Mercedes (Lewis Hamilton e Valtteri Bottas) e a Ferrari, com Charles Leclerc. Três borrachas diferentes foram usadas – a tal da C5 pelos quatro mais velozes, C4 por Hamilton e C3 pelo novo integrante da casa de Maranello.

Repito: os testes não têm tanta valia, mas deu pra perceber algumas coisas: Toto Wolff e Lewis Hamilton dão a entender que a coisa é diferente do que se imagina nos lados da Mercedes-Benz e que os italianos da Ferrari estão, de fato, um passo à frente; Alfa Romeo e McLaren parecem ter cacife para brigar mais à frente neste ano; e a Williams, que foi a escuderia que menos andou, deve continuar onde esteve na última temporada.

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