Charlie Whiting (1952-2019)

_79P7984

RIO DE JANEIRO – Às vésperas de ser iniciada a temporada 2019 do Mundial de Fórmula 1, a septuagésima da história da categoria máxima do automobilismo, o esporte está de luto.

Morreu na madrugada desta quinta-feira na Austrália o diretor de provas da FIA Charlie Whiting, aos 66 anos. Ele foi vítima de um quadro de embolia pulmonar e não pôde ser socorrido a tempo no hotel em Melbourne, onde ele já estava hospedado para trabalhar neste fim de semana de GP da Austrália.

A figura de Whiting era uma das mais conhecidas dos tempos modernos da categoria. Ele não se limitava apenas a acionar os botões e dar a largada das provas. Comandava os briefings e alertava aos pilotos sobre os procedimentos de segurança ao longo do fim de semana. Desempenhou muito bem sua função ao longo das últimas 23 temporadas: a segurança aumentou, melhorou e se modernizou.

Foram 42 anos de intensa dedicação ao esporte, iniciados lá por 1977, quando chegou ao paddock pela decadente Hesketh, levado pelo então dono do espólio da antiga equipe de James Hunt, Bubbles Horsley, para trabalhar como mecânico.

Quando aquela marca enfim encerrou suas atividades, foi para a Brabham. Lá, comandado por Bernie Ecclestone, trabalhou no carro de Nelson Piquet como mecânico-chefe, junto a Herbie Blash. Foi figura crucial nos títulos do brasileiro em 1981 e 1983, permanecendo na escuderia até Ecclestone encerrar seu período como dono de equipe em 1987.

Nos últimos 30 anos, vinha trabalhando para a Federação Internacional de Automobilismo. Lá, começou como delegado técnico e delegado de segurança (era ele que dava o aval de aprovação dos circuitos), antes de ascender ao posto de diretor de provas, anteriormente ocupado pelo belga Roland Bruynseraede.

Aliás, registre-se que Charlie Whiting talvez tenha sido a primeira pessoa da entidade máxima do desporto automobilístico mundial a saber do rumoroso caso de Singapura, quando Nelsinho Piquet bateu de propósito em 2008 para favorecer Fernando Alonso.

Nelson, que era seu amigo e já sabia da história toda, ameaçou por ocasião do GP do Brasil jogar merda no ventilador.

O próprio Charlie demoveu-o da ideia.

Ainda não havia provas mais contundentes da armação, mas uma investigação traria a sujeira à tona e as consequências todos conhecem.

A FIA emitiu um comunicado assinado por Jean Todt. Abaixo, alguns trechos.

“Foi com imensa tristeza que soube de sua morte repentina. Conheço Charlie Whiting faz muitos anos e ele foi um ótimo diretor de provas, uma figura central e inimitável na F1, que personificava a ética e o espírito deste fantástico esporte”, seguiu.

“A F1 perdeu um amigo fiel e um embaixador carismático com Charlie”, resumiu. “Todos os meus pensamentos, os da FIA e de toda a comunidade do esporte a motor vão para sua família, seus amigos e todos os amantes da F1”, concluiu.

Comentários