Super Sebring: chuva, drama no final e mais uma vitória da Toyota

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Terceira – e importante – vitória para Alonso, Buemi e Nakajima, desta vez nas 1000 Milhas de Sebring: a dupla abre 15 pontos de vantagem para os rivais e companheiros de equipe; só que com duas corridas por disputar, a temporada está longe de ser definida…

RIO DE JANEIRO – Era pule de dez a vitória da Toyota nas 1000 Milhas de Sebring, 6ª etapa da Super Season do Mundial de Endurance, na volta do campeonato após mais de 100 dias de paralisação. Mas eis que uma convidada tentou atrapalhar: choveu muito na última meia hora de disputa –  a pista da Flórida, que já é difícil com o piso seco ficou um sabão –  e um acidente acabou por criar o anticlímax da quadriculada exibida com os vencedores atrás do Safety Car – a prova foi encerrada no tempo máximo de 8 horas e com 253 voltas percorridas, quinze a menos que o percurso pré-determinado.

O que não mancha a conquista de Kazuki Nakajima/Sébastien Buemi/Fernando Alonso, que pela terceira vez conquistam uma vitória no FIA WEC, ampliando para 15 pontos a vantagem na liderança do campeonato sobre os próprios companheiros de equipe – Mike Conway/Kamui Kobayashi/Pechito López, que vinham embalados por duas vitórias seguidas.

Mas o #7 acabou involuntariamente entregando de bandeja o triunfo para o #8. Os dois eram os únicos em condições de lutar de igual pra igual pela vitória e a diferença nos segundos e milésimos era razoável, mas não preocupante para os líderes. Só que López teve um pequeno enrosco com um Aston Martin da LMGTE-AM e isso custou danos à lateral do TS050 Hybrid. Para uma checagem geral, perderam duas voltas. E a chance de duelar contra Alonso e companhia foi para o espaço.

A situação foi ainda pior para os LMP1 não híbridos, pois TODOS tiveram algum problema: o que menos dificuldades enfrentou acabou premiado com um pódio. Mesmo com o susto causado pelo estouro do pneu traseiro direito, na primeira fase da disputa, a trinca Vitaly Petrov/Mikhail Aleshin/Brendon Hartley – este último regressando ao WEC – ainda alcançou o pódio.

Os dois Rebellion tiveram todo o tipo de problemas, de eletrônica a câmbio, passando por entreveros e rodadas. O #1 do brasileiro Bruno Senna não chegou ao final. Foi nocauteado na sequência de um acidente sofrido por Mathias Beche, o substituto de Andre Lotterer neste fim de semana. O #3 parou várias vezes nos boxes com problemas de eletrônica. Ainda salvaram o sétimo lugar na geral. A DragonSpeed conseguiu um bom ritmo com seu BR01 Engineering de motor Gibson V8 enquanto deu. Mas o protótipo ornamentado por estrelas acabou por ver navios e também desistiu.

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Egor Orudzhev bateu na saída da curva 1 de Sebring; Sergey Sirotkin nem sentou no carro durante a disputa…

Pior aconteceu ao segundo carro da SMP Racing, que estava num ritmo bem razoável no começo e brigava diretamente com o #3 da Rebellion, até Egor Orudzhev bater na saída da curva 1 e destruir o bólido, provocando primeiro um período de Full Course Yellow e, a posteriori, a entrada do Safety Car. Sergey Sirotkin – coitado – nem andou…

As desventuras da turma fizeram os LMP2 alcançarem boas colocações ao final – exceto o #38 da Jackie Chan DC Racing, que chegara a Sebring com 10 pontos de vantagem na liderança e mais o ponto da pole position conquistado ontem. Mas nada deu certo: o carro teve sérios problemas mecânicos no início, atrasou-se de forma a não conseguir mais alcançar nenhum adversário e, some-se a tudo isso, um problema incomum com a porta do piloto, que teve de ser consertada na marra.

Somar os pontos do 6º lugar, já que o #28 da TDS Racing que provocou a entrada do Safety Car no fim da corrida não viu a quadriculada, foi muito lucro para Ho-Pin Tung/Gabriel Aubry/Stéphane Richelmi, já que fizeram mais 10 e foram para 123 na classificação do campeonato. E se não deu para os antigos líderes, o trio Jordan King/David Heinemeier-Hänsson/Will Stevens estreou com o pé direito, dominando a disputa praticamente do começo ao fim, com direito ao quarto lugar na classificação geral final.

André Negrão/Pierre Thiriet/Nico Lapierre, na estreia dos pneus Michelin no Alpine A470 da Signatech Alpine Matmut, fizeram o que lhes foi possível, que era fechar no pódio. Com os 23 pontos do 2º lugar, a trinca está agora na frente da classificação, com 125. Mas a matemática mostra: uma diferença pequena demais, considerando que ainda haverá um máximo de 65 pontos por disputar nas duas provas finais da Super Season.

Após um susto causado por uma patacoada de (quem mais?) Pastor Maldonado, que destruiu uma asa traseira antes da metade da disputa, a DragonSpeed conquistou o terceiro pódio na temporada – segundo em sequência. Com uma sólida performance de seus gentleman drivers, além de Gunnar Jeannette, que agregou experiência e conhecimento da pista, a Larbre Competition fez sua melhor prova na LMP2, seguida do Racing Team Nederland, que enfrentou muitos problemas mas chegou ao final.

MOTORSPORT : FIA WEC - ROUND 6 - 1000 MILES OF SEBRING (USA) 03/13-15/2019
Já com chuva, o último pit stop levou Gianmaria Bruni e Richard Lietz a superar a BMW #81 da MTEK e assumir a liderança; o acidente de Loïc Duval foi decisivo para a vitória do #91

Na LMGTE-PRO, como sempre, as disputas foram de tirar o fôlego e a classificação apresentou uma gangorra que colocou praticamente todas as marcas presentes, exceto a Aston Martin e a Corvette (que correu sem contar pontos), na luta pela vitória.

E deu Porsche na cabeça: com a chuva, o 911 RSR de Richard Lietz e Gianmaria Bruni acabou por ganhar graças ao último pit stop, muito mais eficiente que o da equipe BMW Team MTEK, que comandava a corrida com o trio Alexander Sims/Martin Tomczyk/Nicky Catsburg. O acidente de Loïc Duval frustrou os planos do time de Ernst Knoors em lutar novamente pela primeira vitória – que esteve bem próxima dos bávaros.

A Ford liderou por vários momentos da disputa, mas fechou mesmo em 3º lugar na divisão com Harry Tincknell/Jonathan Bomarito/Andy Priaulx, enquanto os atuais campeões mundiais Ale Pier Guidi e James Calado, mais o brasileiro Daniel Serra, cruzaram com a quarta posição após um início de corrida em que os dois carros da AF Corse fechavam a raia. Um belo trabalho, portanto.

Líderes do Mundial, Kévin Estre/Michael Christensen mandaram um adversário para fora da pista e foram penalizados com um stop & go, que lhes custou caro. Ainda salvaram a quinta posição, mantendo o comando da classificação com 125 pontos, contra 100 de Bruni e Lietz, que com a vitória reduziram a desvantagem em relação aos colegas de time. Augusto Farfus e os parceiros Bruno Spengler e Antônio Félix da Costa lideraram pontualmente, mas faltou ritmo (principalmente a Spengler) e a trinca chegou em 7º lugar. O curitibano foi o destaque ao longo da disputa, com uma sólida performance.

E na LMGTE-AM, a Dempsey Racing-Proton voltou à velha forma após o escândalo da adulteração de dados dos seus dois Porsches: Julien Andlauer/Christian Ried/Matt Campbell venceram de novo e deram um salto considerável na classificação do campeonato. Não o bastante, todavia, para tirar a Project 1 Racing da dianteira: com um ótimo trabalho, Egidio Perfetti/Jörg Bergmeister/Patrick Lindsey alcançaram o terceiro posto e seguem na ponta da tabela com 103 pontos.

Entre as duas trincas dos Porsches, chegou a Spirit of Race, em ótima atuação do veterano Giancarlo Fisichella ao lado do diletante Thomas Flöhr e de Francesco Castellacci.

E as 1000 Milhas de Sebring assim foram concluídas. Já estou contando os dias para 4 de maio, quando teremos mais uma edição das 6h de Spa-Francorchamps. Desta vez, muito mais importante e decisiva para os rumos do campeonato do que a prova inaugural da Super Season.

Concordam?

Comentários

  • rodrigo essa diferença de performance na classe LMP1 existirá ainda na próxima temporada? na minha humilde opinião isto está tornando a WEC menos interessante para os fãs. há previsão para q isso mude? abraços

    • Jefferson, obrigado pela pergunta.

      Pois é, vai existir essa diferença toda, ainda. A FIA não vai mudar isso. As equipes independentes assumiram o risco de ser meras coadjuvantes pra LMP1 ser salva até a mudança de regulamento que, esperemos, seja feita numa transição positiva para a categoria – que já deve perder a Ford na GTLM e não pode se dar ao luxo de ficar sem marcas envolvidas num certame que, pra mim, é altamente competitivo.

      Abraços!

  • Vou conferir o replay da prova assim que for liberado no Youtube, já que meus horários infelizmente não são compatíveis com os highlights disponibilizados pelo Fox Sports…
    O WEC acertou em cheio ao retornar a Sebring…aliás, nunca devia ter saído…só acho que a corrida poderia ser no Domingo ao invés da sexta.

    • Eu não desgostei do dia, mas não deixo de concordar que domingo seria mais interessante, até pela questão do horário, que foi muito cruel com a audiência europeia na sexta-feira.