Direto do túnel do tempo (442)

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RIO DE JANEIRO – Emerson Fittipaldi foi protagonista de muitos momentos históricos na Fórmula 1.

Não só o piloto brasileiro deu a Jochen Rindt o até hoje único título post-mortem de um piloto na categoria, ao ganhar em 1970 no GP dos EUA, como também se tornou o mais jovem campeão (recorde superado muito tempo depois) quando levou o título da temporada de 1972.

No ano seguinte, com a responsabilidade de conduzir a Lotus 72 com o número #1, ele conquistaria um triunfo que mudaria o predomínio da época entre os Construtores.

Presente em todos os Mundiais, com uma ou outra ausência em corridas, a Ferrari detinha o recorde de vitórias quando a temporada de 1973 se iniciou. Fittipaldi venceu em sequência os GPs da Argentina e do Brasil, deixando a Lotus, que iniciou sua trajetória na Fórmula 1 na temporada de 1958, com o mesmo número de vitórias que a Casa de Maranello.

Um suspeitíssimo triunfo de Jackie Stewart no GP da África do Sul e um 3º lugar em Kyalami impediram que Fittipaldi ou mesmo Ronnie Peterson dessem a quinquagésima vitória à Lotus.

A oportunidade viria no GP da Espanha, que voltara ao calendário nos anos 1960: a prova começou em Pedralbes, circuito de rua com 6,316 km de extensão. O traçado foi usado apenas duas vezes na década de 1950 e desapareceria do mapa. A partir de 1968, a corrida espanhola regressaria em revezamento. Nos anos pares, aconteceria em Jarama, autódromo permanente nas proximidades da capital Madri. Nos ímpares, no circuito urbano de Parc Montjuich, em Barcelona.

As sessões de classificação tiveram pole position de Ronnie Peterson e primeira fila completada por Denny Hulme, da McLaren. Emerson era o 7º colocado, dividindo a quarta fila do grid com Clay Regazzoni, da BRM. À frente deles, partiam também as Tyrrell de Jackie Stewart e François Cevert, a McLaren de Peter Revson e a Ferrari de Jacky Ickx.

Difícil acreditar que o triunfo saísse das mãos de Ronnie, pois o sueco largou bem e ficou na dianteira com Stewart logo a seguir. Cevert era o terceiro, mas um pneu de sua Tyrrell furou na 27ª volta e ele regressaria à disputa em décimo-quarto lugar. Emerson, que vinha atrás do francês da Tyrrell, herdou a posição.

Muito bem: na 47ª volta, Jackie foi obrigado a desistir. Seus freios entraram em colapso. E logo depois, foi a vez do câmbio do carro de Peterson quebrar. Sem muito alarde, Fittipaldi assumiu a dianteira.

Enquanto isso, em magistral recuperação, Cevert não só ultrapassaria o então 3º colocado George Follmer, da novata Shadow, como também herdaria a segunda posição com a quebra da Brabham do argentino Carlos Reutemann.

A sorte de Emerson naquele dia foi tanta que, por conta de um furo lento, um pneu começou a perder pressão e nem assim ele se desconcentrou. Na 72ª volta de 75 previstas, quase que o dito pneu o traiu. Mas o brasileiro teve sangue frio para controlar o carro e vencer a prova. Cruzou com quase 43 segundos de vantagem para um valente Cevert.

Colin Chapman repetiu a lendária cena do boné ao alto e comemorou efusivamente: em 29 de abril de 1973, a Lotus se tornava a equipe com o maior número de vitórias da Fórmula 1.

Há 46 anos, direto do túnel do tempo.

Comentários

  • Bah ! A gente fica tanto tempo vendo os carros atuais e as lembranças do tempo do Senna que esquece deste tempo !! Uma ótima lembrança daquele que desbravou a F1 e que máquina linda !!

  • Bela recordação de uma importantíssima vitória para uma equipe tão tradicional na época. Eu só não concordo muito quando diz que Emerson “deu” o título para o finado Rindt, dá uma impressão de desmerecer o que fora feito na pista pelo próprio Rindt (embora eu imagine que não tenha sido esse o seu objetivo). A Lotus 72E de 73 foi na minha opinião a mais bela de todas, seguida da 72F de 75, que na verdade eram muito parecidas, apenas uma retomada ao projeto anterior, após o fracasso da Lotus 76 (se não me engano) em 74. Adoro esses relatos dos anos 70, quero mais!