Direto do túnel do tempo (446)

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RIO DE JANEIRO – O piloto a bordo desta Tyrrell número #4 é um dos aniversariantes da sexta-feira: Ivan Franco Capelli, uma das muitas esperanças italianas que o automobilismo de seu país produziu nos anos 1980, completa hoje 56 anos.

Nascido em Milão, o rapaz chegou à Fórmula 1 em 1985, ano em que ainda estava na Fórmula 3000 – que iniciava ali sua caminhada de substituta da Fórmula 2. Com a morte de Stefan Bellof, Ken Tyrrell se viu sem piloto para terminar o campeonato e Capelli, que defendia a Genoa Racing na categoria de acesso, tendo vencido uma corrida em Zeltweg, acabou convidado para estrear no GP da Europa, em Brands Hatch.

A adaptação foi difícil. O carro era uma gambiarra do modelo 012, adaptado ao motor Renault Turbo V6. Com potência brutal, o carro era toureado, não guiado. Capelli rodou dezenas de vezes naquele fim de semana. Foi alvo de muitas piadas e alguns se perguntaram se o garoto não seria ‘queimado’ como muitos outros que tinham passado fugazmente pela categoria máxima.

Na corrida seguinte, na África do Sul, por via das dúvidas, Ken Tyrrell optou por Philippe Streiff. Só que na última etapa, o francês voltaria ao cockpit da Ligier, equipe que boicotara a etapa de Kyalami por pressões políticas (leia-se François Mitterrand, amigo pessoal de Guy Ligier, cujo governo colocava vultosas somas de dinheiro no orçamento do time). Não houve jeito: Capelli foi chamado de novo.

O traçado de Adelaide, na Austrália, era novo e difícil. Ivan fez apenas o 22º tempo – 1’27″120. Mas as coisas caminharam bem melhor na corrida. Por mérito e por problemas dos adversários, Capelli escalou o pelotão e na 58ª volta entrou na zona de pontos pela primeira vez na disputa, quando o então líder Niki Lauda bateu.

Logo depois, foi a vez de Ayrton Senna e do compatriota Michele Alboreto também desistirem. Capelli, que tinha Gerhard Berger, então na Arrows, sob controle, assumiu a 4ª colocação e foi assim até a bandeirada. Em sua segunda corrida apenas na Fórmula 1, o garoto italiano igualava o melhor resultado da equipe em 1985.

Ivan preferiu voltar à Fórmula 3000 – onde foi campeão de 1986, antes de fazer uma curta aparição naquele mesmo ano, de AGS. Depois andou de March-Leyton House até 1991, com alguns belos desempenhos, liderança de GP e dois pódios – coincidentemente, dois segundos lugares, em Portugal 1988 e França 1990. Assinou com a Ferrari, mas foi triturado em mais uma crise da tradicional equipe e demitido antes de terminar o campeonato. Chegou à Jordan para o campeonato de 1993, mas sua cabeça estava noutro mundo: após duas etapas, foi dispensado.

Capelli disputou 93 GPs, com três pódios, 31 pontos somados e 46 voltas na liderança. E deixou a sensação de que poderia ter feito muito mais – se pudesse e tivesse oportunidades.

Há 34 anos, direto do túnel do tempo.

Comentários

  • Prezado, falando do Capelli, creio que leva não só a mim mas muitos outros perguntar: Cadê o Gugelmin? Pelo tudo que fez na F1 e na Indy?
    Saudações

    • Gugelmin, após a morte de um dos filhos gêmeos, aposentou-se e decidiu ficar recluso do automobilismo. Pelo que sei, o irmão mais velho dele, Alceu Gugelmin, é quem cuidava de uma empresa de reflorestamento que é deles em sociedade.