Indy 500: habemus Bump Day!

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Takuma Sato é um dos seis inscritos na Indy 500 que triunfou em Indianápolis; seu patrão, Bobby Rahal, já ficou de fora da corrida em 1993. E tem equipe hoje que defende “reserva de mercado” para acabar com a tradição do Bump Day e eliminar aqueles que, de fato, são os piores carros do grid (Foto: IMS/Reprodução Grande Prêmio)

RIO DE JANEIRO – Haverá pilotos de fora da edição de 2019 das 500 Milhas de Indianápolis – e acredito que esta seja a grande notícia envolvendo a clássica prova da Fórmula Indy, que será disputada pela 103ª vez em sua história. A IndyCar confirma pelo menos 36 carros na lista de inscritos e esse total ainda pode aumentar para pelo menos 37.

Existe a possibilidade da Andretti Autosport pôr um sexto carro e tirar um piloto da semi-aposentadoria (é junto ou separado?): comentarista do canal NBC, Townsend Bell, carinhosamente apelidado por Victor Martins e Rodrigo Berton como o “Bell da Boina”, pode espanar o pó do macacão e do capacete para guiar o monoposto que seria inscrito com o numeral #29. O time de Michael Andretti já é o que mais carros tem no plantel – cinco, um deles em parceria com a Bryan Herta Autosport.

As inscrições pendentes de confirmação de pilotos são da Juncos Racing e da Schmidt Peterson Motorsports, com um quarto piloto – provavelmente o espanhol Oriol Serviá, que inclusive andou no teste coletivo realizado dias atrás no IMS. No time de Ricardo Juncos, que optou por alinhar um carro só, Kyle Kaiser deve ser o nome indicado para a prova.

E se a Harding-Steinbrenner Racing tivesse conseguido garantias financeiras para colocar um eventual segundo carro na Indy 500, esse total de 37 inscritos já seria alcançado ou, caso a Andretti confirme mesmo Townsend Bell, poderíamos ter 38. Mas é o “e se”…

O único problema é o formato de classificação adotado para este ano: serão dois dias de treinos oficiais, com as trinta primeiras vagas, de 33 disponíveis, asseguradas no dia 18 de maio – um sábado. No dia 19, domingo, os pilotos que se classificarem abaixo do 30º posto no sábado voltam para uma tentativa de apenas quatro voltas rápidas – quem ficar para lá do 33º tempo está fora. Os nove mais velozes da véspera também retornam – para discutir a pole position.

Longe vão os tempos em que o grid era decidido em quatro dias de treinos – o Pole Day era o primeiro treino, dois sábados antes da Indy 500, eventualmente adiado para o dia seguinte por conta de mau tempo – e o Bump Day era o último e dramático dia. Consistia no seguinte: a partir do momento em que o plantel de 33 carros fosse preenchido, pilotos ainda não classificados ou com tentativas (máximo de três) a realizar em carros reserva e/ou cedidos por outras equipes, poderiam eliminar os mais lentos – independentemente das posições alcançadas.

Cito dois exemplos clássicos: em 1993, Bobby Rahal tinha a 24ª posição do plantel com a média de 217.140 mph, após suas tentativas de qualificação no segundo dia de treinos naquele ano. No Bump Day, Eddie Cheever eliminou sem cerimônia o então campeão da Indy e vencedor em Indianápolis no ano de 1986, com a média de 217.599 mph. Didier Theys tirou Mark Smith do caminho e Rahal, numa última e suicida tentativa para tentar desclassificar Kevin Cogan, que ficou na “bolha”, foi muito lento e não se classificou.

O exemplo mais contundente veio dois anos depois, quando a Penske não conseguiu extrair velocidade suficiente de seus próprios carros e teve de alugar equipamento de terceiros para que Emerson Fittipaldi e Al Unser Jr. conseguissem a classificação. Nenhum dos dois teve êxito e Emerson foi eliminado por Stefan Johansson – coincidentemente, o sueco corria com um modelo Penske e teve que se socorrer de um chassi Reynard para obter um lugar no grid – o que mostra que o problema ali era mesmo o carro e não os pilotos.

E muito me espanta ver Roger Penske clamando por uma mudança de um regulamento tão centenário quanto o das 500 Milhas de Indianápolis. O “Capitão” se juntou a Chip Ganassi e a Michael Andretti numa exigência de “reserva de mercado” que assegurasse seus carros e pilotos de forma automática no grid.

O que é ridículo, convenhamos: a própria Penske sobreviveu ao desastre de 1995, muito embora só tenha voltado a alinhar na Indy 500 em 2001 – e voltou vencendo, com Hélio Castroneves e Gil de Ferran, por três edições consecutivas.

Eu não vejo sentido algum nessa manifestação, que tira completamente a essência e principalmente a graça do Bump Day.

Comentários

  • Boa noticia! Pessoal que quer “reserva de mercado” tem que entender que a corrida INDY500 é maior que os times, tem uma tradição , deveriam tomar cuidado com isso, escutar os entusiastas , as 500 milhas tem historias ricas , dramáticas sobre aventureiros que só corriam nela, é muito tempo , muita tradição, acho perigoso deixar o angu sem tempero.

  • O dono de equipe sempre vai defender o lado dele. Sabem muito bem quanto deixam de ganhar caso um carro esteja fora. Vejo essa iniciativa como um sinal dos tempos. Gostando ou não, é assim que é o jogo. Veja a Nascar por exemplo, abandonou a tradição de 43 carros no grid e criou tbm uma reserva de mercado para garantir equipes de correm toda a temporada.

  • Preferia ver o carlos munhoz ou stefan wilson no 6 carro da andretti, towsend bell corre na Imsa e já está velho para correr a indy 500, uma pena Stefan Wilson e Carlos Munhoz e Gabby Chaves estarem a pé esse ano na indy 500

  • Que bom, Bump Day é do povão e tem que continuar….acabem com esta corrida inútil na parte interna de Indianapolis e voltem para o antigo formato….