Pequeno francês!

20195241556366__16C0014-1_II
Maio iluminado: Simon Pagenaud completou 35 anos no último dia 18, venceu a prova de Indianápolis no misto e hoje completou com o triunfo na Indy 500, na maior conquista de sua carreira. A França não tinha um campeão na clássica prova oval havia 105 anos (Foto: IndyCar/Reprodução Grande Prêmio)

RIO DE JANEIRO – Nada menos que um século depois de Jules Goux e René Thomas, a França volta ao Victory Lane das 500 Milhas de Indianápolis. Em mais uma edição eletrizante – pelo menos no seu transcurso final – da maior corrida de automobilismo dos EUA, Simon Pagenaud acaba de conquistar a maior vitória de sua carreira na IndyCar.

A performance do piloto, que completou 35 anos no último dia 18 de maio, foi simplesmente impecável. Aliás, desde a definição do grid e durante todo o período de preparação. Para quem vinha num campeonato de performances erráticas, as duas vitórias em Indianápolis no misto e no oval parecem ser a senha para uma bela reação àqueles – eu, inclusive – que o vinham pondo em dúvida no próprio Team Penske por conta da ausência de resultados.

O campeão de 2016 da série estadunidense de monopostos, mais do que mostrar a seus críticos – sem contar à própria equipe e a todos os que torceram por ele – que não estava morto, também ofertou ao Capitão Roger Penske a 18ª vitória da mais tradicional escuderia da categoria na Indy 500 – uma tradição que começou em 1972, quando Mark Donohue levou um McLaren Offenhauser ao primeiro lugar.

A corrida em si foi boa, embora tenha reinado uma certa monotonia em algums momentos. Houve alguns incidentes, com direito a penalizações para Hélio Castroneves (confesso que não entendi) e Will Power; Jordan King atropelando um pneu que atingiu um mecânico da RLL, causando fratura de perna no pobre rapaz; e Marcus Ericsson terminando sua corrida ao bater no muro dos boxes, sem freios.

Noutras situações, Kyle Kaiser acidentou-se com o carro da Juncos (que tinha o River Plate como um de seus patrocinadores) e, perto do final, houve ainda um trelelê envolvendo Graham Rahal e Sébastien Bourdais, que levou também Zach Veach, Felix Rosenqvist e Charlie Kimball. Rahal ficou pistolaço com o francês da Dale Coyne, num incidente em que, avaliando melhor pela imagem, pareceu que Bourdais deu uma espremida no rival. Talvez pensando que Graham fosse tirar o pé – o que definitivamente não aconteceu.

A direção de prova deflagrou a bandeira vermelha, a pista foi limpa e a corrida reiniciada para o final frenético em que um alucinado Alexander Rossi, um dos nomes da disputa, tentou de tudo para superar Pagenaud. Porém, a defesa de posição do piloto do carro #22 na volta final foi algo digno de registro, simplesmente espetacular. Não havia como Simon perder dessa vez em sua oitava aparição no mítico oval. E ele não perdeu.

Foi também o triunfo dos motores Chevrolet sobre os powerplants Honda, que ainda deram a Rossi o 2º posto e a um surpreendente Takuma Sato a terceira colocação, com o japonês atropelando no final para superar Josef Newgarden e Ed Carpenter. Aliás, a equipe ECR mostrou bom ritmo em classificação, mas faltou aquele ‘algo mais’ no tráfego. No fim, Carpenter foi apenas 6º, perdendo o quinto posto para Will Power.

Sétimo colocado, Santino Ferrucci deverá ganhar o prêmio de Rookie of the year da Indy 500, enquanto para Tony Kanaan, após perder uma volta inteira na disputa, o 9º lugar na quadriculada pode ser considerado um resultado muito lucrativo. Matheus Leist ficou com o décimo-quinto lugar em sua segunda Indy 500 da carreira, enquanto o tricampeão Hélio Castroneves não passou do 18º lugar: além do bico danificado no contato com James Davison, foi estranhamente penalizado (afinal, o adversário PERDEU a entrada do próprio pitlane) e acabou duas voltas atrás, para recuperar uma somente.

E parabéns ao Pagenaud, porque uma vitória nas 500 Milhas de Indianápolis, principalmente partindo da pole position, não é para qualquer um. Inclusive, há uma década exata ninguém alcançava esse feito: o último foi Hélio Castroneves, por ocasião de sua 3ª vitória na corrida.

Comentários

  • Realmente de tirar o fôlego, Rodrigo!
    Só uma pergunta, o Santino Ferrucci não é aquele mesmo que fez um salseiro em Silverstone, dando no companheiro de equipe na volta de desaceleração, e depois consequentemente punido pelo ato tresloucado, com a exclusão do automobilismo?
    Pelo menos é o que lembro que foi noticiado à época.
    Agora, todo pimpão, virou Rookie of the Year na Indy 500?
    Pode isso, Mattar.
    Abraço.
    Zé Maria

    • É ele mesmo. Sim, ele foi excluído na Fórmula 2, demitido da Trident e acabou limado do programa de desenvolvimento da Haas.

      Mas a Indy, não sei se você sabe, não pertence à FIA.

      • Grato pelo esclarecimento, Rodrigo.
        Se bem que, por conta da gravidade da ocorrência pregressa, independentemente da Indy pertencer ou não à FIA, devia haver uma espécie de chancela entre as entidades, sempre que um caso como esse fosse registrado.
        Segue o jogo. . .
        Abraço.

      • Continuando. . .
        Fazendo então uma analogia, Rodrigo.
        Então o indigitado pode até ter sido condenado por homicídio pela FIA, mas pela Indy tudo bem, pelos registros dela ainda é réu primário?
        Mais um #falasééério!
        Curioso também é que o cara saiu direto da F2 para a Indy, sem passar pela Light, ou é muito talento, ou então $$$$. . .

    • O garoto é bom. Só é destemperado.
      Uma punição severa era necessária. Mas acho exclusão do automobilismo algo severo demais. Só se ele tivesse, sei lá, atropelado outro piloto deliberadamente, tentativa de homicídio na pista, alguma coisa assim.
      Poderia ter sido, tipo, dois anos sem correr de nada, depois volta.
      Que bom que ele tá se encontrando na F-Indy. Acredito em segunda chance para quem faz por onde em aproveitá-la.

  • A punição ao Helio eu também não entendi, ele foi vitima ali, mas agora está feito, uma pena, pois ele vinha bem.

    Fiquei muito triste com a saída do Kaiser, acho que foi o personagem do fim de semana, e estava competitivo até. Outro que eu estava gostando de ver era o Ericsson, acredito que seria o rookie desta Indy 500.

  • Como diriam os americanos “Rossi was on fire!”, aconteceu literalmente de tudo com ele e o cara guiou como um leão hoje. Apesar disso, vitória merecidíssima do Pagenaud – piloto vindo do endurance, aliás -, dominar uma Indy 500 dessa forma é algo que beira o possível.

  • E “Pagenô” vai gravando seu nome entre os grandes do automobilismo.
    Será que na França quem curte automobilismo é mais mente aberta ou ainda está vendo os VTs das vitórias do Prost (o pai, claro)?