Seletiva interrompida

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Corte: após 20 anos, não haverá mais o patrocínio da Petrobras à Seletiva de Kart organizada por Binho Carcasci: o último campeão, por enquanto, é o brasiliense Lucas Okada (Foto: Fábio Oliveira/Radical Motors/Reprodução Grande Prêmio)

RIO DE JANEIRO (Parabéns aos envolvidos) – O GRANDE PRÊMIO apurou e, horas depois, foi confirmado: não haverá patrocínio da Petrobras à Seletiva de Kart em 2019.

A iniciativa de Binho Carcasci, criada em 1999 para revelar jovens talentos do automobilismo nacional, cumprindo seu objetivo com grandes nomes do esporte surgindo ali ao longo das últimas décadas, é interrompida porque a estatal brasileira tem o chamado “Plano de Resiliência”, com cortes de verba nas culturas e em eventos esportivos. A Seletiva – eu acompanhei a de Volta Redonda, em 2009, foi uma das atingidas.

“Foram 20 edições que marcaram a história do nosso kartismo. Aceito a posição da Petrobras e agradeço por tudo o que fizeram ao longo destes anos, ajudando o esporte e os jovens pilotos. E também agradeço a todos os parceiros que estiveram ao nosso lado ao longo das edições.”

“Estamos em busca de novas empresas, que tenham interesse em dar continuidade ao projeto, mas sei das dificuldades, pois já estamos em maio e as empresas normalmente já estão com toda sua verba de marketing comprometida para o ano. Mesmo assim, vamos seguir trabalhando. Se não der certo este ano, tentamos plantar uma possibilidade para 2020”, comentou Binho no release que recebi hoje via Fernanda Gonçalves, que trabalhava como divulgadora da Seletiva de Kart.

Pois é… o Binho já expôs as dificuldades, que se amplificam com a política da Petrobras em detonar tudo o que diz respeito às artes e aos esportes, por influência de um governo tosco, repleto de pessoas chulas, incompetentes e malucas.

Onde estão agora os jornalistas que dizem que não se pode falar de política e esporte? E onde estão os pilotos – e foram muitos, inúmeros – que apoiaram e apoiam o presidente, agora? Será que estão felizes com o que acontece?

Teve um em especial – que todo mundo conhece – que ficou incrivelmente incomodado com o patrocínio da Petrobras à McLaren. Juro que ainda vou tentar entender o que passa na cabeça desse cara. Mas, por enquanto, aguardo ansiosamente o “posicionamento” do dito cujo, metendo o sarrafo num governo que ele já mostrou apoiar repetidas vezes nas redes sociais. Se é que terá coragem para tanto.

Pra quem se julga tão fodão, tão entendido, acho que o referido boquirroto não entende nada de marketing, de retorno financeiro a patrocinadores, de visibilidade.

Em tempo: parabéns ao Binho Carcasci por ter acreditado durante tanto tempo no esporte brasileiro. Fez muito mais do que muita gente com grife, ao longo desses 20 anos. Torço, de coração, para que a iniciativa da Seletiva de Kart não tenha sido em vão e que ele consiga trazer de volta o evento no ano que vem.

Comentários

  • Pior que, do jeito que tá, a dita cuja pode acabar virando ministro dos esportes.
    E não tenta entender não. Vai bater pino e não vai valer a pena. A pessoa em questão só pensa no próprio umbigo.

  • Bom, caros leitores,,,,
    Saudações a esse blogueiro…..muitos tentam ser blogueiro mas o Sr é acima da media……e sem partidos viu,,,
    Aqui,..tem que entender que o conjunto da estatal, vem se Refinando tem anos……….
    Um quisoki de verba para uma seletiva que não tem nada a ver com os pretendentes….Acabou..pronto… só isso…. Agora, se tem dedo de alguém ou cabelo de vadia na mesa de reunião ai, é outra coisa……
    Mas, pra que tanta lamentação…pra onde vai isso…
    Acabou… arrumar outro latifundiário financeiro ..pq Retorno….nunca teve…zero nada…fin…
    E a vida continua………..

    • Pois é, AGS. Concordo contigo.
      A qualidade desse blogueiro é indiscutível. Aliás, muito melhor – e mais centrado – que alguns falastrões contadores de “estórias” por aqui.

      Quanto à nossa “gasolinera” (como a chama o mestre Edgard) minha singela opinião é a seguinte: gostemos ou não, a obrigação da Petrobras, enquanto ainda é estatal, é com o povo. Se cortar todos os patrocínios, seja de esportes, seja de artes, vai reduzir custos e o preço final na bomba, pra beneficiar o seu cliente (nós), então está correto.
      Retorno, visibilidade, OK, existem. Mas, isso só beneficia o investidor da empresa. E muitos destes investidores não tem nada a ver com esportes ou artes; inclusive, vários são estrangeiros, que investem na empresa através de fundos, privados ou soberanos.

      Alguns fatos, que os blogueiros em geral omitem:
      – Seletiva de pilotos (ou artistas, no caso das artes), é um evento que deve ser explorado pelo investidor privado; vide exemplos atuais de Red Bull, Nissan, Mercedes que, ao patrocinarem pilotos, esperam obter retorno de marketing no futuro. E exemplos antigos, como Arisco, Banco Nacional, Bardahl e outros, que até hoje obtém retorno de patrocínios de décadas atrás. Imagine o quanto o Banco Nacional se beneficiaria (se ainda existisse) do patrocínio que dava ao Senna, durante anos. Tá na mídia até hoje, 30 anos depois.
      – Dos campeões das seletivas anteriores, quantos permaneceram com patrocínio da Petrobras? Nenhum, que eu lembre. Ou seja, abre portas iniciais, mas depois o piloto tem que batalhar outro patrocinador. Não há continuidade. E isso, não é bom negócio nem pro piloto, nem pra empresa.
      – Piloto de kart, hoje, é garoto endinheirado. Por favor, sem preconceitos aqui. Mas esta é a realidade. Essa garotada não precisa da grana do estado pra bancar a brincadeira.
      – A Petrobras foi saqueada durante décadas, e usada como loteamento político, desde a sua criação. Chegou ao ponto de, 3 anos atrás, ter uma dívida perto de 500 bilhões de dólares.
      – Países desenvolvidos raramente possuem uma petrolífera estatal,
      (ver em https://pt.wikipedia.org/wiki/Empresa_petrol%C3%ADfera_nacional ) entre outras razões, porque é impossível manter o volume de investimento necessário pra tocar a operação sem ter que recorrer a investidores privados. Daí, fica complicado: o investidor privado não vai colocar grana ali por caridade; ele quer retorno.

      Por estas e outras que, raramente, o patrocínio de uma petrolífera estatal vai gerar resultados financeiramente viáveis ao estado (ou seja, a nós, o povo) e aos investidodes. Digo “raramente”, porque as exceções seriam, por exemplo: patrocínio tecnológio, como o desenvolvimento de um novo produto (lubrificante ou combustível) através de uma parceria com uma equipe, como já houve com Williams e McLarem. Ou, patrocínios a eventos realmente “de base”, como ações para fomentar esportes em escolas e entidades comunitárias, onde se descobrem novos talentos e, principalmente, afasta-se a criança e o jovem das más influências.

      Fora isso, lamentemos: o mundo não é mais o mesmo de 20, 30 ou 40 anos atrás. O automobilismo, que nós amamos, é um negócio caro. Cada um vai ter que financiar sua própria brincadeira, dentro das suas possibilidades. Quem sabe com isso podemos voltar ao automibilismo “de raiz”.

      Abraços e parabéns ao Rodrigo Mattar, por sempre levantar os assuntos, ainda que polêmicos.