Direto do túnel do tempo (449)

 

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RIO DE JANEIRO – A bordo deste Osella no GP da Holanda de 1981, em Zandvoort, está o aniversariante do dia.

É Jean-Pierre Jarier, piloto francês que completa hoje 73 anos. Autêntico cigano da categoria máxima do automobilismo mundial, ele disputou 134 GPs entre 1971 e 1983.

Nascido em Charenton-le-Point, na região do Val-de-Marne (Île de France), Jarier ganhou o apelido de “Jumper” ao longo da carreira. Sempre foi meio gordinho e, apesar disso, era muito veloz.

Estreou no GP da Itália com um March 701 da equipe de Hubert Hahne (Shell Arnold Team), mas só disputaria sua primeira temporada completa em 1974, após o título da Fórmula 2 europeia, quando guiava para a equipe oficial de Max Mosley e Robin Herd. Viveu bons momentos com os UOP-Shadow: foi pole position dos GPs da Argentina e do Brasil de 1975, sendo que na corrida de Interlagos ganharia fácil, até a quebra de seu motor.

No ano seguinte, Jarier deu show de novo no circuito paulistano e novamente tinha chances de vencer. Quando se aproximava da Ferrari de Niki Lauda, que liderava, bateu a seis voltas do final, ao pegar o óleo que vazou do carro de James Hunt, que se acidentara na curva do Sargento.

A partir daí, pulou de equipe em equipe. Guiou para a ATS, onde teve sérios problemas de relacionamento com o patrão Günther Schmidt. Parecia queimado para a categoria mas, aos 32 anos, Jean-Pierre recebeu uma oferta de Colin Chapman para substituir o falecido Ronnie Peterson na Lotus e não decepcionou, em que pese o proverbial azar que o fez ficar sem combustível em Watkins Glen e abandonar com vazamento de óleo no Canadá, quando foi o primeiro pole position do então novo circuito de Montreal.

Serviu à Ken Tyrrell e subiu ao pódio pela última vez em 1979, com o 3º lugar no GP da Inglaterra, em Silverstone. Depois disto, foi regra três de Jean-Pierre Jabouille na Talbot Ligier em 1981, mas ficou de saco cheio da situação e foi ocupar uma vaga em aberto na minúscula Osella. Mesmo com um equipamento frágil, Jarier fez boas corridas e os primeiros pontos do time italiano no GP de San Marino de 1982 – os últimos dele na categoria.

Ainda teve uma última chance na Ligier em 1983. Mas, com 37 anos, o francês não conseguiu um único ponto na sua despedida da Fórmula 1.

Tido como difícil e de temperamento até infantil – James Hunt, comentarista para a BBC a partir de 1980, simplesmente o detestava – Jarier tem uma estatística incômoda. Desistiu em mais da metade das corridas que disputou – 51,49% de percentual de abandonos. O piloto marcou apenas 31,5 pontos na carreira e teve três pódios. Liderou 79 voltas, num total de 453 km na dianteira.

Após sua saída da Fórmula 1, venceu inclusive as 24h de Spa-Francorchamps em 1993 com um Porsche, dividindo a pilotagem com Christian Fittipaldi e Üwe Alzen. Naquela oportunidade, a morte do Rei Balduíno encerrou a corrida de Endurance mais cedo que o previsto.

Nas 24h de Le Mans, o “Jumper” esteve presente em 15 oportunidades, entre 1972 e 1999. Seu melhor resultado foi o 2º lugar em 1977, dividindo um protótipo Mirage com Vern Schuppan. Fez parte do time oficial Matra-Simca em 1974, guiando o modelo MS680 do construtor francês e depois, a partir dos anos 1980, esteve a bordo de diversos modelos Porsche, inclusive Grupo C. Na sua despedida, teve como companheiro de equipe ninguém menos que Sébastien Bourdais, então um garoto de 20 anos.

Jarier não terminou a corrida em que foi clicado no GP da Holanda. Largou em 18º e a caixa de câmbio de seu Osella FA1B se entregou.

Há 38 anos, direto do túnel do tempo.

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