Lágrimas e emoção na despedida do WTCR na Europa

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Volta por cima: Tiago Monteiro emocionou a todos com sua vitória em Vila Real, após um periodo de provações depois de um acidente em testes quando o WTCC ainda existia

RIO DE JANEIRO – No último fim de semana, o WTCR cumpriu no circuito urbano de Vila Real, em Portugal, a última etapa da fase europeia da competição. A Copa do Mundo de Carros de Turismo agora vai se organizar para as rodadas finais, que serão no continente asiático – além, claro, das merecidas férias de verão para técnicos e mecânicos. Depois disto, tudo será empacotado e enviado para China, Japão, Macau e Malásia. A partir de setembro, os rumos do campeonato serão definidos.

Por enquanto, o argentino Estebán Guerrieri segue como o piloto a ser batido. O líder do campeonato teve um fim de semana de altos e baixos. Uma péssima prova no sábado o deixou em 24º e penúltimo, porque seu Honda Civic perdeu muito rendimento. Para complicar, o húngaro Norbert Michelisz, o vice-líder da classificação, foi o vencedor e reduziu a distância para o rival.

O brasileiro Augusto Farfus largou pela primeira vez no ano na primeira fila e decidiu ser prudente na disputa com o colega de Hyundai, que partira da pole. No uso da Joker Lap, a volta coringa em que os pilotos tinham que trocar de caminho pelo menos uma vez a cada corrida, Farfus perdeu tempo e o 2º lugar para o francês Yann Ehrlacher, da Lynk & Co. No fim das contas, veio o segundo pódio do ano com o 3º lugar, repetindo o resultado obtido na prova #1 de Nürburgring.

Mas o domingo seria de provações para o curitibano. Um acidente no treino classificatório e uma troca de motor o impediram de largar mais à frente. Na corrida #2, partiu de último e decidiu sacrificar o resultado para tentar uma improvável recuperação na corrida #3, mais longa, com 13 voltas. Não deu: Augusto largou dos boxes e acabaria abandonando a disputa.

O espanhol Mikel Azcona, da PWR Racing, fez um corridão na prova #2 e se beneficiou de um erro do chinês Ma Qing Hua, o pole position com a inversão do top 10 do Q2, para conquistar sua primeira vitória na temporada. Guerrieri salvou um pódio importante enquanto Michelisz, repetindo o que acontecera ao argentino na véspera, não pontuou.

Mas a corrida principal do fim de semana ainda reservaria muitas emoções. A KCMG, que até este fim de semana era disparada a pior equipe da temporada, conquistou o 1-2 no grid com Attila Tassi na pole position e Tiago Monteiro em segundo. O português perseguia um bom resultado após o grave acidente sofrido em Barcelona, nos testes particulares da Honda, quando existia ainda o WTCC. Na época, o português podia ter sido campeão e, por conta da batida, não pôde disputar o campeonato com o sueco Thed Björk.

Assim, Monteiro tinha contas a acertar. E logo mostrou armas para cima do companheiro Tassi, assumindo a dianteira e dominando a disputa – inclusive com Joker Lap e tudo. Tiago venceu com pouco mais de dois segundos de vantagem para Yvan Muller, levando o público que torcia por ele em toda a extensão dos 4,8 km do circuito à loucura. A festa foi emocionante, tanto dos gajos como do piloto, que chorava copiosamente no cockpit.

No parque fechado, além do carinho dos filhos, o piloto recebeu um emocionado abraço do pai e de todos os mecânicos da KCMG, além do companheiro de equipe Tassi e de diversos adversários, entre eles Muller. Com dois pódios, Yann Ehrlacher foi quem teve os melhores resultados do fim de semana.

Após as provas, foram anunciadas algumas punições por irregularidades técnicas. A desclassificação do Cupra de Tom Coronel, por apresentar 0.47 bar de pressão no turbo na prova #2 não alterou a cotação do dólar. Porém, a penalização a Jean-Karl Vernay, quinto colocado com o Audi da equipe Leopard WRT – aliás, a segunda do fim de semana – mexeu com o resultado final.

O piloto foi novamente excluído por irregularidades na pressão do turbo, a exemplo da corrida #1, onde ele e o belga Fred Vervisch foram desclassificados. A WRT e a Comtoyou Racing vão recorrer da decisão.

Outra punição foi anunciada para o argentino Estebán Guerrieri: ele perderá três posições no grid da prova #1 em Ningbo, na China, por ter provocado uma colisão com o holandês Nicky Catsburg, da Hyundai, na primeira volta da prova #3.

Classificação do campeonato após seis rodadas e 18 corridas:

1. Estebán Guerrieri (Honda) – 231 pontos
2. Norbert Michelisz (Hyundai) – 207
3. Thed Björk (Lynk & Co) – 181
4. Néstor Girolami (Honda) – 177
5. Mikel Azcona (Cupra) – 169
6. Yvan Muller (Lynk & Co) – 155
7. Yann Ehrlacher (Lynk & Co) – 148
8. Fréderic Vervisch (Audi) – 136
9. Jean-Karl Vernay (Audi) – 123
10. Gabriele Tarquini (Hyundai) – 120
11. Augusto Farfus (Hyundai) – 119
12. Nicky Catsburg (Hyundai) – 117
13. Robert Huff (Volkswagen) – 108
14. Ma Qing Hua (Alfa Romeo) – 104
15. Johan Kristoffersson (Volkswagen) – 95
16. Benjamin Leuchter (Volkswagen) – 87
17. Aurélien Panis (Cupra) – 70
18. Tiago Monteiro (Honda) – 58
19. Kevin Ceccon (Alfa Romeo) – 48
20. Andy Priaulx (Lynk & Co) e Tom Coronel (Cupra) – 43
22. Attila Tassi (Honda) – 39
23. Daniel Haglöf (Cupra) – 35
24. Niels Langeveld (Audi) – 32
25. Gordon Shedden (Audi) – 29
26. Mehdi Bennani (Volkswagen) – 26

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