Doppietta!

RIO DE JANEIRO – Sem computador portátil (meu notebook resolveu pifar quando menos deveria…) e também sem possibilidade de escrever um texto falando do GP da Itália por conta de ter que arrumar as tralhas para voltar ao Rio de Janeiro após um ótimo fim de semana em São Paulo, só agora vou abordar a Fórmula 1 aqui no blog.

E que corrida marcante para os tifosi, hein?

Monza é o santuário dos torcedores italianos e da Ferrari. Não importa o piloto ou a nacionalidade de quem está ao volante: se o carro vermelho ganhar, ótimo. E nove temporadas após a última conquista (registre-se, com Fernando Alonso, em 2010), Charles Leclerc conquistou sua ‘doppietta’ na temporada e vive um momento iluminado em sua curta trajetória na categoria máxima.

Registre-se que a quarta pole da carreira do monegasco já fora conquistada na véspera com alguma dose de polêmica. E na corrida, ele foi praticamente impecável – à exceção de um pequeno erro cometido quando suportava (e muito bem, diga-se) a imensa pressão da dupla da Mercedes-Benz.

E por falar em erro, Lewis Hamilton cometeu um – até perdoável para quem, como ele, não conseguia alcançar Leclerc com o que tinha em mãos. Na freada da primeira variante, saiu reto e teve que ir à escapatória, perdendo imenso tempo – antes, na Della Roggia, após a parada do rival da Ferrari, acabou também sendo obrigado a pegar outro caminho para não bater.

Depois de perder o carro na abertura da 42ª volta, Lewis regressou à pista atrás de Valtteri Bottas e contentou-se com o pódio. Era o melhor que tinha em mãos a fazer.

Erros também foram a tônica da corrida de Max Verstappen e Sebastian Vettel. O holandês tentou vir pra cima após a largada e, como efeito, saiu fora do traçado, danificando o bico de sua Red Bull. Vir de último e terminar em oitavo foi até de bom tamanho. Mas é bom Max se cuidar, porque com os 50 pontos nas duas provas, Leclerc encostou de vez no piloto rubrotaurino na classificação.

Mas Vettel… ah, Vettel… Irreconhecível.

Justamente no circuito de sua primeira vitória – de Toro Rosso! – alcançada no campeonato de 2008.

Rodar sozinho na Variante Ascari até poderia ser perdoável. Se o alemão não estivesse a bordo de uma Ferrari e não cometesse um erro bisonho ao voltar à pista, com Lance Stroll o chamando de “idiota” pela manobra que acabou resultando em contato imediato entre os dois carros e a rodada do #18 cor de rosa.

Só que o canadense não é Lance Stroll tão impunemente: pagou caro pela língua solta e fez uma cagada nível Vettel com Pierre Gasly metros depois, quando tentava a manobra de retorno à pista.

E sobre o incidente, parabéns aos comissários por não usar de dois pesos e duas medidas, punindo com justiça a ambos os pilotos – Vettel levou um stop & go de 10 segundos. Stroll, um drive through.

Com tantos percalços de alguns dos protagonistas deste campeonato, foi até surpresa o resultado da Renault, o melhor da equipe até aqui em 2019, com o 4º lugar de Daniel Ricciardo e a quinta posição do demitido Nico Hülkenberg – à frente de um Alex Albon que, olha… teve colhões para dividir curva na altura de Lesmo com um osso duro de roer feito Carlos Sainz Jr. e não tirar o pé. O tailandês, a propósito, fez 2 x 0 contra Verstappen em corridas desde que subiu para a equipe principal dos energéticos do touro vermelho.

Aliás, o espanhol tinha tudo para marcar bons pontos, mas acabou prejudicado por um erro da McLaren, que o devolveu à pista com uma roda dianteira solta. Lando Norris salvou um décimo lugar – muito pouco.

Com Kimi Räikkönen apagado, a Alfa teve sua honra defendida pelo piloto local Antonio Giovinazzi, que somou pontos pela segunda vez na temporada. Sergio Pérez, que sempre anda bem em Monza, também pontuou com a Racing Point.

A Haas, após mais uma corrida sem o menor destaque – Grosjean foi penúltimo e Magnussen abandonou – perdeu o patrocínio da Rich Energy, agora pra valer. Pior equipe da categoria, a Williams conseguiu não dar muito vexame: George Russell ainda chegou em 14º, três posições à frente de Kubica.

Para a sorte de Hamilton, o campeonato pode retornar à normalidade já na próxima etapa: dia 22 tem o GP de Singapura, na pista urbana de Marina Bay. Com 63 pontos de diferença para Bottas, o pentacampeão pode administrar a diferença a seu favor, enquanto Leclerc, com suas ótimas performances em Spa e Monza, fez o que a Ferrari necessitava para se distanciar da Red Bull nos construtores.

Pena que Maranello tenha deixado Charles a ver navios em algumas ocasiões. Se não houvesse o favorecimento declarado a Vettel, que vimos em várias etapas, talvez o campeonato tivesse uma outra cara.

Vai saber, né? O jeito é torcer por uma corrida diferente, animada, divertida e sobretudo boa para os rumos do campeonato.

Comentários

  • Foi um grande fim de semana para Leclerc, que fincou sua bandeira na Ferrari. Não sei se Vettel terá tesão para recuperar a liderança dentro da equipe depois das duas etapas, o que é muito triste. A Mercedes simplesmente não soube lidar com o forte Ferrari em Monza, tendo se contentar com 2°-3° lugar.

  • Vettel na Ferrari ta indo para o mesmo caminho do Will Power na Penske. O negócio é os dois saírem juntos para entregar currículo por aí…

  • Mattar,

    Já viu “inferno astral” igual a esse que Vettel passa hoje na “Ferrada”!?

    Sem ser um divórcio, com o piloto querendo ferrar com a equipe ou a equipe prejudicando um piloto de maneira proposital, já teve alguma fase ruim como essa do Vettel outras vezes?

    A equipe italiana e o piloto alemão “ainda se quererm”, mas quando não é um lascando a corrida, é o outro…

  • Rodrigo, o assunto foge da matéria em questão mas achei interessante você saber. Olha o que diz o presidente da TERRACAP-GDF, Gilberto Occhi no Correio Braziliense edição desta quarta-feira(11) sobre o Autódromo de Brasilia.
    “Estamos muito próximos de finalizar o processo da PPP do Autódromo. Está dependendo de um último questionamento do Tribunal de Contas do Distrito Federal. Nós acreditamos que todas as questões apresentadas pelo TCDF foram esclarecidas. O tribunal suspendeu apenas a homologação por questionar aspectos técnicos da obra a ser executada, mas o processo continua, está em fase final e está ocorrendo. Caso o TCDF decida pela viabilidade, acredito que, no máximo, em 30 dias, nós concluímos a licitação, já com o anúncio do vencedor.”
    Será que agora vai???