O perigo vermelho?

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A Ferrari reage: Sebastian Vettel vence após um jejum de 23 corridas e mostra que não está morto; a equipe italiana voltou muito forte após as férias de verão – o que dá o que pensar se a situação do campeonato não tivesse tido o domínio inicial da Mercedes-Benz

RIO DE JANEIRO – Fosse em outro momento do campeonato da Fórmula 1 e uma luz de alerta estaria acesa em Brackley: pós-férias, a Ferrari é a melhor equipe da temporada e conquistou, de forma até certo ponto inesperada, sua terceira vitória seguida desde que o campeonato voltou das férias de verão.

E logo com Sebastian Vettel, que fez as pazes com o topo do pódio – agora pra valer – depois de 23 corridas. Se vocês se lembram bem, ele cruzou a linha de chegada em primeiro no GP do Canadá e foi punido. Perdeu a vitória na ocasião para Lewis Hamilton, foi dado como aposentado, morto e enterrado por muita gente. Mas é um piloto com quatro títulos no currículo, 53 vitórias (com a de ontem) na carreira. Um cartel que não pode ser desprezado.

Chamou sim a atenção o fato da Ferrari abrir mão de vencer com Leclerc, já que o ‘undercut’ da equipe com o alemão deu certo e com o piloto de Mônaco não. Charles bateu pezinho, fez beicinho, mas não adianta. Vence quem chega primeiro. Legal mostrar espírito competitivo? Sem dúvida. Mas não adianta ir ao pódio com a maior tromba das galáxias. A equipe venceu em dobradinha – algo que não ocorria desde o GP da Hungria de 2017. O monegasco deveria mostrar satisfação com isso. Não conseguiu. Mas depois, de cabeça fria, pediu desculpas.

Eu achei o GP de Singapura bem nota sete. As três forças da categoria se sobressaíram e não houve zebras. A não ser que eu esperava bem mais da Red Bull e da Mercedes-Benz. Os rubrotaurinos salvaram pontos importantes, mas acreditei que eles viriam mais fortes na pista urbana de Marina Bay. A Mercedes, que não atualiza mais seu carro, sentou na vantagem do início do campeonato e parece não estar muito preocupada em derrotar novamente as rivais. Acha que é consequência do seu latente predomínio. E cabe lembrar: em 15 corridas disputadas, foi a segunda vez apenas em que Hamilton ou Bottas não foram ao pódio.

Vamos aos demais destaques.

Também para nenhuma surpresa, Alex Albon marcou pontos pela terceira vez seguida desde que subiu à Red Bull. Encaixou com o carro. Assim como Pierre Gasly tem feito pontuação bastante razoável com a Toro Rosso. Talvez o francês seja piloto para a filial e o tailandês para a matriz.

Lando Norris fez um bom 7º posto – foi o melhor do resto e conquistou pontos importantes para a McLaren continuar como a quarta força do Mundial de Construtores. Poderia ter sido diferente se a FIA não desclassificasse Ricciardo após um problema com o MGU-K de sua Renault.

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Antonio Giovinazzi marcou sua participação no GP de Singapura com estatísticas interessantes para a Fórmula 1: o piloto tornou-se o primeiro italiano a liderar em uma década e a Alfa Romeo, o primeiro construtor a comandar uma corrida a não ser Red Bull, Ferrari e Mercedes-Benz em mais de quatro temporadas

Antonio Giovinazzi, ainda que por circunstâncias, fez sua melhor corrida na Fórmula 1. Liderou por quatro voltas – foi o primeiro de seu país desde Giancarlo Fisichella a comandar uma prova, no caso o GP da Bélgica de 2009, com a Force India. Fez pontos pela terceira vez no ano. E ainda colocou a Alfa Romeo à frente num Grande Prêmio desde 36 anos atrás: a última vez fora com Andrea de Cesaris em 1983, no GP da Bélgica, em que o saudoso e tresloucado italiano liderou por 18 voltas. Pena que a estratégia o atrapalhou – ainda assim foi o 10º colocado.

Outra estatística interessante é que a Alfa Romeo quebrou uma sequência de mais de quatro anos com voltas lideradas por pilotos do trio Ferrari-Mercedes-Red Bull: o último carro exceto essas três que ponteou num GP foi a Williams com Valtteri Bottas no GP da Inglaterra de 2015.

No próximo domingo teremos o GP da Rússia: será a última corrida europeia da temporada 2019 numa pista – Sóchi – que até hoje só viu vitórias dos carros da estrela de três pontas. Foram três com Lewis Hamilton (a última no ano passado) e uma cada de Nico Rosberg e Valtteri Bottas.

Será que, desta vez, veremos outra história na terra da Perestroika?

Comentários

  • Será muito legal caso a Mercedes não vença mais em 2019. Nada contra a equipe, lógico, e acredito que mesmo sem vencer não perde nenhum dos títulos. Só que esse domínio já cansou. Tomara que Ferrari e Red Bull dividam as vitórias.