Cala a boca, Zebedeu

RIO DE JANEIRO – São raros os registros em vídeo de apresentações de Sérgio Sampaio (1947-1994) na televisão brasileira que, quando se encontra um é um acontecimento.

Nos anos 1970, o cantor e compositor nascido em Cachoeiro de Itapemirim (ES) ganhou notoriedade súbita por sua participação no VII FIC em 1972, quando defendeu “Eu quero é botar meu bloco na rua”.

A música foi um sucesso estrondoso (foi a mais executada do Carnaval seguinte), vendeu 500 mil cópias em compacto e Sérgio foi eleito artista revelação junto a Flavio Migliaccio, o Shazam de “Shazam, Xerife e Cia.”, seriado de muito sucesso que dividia com Paulo José.

Vencedor do Troféu Imprensa apresentado na Globo ao vivo por Silvio Santos, Sérgio fez pouco caso do prêmio. Foi de roupa casual ao invés do indefectível traje de gala e, entrevistado por SS, disse que levaria o troféu para a casa de sua mãe, que ‘guardava as suas bobaginhas’.

Ele nunca mais participou de qualquer programa de Silvio Santos. Tampouco pisou de novo na Globo – e não no SBT, como descreveu Jotabê Medeiros, autor da biografia polêmica de Raul Seixas, Não diga que a canção está perdida.

Sérgio, aliás, foi uma descoberta de Raulzito, tendo músicas gravadas primeiro pelo Trio Ternura e depois por Dóris Monteiro, até participar da Sociedade da Grã-Ordem Kavernista, que lançou um disco anárquico – e hoje raro, valendo fortunas – no ano de 1971.

Mesmo avesso ao mainstream, Sampaio não desperdiçava certas chances onde se sentia mais à vontade. Como no programa de Elizeth Cardoso, a “Divina”, na TV Record.

No “Sambão com Elizeth Cardoso”, Sérgio dividiu o palco com o Regional do Caçulinha, tocando e cantando “Cala a boca, Zebedeu”, uma das outras músicas de seu primeiro disco que teve relativo sucesso em 1973.

A música era de autoria de seu pai, que era maestro. Com vocês, Sérgio Sampaio no clip da semana.

Comentários

  • Cara, que achado! Sérgio Sampaio é um daqueles génios esquecidos (nem tão esquecido assim, já que eu e muitos dos os meus amigos somos fãs dele) da música brasileira. Sempre tem coisa boa quando entro pra ler esse fantástico blog.
    Incrível!