Frikadelli vence 9h de Kyalami: título é da Porsche e de Dennis Olsen
RIO DE JANEIRO – Uma decisão à altura do que foi a temporada 2019 do Intercontinental GT Challenge. Teve sol, chuva, muita disputa e um título mudando de mãos diversas vezes – até perdi a conta de quantas foram – quer fosse de pilotos e de equipes.
No fim, a Porsche levou a melhor. Com carros superiores em ritmo de prova em relação às rivais, a marca de Stuttgart faturou o título entre os Construtores e também fez um de seus pilotos o campeão.
O norueguês Dennis Olsen, de apenas 23 anos, saiu das fileiras do time júnior da montadora germânica – sem deixar de fazer parte do programa da Red Bull em simuladores – para comemorar de forma emocionada o título que, em grande parte, ele precisa agradecer também a Nick Tandy e Mathieu Jaminet, com quem dividiu o carro #31 da Frikadelli Racing.
E também à própria Porsche, que decidiu desmembrar a trinca formada por ele, Matt Campbell e Dirk Werner, dando uma certa chance aos três de levar o título em caráter individual. Com Tandy encapetado e Jaminet fazendo também o seu trabalho, Olsen não tinha palavras nos boxes da equipe alemã para descrever o momento do título.
A corrida começou às 13h locais (oito da manhã de Brasília) com sol, céu azul e um desastre prematuro para o líder da pontuação do campeonato ainda na primeira volta: o Mercedes-AMG #999 da trinca Maxi Bühk/Raffaele Marciello/Maro Engel foi perdendo velocidade após três curvas e parou completamente, com poucos metros percorridos. Uma falha terminal de ignição matou as chances do piloto alemão.
Em tese: o resultado poderia eventualmente mudar e Bühk, em vários minutos da corrida, ainda conseguiu saborear o título. E não só ele: Olsen foi o piloto que mais esteve próximo da conquista no início, como também o troféu poderia ter sido de Fréderic Vervisch (Audi) e até de Maxi Götz, que com outra Mercedes-AMG ainda reunia chances.
Quando numa disputa por posição o Porsche #31 tocou no #20 da GP Extreme, vencedora das 24h de Spa-Francorchamps com Richard Lietz/Michael Christensen/Kévin Estre (que estavam novamente reunidos em Kyalami), parecia que tudo tinha ido para o vinagre.
Mas Dennis Olsen não baixou os braços. Empreendeu sensacional recuperação em seu turno de pilotagem e já próximo do stint noturno, deixou o carro a Jaminet. Tandy se encarregaria do resto.
Até que, faltando pouco menos de 2h para o final, já com o breu tomando conta do circuito sul-africano, chegou a convidada já aguardada. A chuva.
E que chuva! Um toró de proporções bíblicas caiu sobre Kyalami, riachos eram vistos no meio das curvas e nem os pneus biscoito dariam conta de tamanha possibilidade de aquaplanagem.
Não obstante, houve pelo menos três pancadas violentas de chuva, fazendo a direção de prova manter o Safety Car por mais tempo – quem acompanhava a transmissão certamente maldizia a permanência do veículo à frente do pelotão – o total chegou a mais de uma hora em velocidade de passeio.
Quando o mau tempo amainou um pouco e as condições do circuito melhoraram, a direção de prova liberou as disputas para os 25 minutos finais.
Naquela altura, Maxi Götz era o campeão porque o carro #10 que dividia com Luca Stolz e Yelmer Buurman liderava. Mas foi por muito pouco tempo. A pressão era enorme e o holandês não resistiu. Primeiro, Richard Lietz ultrapassou o ponteiro e Nick Tandy, sem transição, fez o mesmo.
O britânico se lembrou da histórica Petit Le Mans em que conduziou com maestria seu Porsche 911 RSR e venceu NA GERAL todos os protótipos da IMSA que corriam com pneus Continental, péssimos no molhado em relação aos Michelin de seu carro – que era um patinho na Lagoa.
E deu seu show pessoal: acelerou, foi embora, abriu quase sete segundos e venceu. Lietz ainda foi ultrapassado por Nicky Catsburg na BMW da Walkenhorst, mas – que importa? – a Porsche era campeã derrotando a Mercedes de qualquer jeito.
As 9h de Kyalami foram de sentimentos distintos para os pilotos brasileiros. Augusto Farfus chegou a liderar no longuíssimo período de Safety Car – mas era uma dianteira ilusória. Numa prova que foi uma verdadeira gangorra para ele, Sheldon Van der Linde e Martin Tomczyk, o sétimo lugar não foi de todo mau. No fim do campeonato, fechou com 38 pontos e o 12º lugar na classificação por conta dos desmembramentos das duplas de pilotos Porsche e Mercedes-AMG.
Em sua estreia no IGTC, João Paulo de Oliveira andou muito bem e teve excelentes momentos em algumas disputas de tirar o fôlego. Mas em seu segundo stint, o ar condicionado de seu Nissan, de uso obrigatório quando a temperatura externa ultrapassa os 32ºC, quebrou.
Sem o refresco necessário para se manter no carro vedado, o “Oribeira” teve que suar litros no macacão. Perdeu a refrigeração do cool suit embaixo do macacão e também a reposição de líquidos. Com isso, ele e os parceiros Josh Burdon e Katsumasa Chiyo perderam uma volta.
Perto do final, à noite, tiveram uma saída de pista. Acabaram em 19º lugar, a oito voltas.
E o Bentley da M-Sport do trio Steven Kane/Rodrigo Baptista/Andy Soucek também não teve o fim esperado na última etapa. Além de um pneu traseiro direito estourado, viram o carro #108 abandonar a corrida com 206 voltas percorridas, pouco antes do temporal que caiu em Kyalami.
A temporada 2020 do IGTC começa em fevereiro, no dia 1º, com a disputa das 12h de Bathurst em Mount Panorama, na Austrália – mesmo fim de semana da corrida do FIA WEC em Interlagos.
Corridaço !!! Pena que nao vi tudo, porque quando a chuva começou eu tive de sair pra ir a um casamento….
Me impressionaram nessa prova (até onde vi): C Krognes (andou muito), M. Christiansen, Nick Tandy, JP Oliveira.
IMSA….WEC….IGTC…em 2019 só faltou a Libertadores da América. SHOW da PORSCHE!