Rebellion vence 4h de Xangai e Bruno Senna entra para a história do Mundial de Endurance

Deu tudo certo para a Rebellion Racing, mesmo com o susto inicial: o carro #1 teve ótimo ritmo, os pilotos cuidaram dos pneus e o time anglo-suíço chegou a uma vitória merecida na pista, sem depender de tapetão

RIO DE JANEIRO (atualizado às 12h40) – O domingo começa bem para quem é fã de velocidade no Brasil: a trinca formada por Bruno Senna/Gustavo Menezes/Norman Nato conquistou um triunfo histórico em todos os sentidos nas 4h de Xangai, 3ª etapa da Super Season 2019/20 do Mundial de Endurance (FIA WEC).

Histórico porque pela primeira vez o time anglo-suíço chefiado por Alexandre Pesci e Bart Hayden triunfa sem depender de vistoria técnica – a equipe ganhou no último campeonato as 6h de Silverstone quando os dois Toyota – que cruzaram naquela oportunidade em dobradinha – foram excluídos da contenda.

E também porque Bruno Senna, em 61 provas disputadas na competição desde 2012, torna-se o primeiro a ganhar pelo menos uma corrida nas quatro classes que compõem a disputa. Campeão mundial da LMP2 em 2017, ele já vencera com a Aston Martin Racing provas nas classes LMGTE-PRO e LMGTE-AM.

Faltava um triunfo na LMP1 e ele veio, numa corrida em que o EoT aplicado nos Toyota feriu mortalmente os protótipos japoneses, tão fundo que a Rebellion tinha mais ritmo de prova – mesmo com toda a atenção à degradação dos pneus no abrasivo asfalto de Xangai – e o carro #1 ainda fechou a prova com uma volta de vantagem sobre um dos TS050 Hybrid.

O começo para a Rebellion não foi dos mais fáceis: dona da pole position, a equipe viu Norman Nato ser superado por todos os adversários e ainda por um LMP2 que largou fulminante. Os dois Ginetta do Team LNT de repente se viram líderes e comandaram a corrida no primeiro stint.

Mas a alegria logo terminaria: a direção de prova puniu os dois protótipos do time britânico e o Toyota #7 com drive through por terem cruzado a linha branca de referência de largada à frente do pole position, o que não é permitido pelo regulamento desportivo do Mundial de Endurance.

Eventualmente, o #8 do trio formado por Kazuki Nakajima, Sébastien Buemi e pelo aniversariante Brendon Hartley chegou a liderar e a vantagem da Toyota estava no consumo de combustível – mesmo com a restrição de quilos por stint, os carros japoneses tinham boa autonomia. Mas faltava ritmo e o consumo de pneus também era uma preocupação.

A Rebellion foi esperta: Nato ficou na pista pouco tempo e na primeira parada, montou pneus novos no #1. Gustavo Menezes mandou o sapato e o piloto estadunidense filho de brasileiros chegou à ponta. Bruno Senna recebeu do companheiro de equipe o carro em muito boas condições e tocou sem qualquer problema até a bandeirada. Nas últimas paradas, a opção foi por montar pneus traseiros no penúltimo trabalho e um splash & go no final.

Nas garagens, Hughes de Chaunac, o talismã da Mazda, o homem que se emocionou com a cruel derrota da Toyota em 2016, cujo ateliê construiu o protótipo Rebellion R13 Gibson V8, se entregou ao pranto convulso, abraçado a Calim Bouhadra, patrocinador da equipe, que torcia ansioso pela vitória. Deu tudo certo, enfim.

Com a vitória, Senna/Nato/Menezes alcançam 43 pontos e a 3ª colocação no Mundial de Pilotos das classes de Esporte-Protótipo (LMP1 e LMP2). Hartley/Nakajima/Buemi comandam a tabela com 62 unidades, contra 59 de López/Kobayashi/Conway.

Outro momento histórico foi registrado na LMP2: a primeira vitória dos pneus Goodyear no Mundial de Endurance – e em dobradinha, graças ao ótimo trabalho das equipes de Sam Hignett, Jackie Chan e David Cheng.

A Goodyear não vencia qualquer corrida de um campeonato FIA desde o GP da Itália de 1998, na Fórmula 1, quando Michael Schumacher venceu em Monza, de Ferrari. Hoje, foi a vez do Team Jota triunfar em Xangai para o fabricante de Akron

Ganhou o #38 guiado por Anthony Davidson/Antonio Félix da Costa/Roberto González, que com ótimo ritmo de prova superou o #37 de Gabriel Aubry/Will Stevens/Ho-Pin Tung pela margem de pouco mais de 17 segundos.

Mas poderia ter sido diferente: a United Autosports conseguiu um impressionante pódio depois de um problema banal com um detrito que obstruiu a airbox do #22 do trio Filipe Albuquerque/Paul Di Resta/Phil Hanson. O trio da equipe de Zak Brown e Richard Dean teve que dar o máximo com paradas fora da janela dos concorrentes e ainda chegaram próximos do 2º lugar – menos de cinco segundos separavam-nos do trio da Jackie Chan na quadriculada.

Para André Negrão, as 4h de Xangai terminaram com a impressão de que o 4º lugar na categoria e nono na geral, considerando as circunstâncias, foi até positivo para a Signatech Alpine. Não obstante, o carro pole position da classe, o #42 da Cool Racing, teve uma pane geral de eletrônica e abandonou com pouco mais de 30 voltas completadas. E o Racing Team Nederland perdeu pontos importantes numa prova infeliz dos vencedores em Fuji – terminaram em quinto na categoria, décimo na geral.

Um domingo difícil no escritório para André Negrão e parceiros: a Signatech-Alpine suou pra chegar em 4º na LMP2, resultado que coloca a trinca do #36 em terceiro na tabela da categoria

Mas a situação da trinca do #36 ainda não é das melhores: Negrão, Thomas Laurent e Pierre Ragues chegaram a 38 pontos na tabela. Só que Van Eerd e Van der Garde ainda estão à frente com 51 e a trinca Tung/Aubry/Stevens alcançou 49 com o 2º posto na China.

A disputa na LMGTE-PRO marcou a quebra de um tabu de sete temporadas: a Ferrari finalmente venceu em Xangai na principal divisão de Grã-Turismo, num grande trabalho de Alessandro Pier Guidi/James Calado.

A Ferrari venceu na pista e teria quebrado um tabu no WEC, o de não vencer em Xangai. Mas o carro #51 de Calado/Pier Guidi acabou desclassificado na vistoria pós-prova

Os atuais campeões das 24h de Le Mans (junto ao brasileiro Daniel Serra) contaram também com o estouro do pneu do Aston Martin #95 de Nicki Thiim/Marco Sørensen, um bom ritmo de prova e um período de FCY para bater Aston Martin e Porsche na pista.

Só que, na vistoria técnica, a Ferrari vencedora perdeu o troféu conquistado no pódio. O carro de Calado e Pier Guidi acabou desclassificado por uma infração verificada na vistoria técnica: a altura mínima em relação ao solo não atendia às especificações técnicas.

Sendo assim, Kévin Estre/Michael Christensen, que travaram uma batalha campal em grande parte da prova com os Aston Martin, saem de Xangai mais líderes do que nunca na tabela e com a vitória na disputa.

Com a pontuação máxima alcançada nas 4h de Xangai, a dupla do Porsche #92 segue líder do campeonato após três provas, somando 62 pontos contra 52 de Bruni/Lietz e 47 de Thiim/Sørensen.

E na LMGTE-AM, a TF Sport triunfou para fazer do hino britânico o “hit” do fim de semana. Foram três vezes que o ‘God Save The Queen’ foi executado em Xangai, além das vitórias da Rebellion na LMP1 e da Jota na LMP2.

Mais uma vitória – a segunda seguida – e a liderança do campeonato da LMGTE-AM para a TF Sport

A opção por manter Salih Yoluç o máximo possível de tempo para o piloto turco cumprir o mínimo de guiada de um graduado bronze na categoria resultou e depois Jonathan Adam e Charlie Eastwood fizeram o resto. Nem um splash & go a menos de cinco minutos pro fim assustou.

A trinca do #90 da equipe de Tom Ferrier venceu com vantagem pouco superior a 16 segundos sobre o Porsche de Ben Keating/Jeroen Bleekemolen/Larry ten Voorde – este último já estreou no WEC com pódio, substituindo Felipe Fraga, que está com a Stock Car em Mogi-Guaçu.

Ross Gunn/Paul Dalla Lana/Darren Turner sobreviveram a um toque na primeira curva da primeira volta e, desta vez, recuperaram de último na classe para o pódio.

Com o 4º lugar do trio François Perrodo/Emmanuel Collard/Nicklas Nielsen, Eastwood/Adam/Yoluç se beneficiaram do segundo triunfo consecutivo para assumir a liderança do campeonato com 58 pontos contra 55 dos rivais da AF Corse.

A próxima etapa do FIA WEC, a última deste ano de 2019, será as 8h do Bahrein, na pista de Sakhir, no próximo dia 14 de dezembro.

Comentários

  • Parabéns para a Rebellion e principalmente ao Bruno Senna, que a muito tempo vem mostrando ser um piloto de ponta nós GTs e protótipos. Espero que o Bop não volte a facilitar para o lado da Toyota, uma igualdade de performance seria o ideal. E que para a temporada 2020/2021 o Bruno Senna seja contratado por alguma equipe com chances de ser campeão.

  • Que palhaçada… O que eles fizeram com os carros da Toyota, colocaram um hipopótamo em cima de cada um? Essa artificialidade no balanço de performance destrói o esporte, vence quem o comissário técnico decide.

  • eu nao gosto dessas artificialidades, como o sistema DRS da F1, grid invertido da f2 e Stock car, mas deixou a corrida de Xangai bem interessante e estou ansioso pela etapa do Barein e ainda acredito que as ginetas tem potencial. para ganhar.